Categoria reflete sobre a unidade e a necessidade de formalização dos trabalhadores para combater os retrocessos
Os mais de 120 mil médicos veterinários existentes no Brasil comemoram, neste sábado (9), mais um ano de regulamentação da profissão, sancionada há 84 anos pelo Decreto 23.133/1933durante o governo do presidente Getúlio Vargas. Apesar do dia festivo, as reformas realizadas pelo governo, além da precariedade do ensino, trazem à tona a reflexão sobre a necessidade da unidade entre os profissionais da área.
Para o presidente do Sindicato dos Médicos Veterinários do Pará (SIMVEPA) e 2º secretário de Saúde da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), João Alberto Modesto Rodrigues, essa unidade precisa acontecer antes que a profissão perca mais atribuições.
“Hoje a categoria precisa de unidade, existem projetos de lei que buscam retirar atribuições dos médicos veterinários. Estamos perdendo estas atribuições, e cada vez vamos perder mais, como por exemplo, todo o processo de inspeção de produtos de origem animal, as partes zootécnicas, desde animais de fazenda até animal dentro do matadouro, querem atribuir ao zootecnista. Esse é o momento que precisamos nos unir para saber o que está acontecendo na esfera de Planalto”, falou Rodrigues.
Após as sanções da Lei da Terceirização e da reforma trabalhista, o presidente do Sindicato dos Médicos Veterinários do Paraná (SINDVET/PR) e secretário dos Profissionais Liberais da CSB, Cezar Amin Pasqualim, acredita na necessidade de construção de uma campanha para a formalização dos empregos da área.
“A partir do dia 11 de novembro, teremos um problema, a lei maior neutraliza lei menor, com isso, a Lei da reforma trabalhista deverá fazer uma quebra na hierarquia do salário mínimo profissional. Vamos fazer uma grande campanha para registrar os médicos veterinários em carteira, para que eles não trabalhem nem de maneira terceirizada, muito menos de maneira informal. Queremos que as relações sejam mais duradouras, menos perversas e que elas sejam formais. A terceirização vai trazer uma incerteza para o dia de amanhã, e isso não é bom para ninguém. Teremos que ser mais hábeis para fazer a interface entre empregador e empregado”, disse Pasqualim.
Ainda segundo o 2º secretário de saúde da CSB, outra luta dos veterinários é pela ampliação da visibilidade dos atributos da categoria.
“Temos que fazer uma divulgação não só para os veterinários, mas também para a sociedade em geral, que o profissional médico veterinário é um profissional multidisciplinar, multidinâmico, um profissional da saúde única, que é a saúde do homem, do animal e do meio ambiente. O médico veterinário é um profissional qualificado para trabalhar nestas três áreas. Nossa luta também é pela inclusão do médico veterinário no Núcleo de Apoio à Saúde Familiar (NASF) , que está estabelecido por lei desde 2011, mas que infelizmente os municípios não respeitam”, argumentou João Alberto Rodrigues.
O presidente do SINDVET/PR também vê como problemático o excesso de cursos superiores para médico veterinário, que, muitas vezes sem qualidade, causam uma saturação do mercado de trabalho.
“O temor que nós temos e continua muito grande é a questão da proliferação de maneira insustentável de curso de Medicina Veterinária no Brasil. O candidato entra no curso ludibriado, achando que o mercado de trabalho é perfeito, investe, e isso não corresponde às expectativas, nem com iniciativa própria nem como contratado, pois o mercado parou. Aqui no Paraná estamos com 24 faculdades com Medicina Veterinária formando 900 profissionais onde você já tem 14 mil médicos veterinários em condição de atuar”, contou Cezar Pasqualim, que ainda falou as possíveis soluções para diminuir essa saturação do mercado.
“De imediato, deveríamos encerrar a questão de novos cursos. O Ministério da Educação deveria se intensificar na fiscalização dessas faculdades, pois está uma situação caótica. O terceiro ponto é o não ao ensino a distância”, explicou o dirigente.