Compra da FMU pelo grupo Laureate é ruim e amplia a desnacionalização do ensino brasileiro
A compra da instituição educacional Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU) pelo grupo americano Laureate International Universities, dono da universidade Anhembi Morumbi, por R$ 1 bilhão, aprofunda um movimento extremamente negativo para a educação brasileira, que é a concentração do setor sob o domínio externo.
Esta ameaça começou a se consolidar em abril deste ano com a fusão das empresas Kroton Educacional S.A. e Anhanguera Educacional, uma transação que resultou em uma companhia cujo valor de mercado é estimado em R$ 14,1 bilhões.
Este modelo é nocivo para a educação, pois a transformação do ensino em mercadoria – com o objetivo principal no lucro – inevitavelmente achatará o salários dos profissionais do setor, criará o domínio externo sobre a massa intelectual brasileira e tira das mãos do País o controle sobre o fruto dos investimentos em tecnologia e pesquisa.
A CSB condena este verdadeiro monopólio internacional ao ensino brasileiro e defende maior celeridade na ampliação das universidades públicas, transformando os programas como o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e o Programa Universidade para Todos (Prouni) em medidas paliativas, e não em programas permanentes, que acabam por fomentar o objetivo dos grandes conglomerados internacionais: o lucro. Este incentivo ao lucro das empresas acaba por minar as políticas de ampliação de vagas nas universidades públicas para alunos de baixa renda.
O absurdo evidencia-se ainda mais na divulgação do ranking da participação de mercado dos cinco grandes grupos educacionais do Brasil. Anhanguera/Kroton, Estácio, Unip, Laureate/FMU e Uninove detêm 33,1% de participação do mercado de universidades, segundo publicou o jornal Folha de S.Paulo, em 24 de agosto.
Este número representa a concentração do sistema de ensino brasileiro nas mãos de conglomerados interessados no capital que milhões de alunos do Brasil darão ao empresariado internacional, em troca da queda vertiginosa da qualidade da educação.
O consultor Carlos Monteiro – em entrevista à Folha – prevê que o setor deve ser dominado pelos grandes grupos em poucos anos. “Todos esses grandes grupos têm obsessão por redução de custos, e a folha de pagamento é a maior despesa. Vejo constantes melhoras no espaço físico, no layout, mas nem tanto no ensino em si”, afirmou o especialista na área de educação.
O anúncio da compra da FMU veio acompanhado da informação de que o negócio ainda depende de aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). É imprescindível que haja uma lei que fiscalize e controle essas negociações, para que as empresas não implantem aqui sua cultura e ideologia – numa espécie de colonização do ensino – e para que a educação brasileira não fique refém da ganância do capital estrangeiro.
A CSB rechaça o apoderamento internacional do ensino brasileiro. Não se pode tratar a educação como mercadoria qualquer, sob um regime de rentabilização que macula os investimentos em pesquisa e desenvolvimento tecnológico tão caros ao progresso de uma nação.
Central dos Sindicatos Brasileiros – Secretaria Nacional da Juventude da CSB