Trabalhadores, militantes e dirigentes sindicais fizeram manifestação na Avenida Paulista para pedir a revogação das MPs 664 e 665; ato em frente à Petrobras pediu a preservação dos empregos
Na manhã de hoje, 28 de janeiro, milhares de trabalhadores, militantes e dirigentes das centrais sindicais – CSB, CUT, UGT, CTB, Força Sindical e Nova Central – realizaram o Dia Nacional de Lutas em defesa dos direitos e do emprego. A manifestação se concentrou em frente ao Museu de Arte de São Paulo (MASP), na Avenida Paulista, e seguiu, com carro de som, até o prédio da Petrobras.
As centrais convocaram os trabalhadores para protestar contra as medidas anunciadas pelo governo no final de 2014 (MP 664 e MP 665), que restringem o acesso dos trabalhadores ao abono salarial e ao seguro-desemprego, e para exigir uma solução imediata para a situação dos trabalhadores e trabalhadoras das empreiteiras contratadas pela Petrobrás, que estão sendo demitidos e com salários atrasados.
O presidente da CSB, Antonio Neto, afirmou que as recentes mudanças anunciadas pelo governo atingem diretamente os trabalhadores, e o movimento sindical não vai admitir a perda de direitos. “As categorias mais sofridas, como a construção civil, comércio, serviços, são as que mais pagarão, porque os primeiros empregos e os empregos de baixa qualificação são aqueles que não conseguem atingir 18 meses seguidos para o recebimento ao seguro-desemprego”, criticou sobre as novas regras do benefício.
Neto ressaltou ainda que o movimento sindical vai lutar para reverter o cenário atual. “A batalha começa, é uma disputa, e nós vamos disputar palmo a palmo com o mercado para garantir o que é dos trabalhadores”, completou.
Para o vice-presidente da Central, José Avelino Pereira, o governo precisa manter o diálogo constante com as centrais sindicais para que os direitos dos trabalhadores sejam preservados. “Queremos debater com o governo para propor mudanças nas MPs e evitar que milhões de trabalhadores, principalmente os mais jovens, saiam prejudicados. Precisamos destravar a nossa pauta, como a redução da jornada de trabalho e o fim do fator previdenciário”, destacou.
Caminhada
Após a concentração no MASP, a manifestação seguiu em caminhada até o prédio da Petrobras, onde os militantes cobraram a defesa da estatal e a proteção dos empregados da empresa e das companhias denunciadas no esquema de corrupção.
Alvaro Egea, secretário-geral da CSB, afirmou que o movimento sindical defende a punição dos envolvidos, mas explicou que os trabalhadores precisam ser resguardados. “É muito importante que a gente separe o joio do trigo. Os trabalhadores querem que a justiça seja feita, que os empresários – aqueles que deram dinheiro para obter contrato – paguem por seus atos criminosos. Mas não podemos confundir a empresa, um patrimônio nacional que é a Petrobras, com aqueles que lhe roubaram. Somos pela punição dos corruptos e corruptores, mas queremos preservar a empresa, o Pré-sal, os empregos, as empresas nacionais”, reiterou.
Paraná, Rio de Janeiro, Pará, Bahia, Porto Alegre, Maranhão, Espírito Santo e Distrito Federal também participaram da mobilização promovida pelas centrais sindicais. Atos e caminhadas tomaram as capitais. A região do ABC paulista também contou com manifestações nas principais ruas e avenidas da região.
Debate com o governo
Está marcada para dia 3 de fevereiro uma nova reunião entre as centrais sindicais e o governo para ampliar a mesa de negociação com as entidades. O primeiro encontro aconteceu em 19 de janeiro.
“Queremos continuar dialogando com o governo para propor as mudanças necessárias nessas novas regras que não foram elogiadas por ninguém. Não podemos ceder aos setores especulativos do País, que visam apenas o lucro e os interesses do mercado. O que foi conquistado pelos trabalhadores não pode e não deve ser maculado”, finalizou Antonio Neto.