CSB defende unidade dos trabalhadores contra flexibilização dos direitos

Em fórum no México, vice-presidente da Central, Luiz Sergio da Rosa Lopes, defendeu o intercâmbio entre as centrais sindicais brasileiras e mexicanas

Realizado entre os dias 18 e 20 de outubro, o Fórum de Guadalajara, evento promovido pelo Movimento de Solidariedade Ibero-americana e pela Federação Revolucionária de Trabalhadores e Camponeses do Estado de Jalisco, no México, teve como tema principal “A crise mundial além da economia e das finanças”. O seminário reuniu importantes personalidades do Brasil e do mundo, como Lorenzo Carrasco, coordenador do Fórum, Paolo Raimondi, economista italiano, o senador Roberto Requião, presidente da Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul, e Luiz Sergio da Rosa Lopes, vice-presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB).

Além dos temas como a globalização e as ameaças à dignidade do trabalho humano, a crise financeira e a necessidade de novas regras éticas para um sistema econômico justo, a tentativa de cortes dos direitos trabalhistas no México, a exemplo do que ocorre no Brasil, também teve grande destaque e foi amplamente debatida no Fórum.

Luiz Sergio Lopes articulou sua explanação na possibilidade de intensificar o intercâmbio entre as entidades sindicais mexicanas e brasileiras para que o Brasil transmita a sua expertise no que diz respeito à luta contra as propostas que destroem os direitos dos trabalhadores, que estão sendo debatidas no congresso nacional daquele país. O vice-presidente enfatizou, ainda, a necessidade de os próprios mexicanos lutarem contra a opressão aos trabalhadores, como o Brasil tem feito constantemente em relação à pressão permanente para eliminar direitos e ganhos sociais. “Há a necessidade da união das bases sindicais mexicanas no sentido de lutar junto aos congressistas pela manutenção dos direitos trabalhistas que lhes restam. Aqui no Brasil houve também investidas nesse processo de globalização, neoliberalismo, mas reagimos sempre. Claro que nem sempre as iniciativas surtiram o efeito desejado, mas na maioria dos casos a reação foi ouvida”, sentenciou.

Além disso, o representante da CSB deixou latente a questão da reforma trabalhista no Brasil, apoiada por uma gama de empresários, pelo poder político e também por algumas centrais sindicais, que insistentemente abordam a reforma sindical, aliando-se às forças de direita. “Essas manifestações receberam resposta contrária da maioria do movimento sindical e das centrais sindicais também”, pontuou. Os dirigentes mexicanos presentes ao evento apoiaram as teses defendidas por Luiz Sergio Lopes, reiterando a importância das ideias expostas por ele.

As consequências do Nafta

Roberto Requião fez um contundente discurso no Fórum, no qual condenou o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta), a subserviência mexicana e afirmou que o México tem de se preparar para integrar as nações latino-americanas. Ele ainda sugeriu a formação de uma frente composta por parlamentares brasileiros e mexicanos interessados no debate deste tema, com o objetivo de formar uma campanha para que o México consiga tornar os efeitos da influência do Tratado menos arrasadores do que são e iniciar a integração entre o país e o Mercosul.

Esta questão foi exposta também por Lorenzo Carrasco e corroborada pelos demais participantes do evento. “Os mexicanos alinhavaram no debate a crise que eles estão vivendo por causa do Nafta. As pequenas e médias empresas estão desaparecendo. Em Guadalajara, o número delas reduziu drasticamente graças ao mercado chinês, uma vez que os produtos da China chegam pelos EUA”, explica o vice-presidente da CSB.

Há no congresso nacional mexicano um projeto de lei sobre a flexibilização dos direitos trabalhistas, o que colabora com as reais intenções do Nafta: redução do custo da carga horária de trabalho, da previdência social, dos direitos de aposentadoria, dos salários, aumento de horas de trabalho, tudo isso para que, segundo Luiz Sergio Lopes, o Nafta se tornasse mais lucrativo para os Estados Unidos e Canadá.

A contribuição da CSB e a importância do Fórum para a luta da Central

A presença da Central no evento foi essencial para ampliar a visão dos conferencistas e participantes do Fórum no que diz respeito à troca de experiências e o intercâmbio entre Brasil e México na luta pelos direitos dos trabalhadores. O evento foi importante para que a CSB apresentasse o exemplo de resistência do movimento sindical brasileiro como forma de contribuir com os irmãos mexicanos na luta por melhores e maiores condições de trabalho e vida.

Para o vice-presidente, as intervenções dos conferencistas foram de alto nível, o que permitiu apoio mútuo, além de um consenso sobre a necessidade de se buscar soluções inovadoras para a resolução da crise mundial, tanto no que se refere à economia como também sobre o relacionamento mais estreito entre as nações, em particular as latino-americanas. “A integração latino-americana é necessária para as nações como maneira de superação da crise e reafirmação de nossa latinidade”, finalizou Luiz Sergio Lopes.

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