Deputados votam a favor de proposta que amplia direito das domésticas

O projeto abrange todos os que prestam serviços domésticos, como jardineiros e babás

Por 359 a 2, deputados federais votaram ontem a favor da proposta de emenda à Constituição que amplia os direitos trabalhistas dos empregados domésticos.

É necessária ainda a votação em segundo turno na Câmara, após um intervalo de cinco sessões, antes de o texto ser enviado ao Senado, onde também terá que ser avaliado. Se aprovado em todas as instâncias, o projeto concederá direitos como adicional noturno, horas extras e jornada máxima, além de FGTS obrigatório (veja quadro).

O projeto abrange todos os que prestam serviços domésticos: jardineiros, motoristas e babás, entre outros. Se aprovado, valerá também para os contratos de trabalho que já estiverem em vigor.

Alguns dos direitos terão aplicabilidade imediata após a entrada em vigor do texto, como a jornada diária e o pagamento de horas extras. Outras necessitam de regulamentação, como o adicional noturno, o seguro-desemprego e o salário-família.

Alcance Restrito

Se passasse a valer hoje, a lei atingiria a minoria dos profissionais. Segundo dados da Fenatrad (Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas), apenas 2 milhões dos mais de 7 milhões de trabalhadores domésticos têm carteira assinada, o que representa cerca de 27%.

Estudo do Dieese mostra que, em São Paulo, apenas 38,7% das trabalhadoras domésticas têm carteira assinada, ante 28,2% que não são registradas e 33,1% de diaristas. Do total, 45,5% contribuem para a Previdência Social.

Em outras regiões metropolitanas, essa proporção é ainda menor: em Fortaleza, por exemplo, apenas 15,2% têm carteira assinada, 27,4% são diaristas e 57,3% são mensalistas sem registro; apenas 17,5% pagam INSS.

Para Eduardo Miguel Schneider, técnico do Dieese, a PEC pode reverter a migração de trabalhadores domésticos para outros setores. Na Grande São Paulo, a participação de domésticos no total de empregados caiu de 8,4% em 2001 para 7,0% em 2011.

A relatora da proposta, deputada Benedita da Silva (PT-RJ), ela mesma ex-empregada doméstica, rebateu críticas de que ela possa estimular a informalidade. “Não é verdade que vai ter desemprego ou que vão desaparecer as trabalhadoras domésticas. Se você pagar os direitos, elas ficarão.”

A ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de Políticas para Mulheres, afirmou que a votação é o “início do fim do regime de escravidão” dos domésticos. De acordo com dados da secretaria, quase 95% dos 7,2 milhões de trabalhadores domésticos são mulheres. Dessas, 60% são negras. No ano passado, 73,2% delas permaneciam na informalidade.

Ontem, a votação por partidos foi unânime. Um dos deputados que votou contra o projeto, Roberto Balestra (PP-GO), afirmou que se enganou e que é a favor da emenda. O outro, Zé Vieira (PR-MA), não foi encontrado.

Fonte: Folha de S.Paulo

Compartilhe:

Leia mais
Design sem nome (2) (1)
CSB defende transição tecnológica justa em reunião de conselheiros com ministra Gleisi Hoffmann
painel 7 transição tecnológica e futuro do trabalho
Encontro Nacional CSB 2025: painel 7 – Transição tecnológica e futuro do trabalho; assista
regulamentação ia inteligência artificial
Regulamentação da IA é tema em destaque para centrais sindicais no Congresso
papa leão XIII e papa leão XIV
Com o nome Leão XIV, novo Papa homenageia Leão XIII, defensor dos trabalhadores e abolicionista
mapa mundi brasil no centro
IBGE lança mapa-múndi com Brasil no centro e hemisfério sul na parte de cima
geração de empregos recorde em fevereiro
Procurador denuncia "pejotização" como forma de burlar direitos trabalhistas
csb centrais sindicais com ministro maurcio godinho tst
Centrais entregam agenda jurídica do movimento sindical ao vice-presidente do TST
csb menor (40)
Desigualdade de renda no Brasil é a menor desde 2012, aponta IBGE
csb menor (1)
Encontro Executiva Nacional CSB 2025: painel 6 – Trabalhadores e meio ambiente
ministro do trabalho luiz marinho em audiencia na camara
Ministro do Trabalho defende fim da escala 6x1 e jornada de 40 horas na Câmara