Dirigentes da Central receberam Ronaldo Nogueira nesta sexta (20) em São Paulo
O presidente da CSB e dirigentes da Central receberam, na tarde de hoje, 20, o ministro do Trabalho Ronaldo Nogueira. No encontro, Neto ressaltou que a criação de uma idade mínima para a aposentadoria será alvo de disputa no Congresso Nacional caso o governo insista em levar a proposta adiante. O encontro aconteceu na sede do Sindpd, em São Paulo.
De acordo com Antonio Neto, a fixação de uma idade mínima para a aposentadoria já foi estabelecida no ano passado, de forma indireta, com a aprovação do fator progressivo 85/95. Com a medida, até 2026 já será praticamente impossível para qualquer trabalhador se aposentar antes dos 65 anos.
Por isso, para o dirigente, não há necessidade de criação de uma idade mínima. “Essa maldade já foi feita pelo governo anterior quando inventou o que chamamos de 85/95 progressivo. É só termos paciência de esperar dez anos”, argumenta.
A CSB faz parte do grupo de trabalho criado pelo governo federal para tratar de possíveis mudanças na Previdência. Sobre o posicionamento da Central no caso de o governo insistir no estabelecimento da idade mínima, o presidente da CSB afirmou que a ideia não terá apoio. “Não teremos dificuldade nenhuma em dizer: sinto muito, governo, se essa é a sua proposta, nós não podemos acompanhá-lo, vamos disputar no Congresso”, disse.
O ministro Ronaldo Nogueira também falou sobre a criação do grupo de trabalho. “A iniciativa do presidente em exercício Michel Temer em formar esse grupo de trabalho e autorizar que eu visite todas as centrais sindicais, as federações dos sindicatos, é justamente para dizer da disposição do governo em ter os trabalhadores como parceiros nessa mesa, em que os trabalhadores têm por direito e também o dever de serem protagonistas na formatação de qualquer marco regulatório que porventura venha impactar diretamente na vida do trabalhador”, explicou.
O presidente da Central afirmou que, antes de pensar em tirar direitos dos trabalhadores, o governo precisa focar em outras maneiras de resolver a situação da Previdência, principalmente aumentando a sua arrecadação.
Para isso, Neto citou pontos como a taxação de empresas exportadoras de agronegócio que hoje não recolhem a contribuição previdenciária; a cobrança de empresas que hoje devem bilhões para a Previdência; e a tributação de jogos de azar no País, entre outras medidas.
Diálogo
Ronaldo Nogueira deu garantias de que nenhuma mudança trabalhista será feita pelo governo sem que haja consulta e participação efetiva das entidades sindicais nas negociações. “As centrais sindicais terão assento permanente no Ministério. Nenhuma medida será anunciada sem antes ser construída uma base sindical”, reforçou o ministro. “O trabalhador não será surpreendido. Eu conheço o trabalhador, sou trabalhador e sei do interesse do trabalhador no que diz respeito ao desenvolvimento”, disse.
Segundo o ministro, “qualquer marco regulatório que diga respeito ao trabalhador será construído pelo trabalhador”. “O trabalhador estará junto na mesa nessa construção. O trabalhador sabe muito bem diferenciar o que é direito e o que é privilégio. O trabalhar não quer privilégio, o trabalhador quer preservar e aprimorar os direitos. E esse é o grande desafio que nós temos nesse momento no nosso País”, destacou Nogueira.
O presidente da CSB, por sua vez, afirmou ao ministro que a Central e os sindicatos filiados querem colaborar de forma ativa para ampliar a importância e o protagonismo do Ministério do Trabalho.
“Só os dirigentes sindicais sabem da importância do Ministério do Trabalho, seja na fiscalização das convenções e acordos coletivos, seja no cumprimento das leis, na proteção da saúde e segurança do trabalhador. O senhor tem aqui um parceiro para ajudar a construir um dos maiores e melhores ministérios do Trabalho da história do País”, completou Neto.
Sobre o aprimoramento das políticas voltadas à pasta, Ronaldo Nogueira ressaltou que elas precisam ser desenvolvidas “tanto no aspecto da fiscalização para combater o trabalho infantil, para combater a informalidade, o trabalho escravo e programas voltados a qualificação profissional, para que o trabalhador possa ter oportunidades para ter acesso a qualificação”. “O mercado muitas vezes reclama que falta mão de obra qualificada, então o Ministério do Trabalho vai fazer a sua parte no sentido de oferecer diversidade de qualificação profissional, com outras habilidades profissionais, para os trabalhadores serem inseridos no mercado de trabalho”, completou.
Dirigentes da Central presentes ao encontro reafirmaram a parceria entre a Entidade e o ministério do Trabalho. “A CSB é uma parceira do ministério do Trabalho, e nós defendemos um protagonismo, como sempre foi a tradição, desde Getúlio Vargas, porque esse Ministério do Trabalho é muito importante. Ele deve ser protagonista, deve ser fortalecido economicamente e nós gostaríamos muito que essa reunião estreitasse esses laços”, falou o vice-presidente da Central, Alfredo Ferreira de Souza.
Para o secretário-geral da entidade, Alvaro Egea, a presença do ministro evidencia a vontade dele em dialogar com as categorias. “Essa visita mostra, no primeiro passo, que está disposto a conversar com os trabalhadores, senão não estaria presente aqui. É assim que nascem os primeiros projetos”, destacou.
Maria Aparecida Feliciani, 1ª secretária da Central, também enfatizou a parceria. “Estamos juntos nessa transição e vamos sempre defender os trabalhadores. É muito bom saber que o senhor está do nosso lado”, disse.
Para Cosme Nogueira, secretário de Formação Sindical, o ministro está no caminho certo. “Está começando bem, começando a ouvir a classe trabalhadora nesse momento importante que passa o País. Esperamos abertura para colocarmos as nossas ponderações”, falou o dirigente.
O presidente da Fundacentro, que também compôs a mesa do encontro com o ministro, se colocou à disposição das centrais e do Ministério. “Estamos à disposição da CSB e dos sindicatos ligados à Central. A Fundacentro cuida da saúde do trabalhador, que é uma das preocupações do ministro. Por isso estamos à disposição”, finalizou Luiz Henrique Rigo Muller.