Escritor que conhecia como poucos as raízes populares brasileiras faleceu no Recife
O escritor, dramaturgo e poeta paraibano Ariano Suassuna morreu ontem (23) aos 87 anos. Ele sofreu um AVC e estava em coma desde o dia 21. Suassuna foi morar em Pernambuco ainda adolescente e adotou o estado para viver e criar suas histórias.
Considerado um dos mais brilhantes escritores brasileiros, Ariano Suassuna foi o maior representante do teatro brasileiro ligado às raízes populares. Era um nacionalista consciente e indignado com a elite que queria transformar o Brasil em algo parecido com os Estados Unidos. O poeta desejava que o Brasil fosse o próprio Brasil em sua essência, preservando suas características e rica cultura.
Sempre apoiou as políticas voltadas para o combate à desigualdade. Afirmava que não tinha competência para ser presidente ou ministro, mas tinha a convicção absoluta de que o problema fundamental do País era a fome.
Na década de 1970, Suassuna criou o Movimento Armorial, que pregava a arte erudita nordestina a partir de suas raízes populares.
É autor de clássicos como A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta e O Auto da Compadecida. Este último é uma comédia dramática, na qual dois pobres sertanejos nordestinos, um mentiroso e o outro covarde, praticam pequenos golpes para viver. A sensibilidade do escritor desenha, na realidade, o cenário de miséria, fome e desigualdade vivido pelo nordestino.
A CSB lamenta a perda deste grande artista popular, que chamava a morte de “Caetana”, nome aprendido lá no sertão daquele Nordeste que ele sempre valorizou. E chegada a sua hora de encontrar “Caetana”, Suassuna deixa ao Brasil um legado de obras primas e profundo conhecimento do povo brasileiro.
Central dos Sindicatos Brasileiros