Decreto de Temer repassa dinheiro do Sistema S para empresários e inviabiliza capacitação de trabalhadores

Manobra foi acertada entre empresários e governo logo após a aprovação da reforma trabalhista

 

O presidente Michel Temer assinou um decreto, publicado em fevereiro, que autoriza a destinação de uma parcela dos recursos de qualificação dos trabalhadores rurais para entidades patronais do setor agrícola. A manobra foi articulada entre organizações empresariais e o governo logo após a sanção da reforma trabalhista.

A decisão obriga a entidade do setor agrícola do Sistema S (Senar) a repassar até 5% do orçamento para a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e outros 5% para as federações estaduais.

De acordo com dados fornecidos pela Receita Federal, o Senar recolheu R$ 829,1 milhões em 2017. Antes do decreto, no mesmo ano, o maior repasse do Senar (R$ 73,3 milhões) foi para o programa de qualificação profissional do trabalhador.

A Central dos Sindicatos Brasileiros condena veementemente o repasse porque considera inadmissível a destinação de um montante dessa magnitude ao setor patronal. O decreto privilegia quem já tem dinheiro e impossibilita que trabalhadores possam se capacitar e, assim, terem uma vida mais digna.

Para a Entidade, retirar a assistência social e recursos de setores importantes e que carecem de mais investimentos significa que o Sistema S está desviando do seu propósito, que é a qualificação, para beneficiar os ricos.

Sistema S

O Sistema S começou a ser estruturado no País em 1942 para oferecer uma rede de ensino que melhorasse a produtividade da mão de obra e serviços culturais e de lazer com financiamento garantido, mas sem depender da gestão pública.

Porém, o percentual de cursos gratuitos oferecidos pelas entidades é extremamente baixo. A cobrança de mensalidades afasta pessoas sem recursos que precisam se capacitar e coloca em xeque o interesse público que justifica o repasse de verbas ao sistema.

Ainda em 2017, a Receita Federal distribuiu às nove instituições beneficiadas pelo Sistema S um valor de R$16 bilhões. O Sesc (R$ 4,89 bilhões) é o que mais recolhe dinheiro. O Sebrae (R$ 3,296 bilhões) é o segundo. Na sequência estão Senac (R$ 2,738 bilhões), Sesi (R$ 2,087 bilhões), Senai (R$ 1,464 bilhão), Senar (com os R$ 829,1 milhões), Sest (R$ 498,6 milhões), Sescoop (R$ 352,96 milhões) e Senat (R$ 312,9 milhões). Em 2016, o Sistema S arrecadou 4,5 vezes mais do que a contribuição sindical.

 

Compartilhe:

Leia mais
desemprego entre jovens
Taxa de desemprego entre jovens é o dobro do grupo acima dos 30, aponta FGV
vr va mudanças regras
VA e VR podem passar por mudanças nos próximos 30 dias, diz Ministério da Fazenda
escala 6x1 prejudica saúde mental
Redução da jornada de trabalho tem apoio de 65% dos brasileiros, aponta pesquisa
isenção conta de luz
Governo quer isentar conta de luz para até 60 milhões de pessoas, diz Alexandre Silveira
sorteio carros 1o de maio centrais sindicais
Centrais preparam 1º de maio unificado com shows gratuitos e sorteio de 10 carros; participe!
greve geral argentina cgt
Centrais sindicais argentinas convocam greve geral contra políticas de Javier Milei
havan condenada assédio eleitoral
Justiça do Trabalho condena Havan por assédio eleitoral contra ex-funcionária
taxa de juros para famílias cresce
Taxa de juros para famílias cresce e alcança maior nível desde agosto 2023
debate dieese cop 30 paulo de oliveira
Agenda ambiental não pode ignorar justiça social, defende CSB em debate pré COP 30
13o aposentados inss consulta
Consulta do valor do 13º para aposentados e pensionistas do INSS começa em maio