CSB participa de ato em homenagem ao comício da Central do Brasil de 1964

Evento foi realizado para relembrar o célebre discurso do presidente João Goulart e reuniu sindicatos e políticos para debater reformas políticas

Para lembrar os 50 anos do Comício da Central do Brasil de João Goulart, em 13 de março de 1964 ‑ um dos grandes marcos da história da política nacional ‑,  foi realizado um encontro na Central do Brasil com representantes sindicais, políticos e personalidades. Entre elas, o filho de Jango, João Vicente Goulart, que na época do comício  tinha 7 anos, o advogado Marcelo Cerqueira, que também esteve no comício de 1964, ao lado de Jango, quando era vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) e o líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile. A CSB marcou presença com a participação da vice-presidente Maria Barbara da Costa.

Na abertura do ato, João Vicente Goulart fez um discurso emocionado sobre as propostas do pai e a importância dele para a política e os movimentos sociais. Jango tinha como proposta de governo uma reforma de base que envolvia reforma agrária, estatização das refinarias e direito de voto para todos os cidadãos brasileiros alfabetizados ou não. As ideias apresentadas pelo ex-presidente foram o estopim para o Golpe Militar de 1964.

Para Maria Barbara, o Brasil permanece nas mesmas condições, 50 anos depois, precisando reformar o Estado para que se possa avançar nas áreas social, econômica e política. “Foi uma satisfação estar representando a CSB  junto às demais forças sindicais e ver muita gente jovem interessada em debater a realidade nacional. Tenho esperança de que, após 50 anos, as novas gerações possam, inspiradas na nossa história, avançar e modificar o modelo social, econômico e político do País”, disse.

O Comício da Central, em 1964, tinha como proposta pressionar o Congresso Nacional a aprovar uma série de reformas governamentais que tornariam o Brasil um país mais igualitário. Dezenove dias depois do evento, Jango foi deposto pelos militares. O ex-presidente morreu no exílio, na Argentina, em 1976. O corpo do presidente foi exumado no fim do ano passado para que peritos verificassem se ele morreu envenenado ou de um ataque cardíaco, versão oficial, até então, da morte. “Nós perdemos uma grande chance, que era fazer as reformas de Jango. Depois, o golpe militar, com apoio americano e da direita brasileira, assumiu o poder e comandou esse país por muitos anos. Perdemos a oportunidade de sermos desenvolvidos. Deixamos o País ficar 21 anos na escuridão e 29 na consolidação dos problemas que anos sem luz trouxeram”, declarou.

Segundo Maria Barbara, apesar de toda importância do ex-presidente, muita gente desconhece a relevância de seu governo e suas ideias. “Lembra muito de Jango quem viveu aquela época. Eu, filha de sindicalista, vivenciei toda a tensão que existia. Muitos dizem que o discurso dele foi o que provocou o golpe, mas não foi. Vivíamos em um período em que qualquer ação que fosse favorável ao proletariado era vista como um tentativa de golpe comunista.  O golpe militar era inevitável; os Estado Unidos temiam que América Latina se tornasse uma área de governos socialistas”, completa a dirigente.

Para que essa parte da história brasileira seja conhecida, a vice-presidente da CSB defende que sejam criados mais atos como esse. “Nós, que somos da Central, temos o poder de difundir a história contada pela voz dos trabalhadores . Temos que ajudar a construir a democracia, em nenhum momento abandoná-la. Ela só tem 200 anos, e a humanidade tem 6 mil anos. A CSB tem contribuído pra que a democracia aconteça no Brasil e para que nosso passado não seja esquecido”, afirma Maria Barbara.

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