Bandeiras de luta visam a melhora da qualidade de vida da atual e futura população idosa. Em 2060, o número de pessoas com 60 anos ou mais pode ultrapassar os 70 milhões
Celebrado há mais de uma década, ao longo dos anos, o Dia Nacional do Idoso se torna cada vez mais importante para os brasileiros. Com uma sociedade que pode chegar a ser composta por 73,5 milhões de idosos em 2060 (33% do total da população de 218,1 milhões de habitantes prevista para o período) segundo o IBGE, a necessidade de elaboração e implantação de políticas de proteção às pessoas de 60 anos ou mais não podem ser mais adiadas. Saúde e o combate à violência contra o idoso são algumas das reivindicações mais urgentes.
De acordo com um estudo publicado pela Lancet Global Health e apoiado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), um a cada seis idosos sofrem abusos no mundo, sendo 11,6% vítimas de abusos psicológicos, 6,8% financeiros, 4,2% negligência, 2,6% físicos e 0,9% sexuais – violência que atinge 141 milhões de pessoas. A pesquisa foi baseada em 52 estudos realizados em 28 países de diferentes regiões.
Para o presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados do Brasil (SINAB), Lúcio Bellentani, os dados mostram que os idosos e as estimativas sobre o futuro do País necessitam de atenção imediata. “É uma coisa absurda! Nossa saúde está precária e ainda convivemos com a violência diariamente. Precisamos de um trabalho de conscientização, educação, cidadania. Além disso, sofremos muito com a falta de acessibilidade no transporte até em prédios públicos, onde não há condição de receber o idoso. São esses os pontos mais críticos”, aponta Bellentani.
O sindicalista ainda destaca que a valorização e a recolocação dos idosos no mercado de trabalho também deveriam ser pautas dos debates sociais e econômicos. Atualmente, trabalhadores com 60 anos ou mais representam apenas 7,4% da população ocupada (90,2 milhões) e 315.000 estão desempregados conforme informações do 2º trimestre de 2017, divulgados pela pesquisa do IPEA-IBGE. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) também afirma que de 2014 a 2016 o número de idosos sem trabalho aumentou 132%.
“Falta política efetiva de valorização do idoso. Por exemplo, como aproveitar o conhecimento que os idosos têm acumulado? Não temos políticas com relação a isso. E é necessário que se elabore algo. No próprio Conselho do Idosos do estado de São Paulo, onde há verbas para projetos, não existe. É um descaso. A promotoria pública, inclusive, pediu para que o Conselho tomasse medidas para conhecer o atendimento das casas de repouso e o Conselho simplesmente disse que não tem o papel de fiscalizar. Isso é uma total inobservância a respeito do papel do próprio órgão”, denuncia o dirigente, que complementa:
“Se a realidade dos idosos continuar assim, acredito que vamos ter um problema muito sério no futuro porque a sociedade está envelhecendo, o País está envelhecendo.”
Estudos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e das Nações Unidas (Fundo de Populações) corroboram a análise. Além da população idosa aumentar 150% até 2060, de acordo com as Nações Unidas, em dados publicados pelo Ministério dos Direitos Humanos, em 2050, já haverá mais idosos do que crianças menores de 15 anos no mundo pela primeira vez na história. No Brasil, a virada no perfil da população está prevista para acontecer 20 anos antes, em 2030, quando os idosos serão 41,5 milhões e as crianças 39,2 milhões, como publicado pelo Correio Braziliense.
Compromissos do SINAB
Filiado à CSB, o Sindicato Nacional dos Aposentados do Brasil (SINAB) durante o próximo ano concentrará seus esforços na derrubada da reforma da Previdência e na aquisição de novas conquistas para a categoria. Segundo o presidente da entidade, o objetivo é conseguir convênios para a prestação de serviços aos associados, como: assistência funeral, assistência médica e dentária e seguro contra acidentes. A promoção de discussões sobre a violência doméstica contra o idoso também é uma bandeira do SINAB.
Origem da Data
O Dia Nacional do Idoso foi instituído no Brasil pela Lei 11.433/2006. A data foi inspirada no Dia Internacional do Idoso, criada pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 1982, na Assembleia Mundial sobre envelhecimento.