Em reunião com os representantes do Trabalho, Previdência e Planejamento, as entidades afirmaram que vão lutar pela derrubada das MPs 664 e 665 no Congresso
A CSB e as centrais sindicais se reuniram, em 25 de fevereiro, com ministros em Brasília para discutir as MPs 664 e 665, que tratam de temas como o seguro-desemprego e abono salarial. Participaram do encontro os representantes das pastas do Trabalho, Manoel Dias; Planejamento, Nelson Barbosa; e da Previdência, Carlos Gabas.
Durante a reunião, as centrais apresentaram aos ministros um documento com propostas e diretrizes para combater a rotatividade no mercado de trabalho, bem como ações para o desenvolvimento articulado de políticas públicas de trabalho por meio do Sistema Público de Emprego e Trabalho e Renda (SPETR).
Antonio Neto, presidente da CSB, se mostrou apreensivo com os rumos que as Medidas Provisórias podem trazer para os trabalhadores brasileiros. “Estamos muito preocupados com o fato de governo sinalizar um ajuste fiscal severo, imprimindo uma situação em que o desemprego possa aumentar, e, ao mesmo tempo, propõe a restrição de acesso ao seguro-desemprego, um direito social assegurado pela Constituição e fundamental para o trabalhador mais pobre”, criticou Neto. “Isso não é correto nem justo, e nós vamos trabalhar para preservar o direito e lutar para que o Brasil retome a política de crescimento e geração de renda”, completou.
Propostas
Segundo as diretrizes propostas pelas centrais, o foco principal deve ser a cooperação, o compartilhamento e a transparência para levar a universalização do acesso ao mercado de trabalho no Brasil, com bases de atendimentos físicos e redes que promovam a comunicação das vagas, capacitação dos trabalhadores e frequente melhora do sistema.
Apesar da alegação do governo de que as MPs nasceram com o único objetivo de fazer os ajustes necessários para coibir as fraudes no sistema de pagamento do seguro-desemprego, as centrais argumentam que outras ações podem ser feitas para otimizar o benefício e evitar desvios.

O presidente da CSB argumenta que o governo quer moralizar o sistema e inibir fraudes, o que é louvável. “Agora vamos insistir na punição de empresas que demitem, como já ocorre com as montadoras. Estruturamos propostas que minimizem os efeitos das medidas e integrem o sistema de emprego nacionalmente”, explica Neto, afirmando que já vez que o governo não se propõe a retirar as Medidas Provisórias, as centrais vão tentar derrubá-las no Congresso Nacional. A pauta entrará em debate na Casa nos próximos dias.
As centrais afirma que as MPs atingem a parcela menos favorecida da população. “Estas novas regras atingem diretamente os jovens e os trabalhadores com menores salários. Além de não ser justo, vai de encontro com as políticas de desenvolvimento e proteção dos trabalhadores. Nós somos contra fraudes, contra a precarização, contra todos os desvios que houver, mas não dessa forma, de maneira que efetivamente vá prejudicar os trabalhadores”, criticou Antonio Neto.
Veja o resumo das propostas das centrais:
O SPETR deve promover a contínua integração com as políticas públicas relacionadas às questões do trabalho. Para isso, serão utilizadas políticas específicas com o intuito de integrar seguro-desemprego, orientação profissional, intermediação de mão de obra, educação e qualificação profissional, certificação profissional, produção e difusão de informações sobre mercado de trabalho e ocupações, inserção no primeiro emprego, fomento às atividades empreendedoras de pequeno porte, emprego apoiado, microcrédito; Pró-Jovem Trabalhador; Economia Solidária em Desenvolvimento, central de trabalho Autônoma.
Políticas que devem ter atenção especial
Ao jovem, indicando as oportunidades de investimento na formação profissional de nível médio.
Ao jovem e ao adulto, indicando as oportunidades de elevação de escolaridade integrada à formação profissional.
Aos jovens oriundos dos cursos de educação profissional, que devem sempre ser cadastrados.
Políticas de certificação de habilidades e competências
O sistema de formação deve dar base para a certificação de habilidades e competências para reconhecer práticas profissionais, saberes e conhecimentos desenvolvidos e acumulados pelo trabalhador ao longo da vida.
Políticas que devem compor o Sistema Público – PRONATEC
O SPETR deve ser um grande orientador de demandas de formação, qualificação (trabalhador) e de ocupação (empresa), produzindo prospecção a partir de cada comunidade.
Produzir informações, análise e conhecimentos sólidos a respeito do presente e prospectar possibilidades no futuro para cada contexto local e territorial.
As unidades do sistema devem desenvolver capacidade para promover espaços de diálogo social para fazer prospecção de demanda de força de trabalho e qualificação profissional. Essa atividade deve ser desenvolvida na concepção de cooperação interinstitucional e com a lógica do planejamento do desenvolvimento local.
Aprimoramento do Sistema
Garantir a operação contínua e ininterrupta.
Definir as atribuições de cada ente federado junto ao sistema.
Desenvolver cadastro integrado entre formação e intermediação que permita acompanhar o itinerário formativo e ocupacional dos trabalhadores cadastrados.
Desenvolver mecanismos de monitoramento e avaliação da execução das políticas
Alterar a regulação das agências privadas de intermediação de mão de obra, garantindo a primazia do Estado e integrando-as ao SPETR (vagas e demandantes de ocupação).
Fortalecer a gestão tripartite do Sistema, com mecanismos de planejamento, controle social e divulgação de informações, desde o município, passando pelo Estado e articulados com o Codefat.
Com informações do IG







