Central dos Sindicatos Brasileiros

CSB participa do 2°Encontro das Mulheres Sindicalistas

CSB participa do 2°Encontro das Mulheres Sindicalistas

Evento promovido Secretaria de Políticas para as Mulheres, da Presidência da República, debateu os desafios da mulher no mercado de trabalho

A Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR) promoveu, na segunda-feira, 8 de setembro, em São Paulo, o 2º Encontro com Mulheres Sindicalistas ‘Diálogos sobre o Mundo do Trabalho: Desafios para a Autonomia Econômica das Mulheres’.  O evento teve como objetivo debater as lutas das brasileiras e discutir políticas que garantam e façam prevalecer os direitos das mulheres. O encontro foi articulado pela ministra da SPM-PR, Eleonora Menicucci.

A CSB foi representada por Andréa Myrrha, diretora para assuntos da mulher,  Antonieta de Faria (Tieta), secretária nacional dos trabalhadores em institutos de previdência públicos, por Maria Abadia, presidente do Sindicato dos Servidores do Ipsemg (SISIPSEMG) e por Beatriz Elias da Silva, presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Santa Maria Jetiba/ES (Sindijetiba).

O Encontro aconteceu a partir de dois painéis. O primeiro trouxe o tema ‘A política de Salário Mínimo e o Rendimento das Mulheres’ e foi apresentado pelo professor titular do Instituto de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp), Cláudio Salvador Dedecca. O segundo trouxe o tema ‘Informalidade: Dilema para o Trabalho das Mulheres’, que foi apresentado por Patrícia Pelatieri, economista e diretora do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Os trabalhos foram intermediados pela secretária de Políticas para Mulheres da Presidência, Tatau Godinho.

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Debate

Para Andréa Myrrha, o encontro aconteceu em um momento oportuno quando todos os trabalhadores estão preocupados com a continuidade da política nacional de valorização do salário mínimo a partir deDSC04087 2015. “O aumento dos salários é um dos principais instrumentos para a melhoria das condições de
trabalho e da construção da igualdade de gênero. Uma boa remuneração é uma forma de inserir e qualificar as mulheres para o mercado de trabalho, que está cada vez mais exigente. O nosso desafio é dar continuidade a esta valorização e lutar para que mais mulheres saiam da zona da pobreza”, afirma.

O Projeto de Lei nº 6653/2009, conhecido como o PL da Igualdade, que cria mecanismos para garantir a igualdade entre mulheres e homens, visando coibir práticas discriminatórias nas relações de trabalho, foi outro ponto debatido no encontro. Segundo Maria Abadia, a provação do projeto deve ser prioridade do movimento sindical e das mulheres sindicalistas. “As mulheres desempenham as mesmas funções dos homens, mas continuam ganhando menos. É necessário que existam mais políticas públicas em prol das mulheres. Vamos continuar lutando para garantir que os direitos das trabalhadoras sejam sempre garantidos”, afirmou. A mulher recebe, em média, 70% do salário do homem que desempenha a mesma função.

DSC04088Na ocasião, também foram discutidos temas como a igualdade de oportunidades e o combate ao assédio moral e à violência contra a mulher. Para Tieta, este tipo de debate é fundamental para que haja a construção de uma sociedade mais igualitária. “As mulheres ainda são muito discriminadas profissionalmente. E quando pensamos em serviço público, a situação fica um pouco mais delicada. O assédio moral fica mais latente, já que no serviço público não há controle e nem punições para quem pratica. Além disso, o assédio contra a mulher normalmente começa como sexual, e quando há a negativa dela, passa para moral”, disse.

As dirigentes da Central também defenderam a criação de políticas que tratem da aposentadoria para as mulheres. “Nós possuímos jornada tripla de trabalho. Trabalhamos nas empresas, em casa e cuidando dos filhos. Se o fator previdenciário é ruim para os homens, é muito pior para as mulheres. Somos pobres trabalhando, e quando nos aposentamos passamos a ser miseráveis. É necessário o governo analisar e readequar sua política”, disse Beatriz Elias da Silva.

Movimento sindical

A inserção da mulher na atividade econômica intensificou-se a partir da década de 1970 com a expansão da economia e o acelerado processo de urbanização e industrialização. A  organização das mulheres no movimento sindical, por sua vez, se acentuou e ganhou espaço  dentro do movimento sindical brasileiro a partir dos anos 1980 com a redemocratização do Brasil. Tal fato desencadeou o debate e a proposta, ao conjunto do movimento sindical, de formas de luta que buscassem romper com a discriminação de gênero e, com isso, alcançar a igualdade de oportunidade entre homens e mulheres. No entanto a participação das mulheres no movimento sindical ainda é pequena; cerca de 6% dos sindicalistas brasileiros são mulheres de acordo com o Dieese.

10665774_903709379643183_4125689874909094064_nPara Beatriz Elias da Silva, o espaço sindical reflete as diferenças de gênero que existem na sociedade. “Temos poucas mulheres sindicalistas. Um exemplo claro do preconceito que as mulheres enfrentam nesse universo é que temos uma presidenta, mas não temos mulheres presidentes das centrais sindicais”, avalia.

Segundo Andréa Myrrha, ser mulher e viver no movimento sindical é um ato de coragem. É preciso dedicação e ética. “A sociedade não enxerga com bons olhos os sindicatos. E, na sociedade patriarcal e machista que vivemos, as mulheres também não bem vistas. As dificuldades são muitas, por isso precisamos que cada vez mais as nossas companheiras trabalhadoras se juntem a nós nesta luta. Espero que as mulheres do futuro encontrem um Brasil em que salários não sejam medidos em gênero”, afirmou.