Organizadores estimam que 20 mil pessoas participaram do ato, enquanto a PM, 2,5 mil. Manifestantes fizeram passeata pelo Centro da cidade
Manifestantes percorreram as ruas do Centro de Cuiabá, nesta sexta-feira (28), contra as reformas trabalhistas e da Previdência, duas principais bandeiras do governo Michel Temer. Eles saíram da Praça Ipiranga e caminharam pelas avenidas Prainha, Getúlio Vargas e Isaac Póvoas. Os organizadores estimam a participação de 20 mil pessoas no ato. A Polícia Militar calcula público de 2,5 mil pessoas.
“Já não temos saúde pública, a educação é precária e agora não sabemos se vamos nos aposentar. Estamos vendo o pouco de qualidade de vida que temos direito no final da vida, ser descartada. Não existe crise na previdência. Todo mundo contribui até se aposentar. Para onde está indo o dinheiro?”, questionou.
No trio elétrico, Clóvis Arantes, representante do movimento LGBT, fez um discurso contra o presidente Michel Temer (PMDB). “Estamos aqui nas ruas porque também somos trabalhadores. Não é possível que o governo se coloque contra a classe trabalhadora do país. Isso fere os direitos humanos. Hoje gritamos ‘Fora Temer'”, afirmou. Os manifestantes também gritaram “Fora, Taques”, se referindo ao governador de Mato Grosso, Pedro Taques (PSDB).
O motorista Adelfonso Muniz, de 71 anos, caminhou carregando um cartaz, com a seguinte frase: “Roubados 32 anos, agora serei escravizado pela democracia tirana dos ladrões”. Ele disse que está revoltado com a ampliação do tempo de contribuição para a aposentadoria e que sente orgulhoso em participar da manifestação.
Shirley Oliveira, que representa a Central dos Sindicatos Brasileiros, disse que é preciso conscientizar a população sobre a consequência das reformas.
“O povo ainda acredita que é uma luta de servidores públicos e não percebe que todos nós seremos penalizados. Hoje, começamos a ver os trabalhadores do setor privado indo às ruas e é assim que tem que ser. A população precisa acordar, sair da inércia e reagir”, afirmou.
Paralisação
Nesta sexta-feira, servidores municipais, estaduais e federais pararam e a maioria dos serviços públicos foi suspensa, como o transporte coletivo, por exemplo. Os ônibus não circularam, pois os motoristas e funcionários do setor aderiram ao movimento. Os bancários também participam da mobilização e as agências bancárias não abriram. As aulas também foram suspensas.
Manifestação no interior
Além de Cuiabá, outros municípios de Mato Grosso realizaram ato nesta sexta-feira.
Em Sinop, a 503 km de Cuiabá, os professores de escolas estaduais e municipais paralisaram as atividades e fizeram uma passeata pelas ruas do Centro e pararam em frente à prefeitura. O ato começou às 8h e terminou às 10h.
O expediente nas 36 escolas municipais e 18 estaduais foi suspenso. Os profissionais das unidades participaram, de forma pacífica, de uma manifestação na região central da cidade. Com a paralisação, mais de 32 mil alunos estão sem aula. Não foi feita a estimativa de participantes.
Em Tangará da Serra, a 242 km de Cuiabá, cerca de 200 pessoas entre trabalhadores e estudantes, segundo os organizadores. A Polícia Militar não informou a estimativa de público. O ato teve início às 7h e encerrou às 10h.
Com a manifestação, as aulas no campus da Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat) e no Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT) foram suspensas. No município, os bancos também não tiveram expediente. O transporte público, porém, circula sem interrupção.
Trabalhadores de diversos segmentos também protestaram contra a reforma da previdência e a reforma trabalhista em Rondonópolis, a 218 km de Cuiabá. Em passeata pelas principais ruas da cidade, os manifestantes gritaram palavras de ordem com faixas e cartazes.
No município, as aulas da rede pública também foram suspensas. Segundo os organizadores, os bancos, as unidades de saúde, a polícia e a prefeitura devem funcionar com 30% dos servidores. Os organizadores estimam que 5 mil pessoas foram às ruas. A Polícia Militar informou que 1,5 mil manifestantes estiveram na manifestação.
Em Primavera do Leste, 300 pessoas participaram do protesto, que começou às 8h30 e terminou às 10h40. A estimativa de público é da PM e dos organizadores. Os manifestantes caminharam da praça central até a Lagoa Vô Pedro Viana, também na região central.
No município, as aulas na rede pública foram suspensas, as agências bancárias não tiveram expediente e a delegacia não teve atendimento.
Servidores públicos municipais e outras categorias fizeram uma passeata durante a manhã, em Sorriso, a 420 km de Cuiabá. Eles percorreram ruas e avenidas de Sorriso e terminaram em frente a Justiça do Trabalho, segundo o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Sorriso. A organização estima que mais 1,5 mil pessoas tenham participado do ato.
Em Cáceres, a 220 km de Cuiabá, um grupo saiu às ruas em protesto e, com carro de som, faixas e cartazes, os manifestantes fizeram passeata pelas ruas Coronel José Dulce e Comandante Balduíno. O campus da Unemat nesse município também teve as aulas suspensas nesta sexta-feira por causa da paralisação dos servidores da instituição. A organização e a PM não fizeram a estimativa de público.
De acordo com o presidente do Sintep-MT, Henrique Lopes, também foram realizadas passeatas com alunos e professores nos municípios de Alta Floresta, Pontes e Lacerda, Pedra Preta, Jauru, Juara, Dom Aquino, Novo Santo Antônio, Lucas do Rio Verde, Barra do Garças e Porto Alegre do Norte.