Com o apoio da CSB, aumentam as manifestações e greves contra o arrocho salarial

Até a metade do mês de março, cerca de 2750 trabalhadores reuniram-se em 20 manifestações

Em defesa dos direitos e interesses dos trabalhadores brasileiros e comprometidos com o desenvolvimento e a justiça social, os sindicatos e as federações filiadas à CSB iniciaram o ano de 2016 empenhados nas conquistas das mais diversas categorias em todo o País. Até a metade do mês de março, foram mobilizados cerca de 2750 trabalhadores em mais de 20 manifestações organizadas pelas entidades – quase dois terços do número de greves computado pelo DIEESE.

De acordo com o balanço parcial do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos para o primeiro trimestre do ano, desde janeiro até o momento ocorreram 34 manifestações entre funcionários de empresas estatais, privadas e do poder executivo nacional. Destas, onze foram motivadas por atrasos de salários, sete por reajustes salariais e cinco pela apresentação de programas de Participação nos Lucros e Resultados (PLR), reivindicações que fazem parte das bandeiras de luta dos setores representados pela Central.

Ao reunir 600 trabalhadores, os servidores públicos municipais foram a categoria que abriu os trabalhos do ano na busca pelo atendimento dessas demandas. A greve e passeata que ocorreram em Carmo do Rio Claro (MG), cidade a 363 km da capital Belo Horizonte, aconteceu no dia 21 de janeiro e protestou contra os atrasos salariais, o não pagamento do 13º salário e por um reajuste de 10%.

Passeata do servidores de Carmo do Rio Claro (MG).
Passeata do servidores de Carmo do Rio Claro (MG).

Organizada pela Federação Única Democrática de Sindicatos das Prefeituras, Câmaras Municipais, Empresas Públicas e Autarquias de Minas Gerais (FESERP/MG), a manifestação que se concentrou em frente ao Almoxarifado da Administração Municipal ainda cobrou um parecer da então prefeita Maria Aparecida Vilela (PR), que teve o mandato cassado após ser acusada a autorizar gastos em 2015 “sem que houvesse saldo no orçamento do município” conforme informações do Portal G1 – Sul de Minas.

De acordo com Cosme Nogueira, secretário de Formação Sindical da CSB e presidente da Federação, é o esforço de cada entidade e o apoio da Central aos trabalhadores que fortalecem o movimento e geram resultados como o colhido em Carmo do Rio Claro. “Essa é a concepção de sindicalismo: estar na rua junto dos trabalhadores, estar junto à base, acompanhando o dia a dia do sindicato. E a CSB é uma central de consciência coletiva, que realmente fortalece as lutas da nossa base. Por isso, ela é uma Entidade que está se consolidando como uma das mais importantes centrais sindicais e é a que mais cresce no Brasil”, destaca o dirigente.

A FESERP/MG, a Federação dos Servidores Públicos Municipais do Estado do Espírito Santo (Fespumees) e o Sindicato dos Agentes de Atividades Penitenciárias do Distrito Federal (SINDPEN/DF) também encabeçaram cinco das últimas mobilizações realizadas com o respaldo da Central entre os dias 14 e 17 de março.

Com a promoção de paralisações, passeatas, protestos em frente aos prédios das prefeituras e ao Palácio do Buriti (sede do governo do DF), os servidores de Ijaci e São Sebastião do Paraíso (MG), professores da rede municipal de Bertópolis (MG), funcionários públicos de Ibiraçu (ES) e os agentes penitenciários do Distrito Federal foram às ruas para reivindicar reposição salarial, reajuste no vale-alimentação, pagamento de salários até o quinto dia útil, adequação dos vencimentos, posicionamento da administração pública, celeridade na promoção de concursos e melhores condições de trabalho.

Ibiraçu
Protesto dos servidores de Ibiraçu (ES).

Segundo o secretário dos Servidores Públicos da CSB e presidente da Fespumees, Jorge Nascimento, o Espírito Santo já contabiliza dez municípios em manifestações. Apenas na cidade de Ibiraçu, 700 servidores se mobilizam. “Essas manifestações mostram que os servidores estão insatisfeitos com o massacre que vem acontecendo à categoria durante todos esses anos. Por esta razão, é muito importante ter uma central como a CSB, que realmente tem compromisso com os trabalhadores”, afirma Nascimento.

Na mesma semana, ainda houve greve dos trabalhadores rurais em Flórida Paulista (SP); manifestação do Sindicato dos Servidores Municipais de Marataízes, Presidente Kennedy e Iconha (ES) e mobilização em Santa Leopoldina (ES).

Os mototaxistas do Amazonas é outra categoria em luta no País. Na manifestação de 15 de março, 350 trabalhadores reivindicaram segurança e fiscalização para coibir a circulação de motocicletas clandestinas que exercem a profissão ilegalmente no estado.

Após o protesto organizado pela Federação Interestadual das Regiões Norte e Nordeste dos Trabalhadores em Transportes de Mototaxistas, Motoboys, Motofretes e Taxistas (Fenordest) e pelo Sindicato dos Profissionais Mototaxistas de Manaus (Sindmoto/AM), a Superintendência Municipal de Transportes Urbanos (SMTU), comprometeu-se a trabalhar nas pautas levantadas.

Metalúrgicos e Enfermeiros

O Sindicato dos Metalúrgicos de Itatiba e o Sindicato dos Enfermeiros do Estado do Pará (SENPA) também arregaçaram as mangas nos meses de fevereiro e março de 2016. Funcionários de grupos como Sogefi, de Jarinu, e Condupar, fabricante de condutores elétricos em Itatiba, realizaram paralisações em cobrança a mais de 17 benefícios.

Paralisação organizada pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Itatiba (SP).
Paralisação organizada pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Itatiba (SP).

Na cidade de Jarinu, os trabalhadores manifestaram a favor de um programa de PLR, convênios odontológicos, ambulatório, auxílio-creche, ventiladores para refrigeração do ambiente de trabalho, banheiros em boas condições de higiene e até mesmo instalação de bebedouro de água, entre outras reivindicações. Já em Itatiba, os cortes do vale-alimentação, convênio médico e a falta de um refeitório adequado às refeições dos funcionários da Condupar insurgiram os trabalhadores à mobilização nos portões da empresa.

Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da cidade, Igor Tiago Pereira, “diante da crise enfrentada pelo País, o sindicato compreende as dificuldades das empresas, mas elas também precisam entender o lado de seus funcionários”. “O Sindicato e a CSB continuam nesta luta porque sabem que este é um direito inalienável do trabalhador”, afirma Pereira.

Durante o II Congresso da CSB, a vice-presidente da Central e presidente do SENPA, Antonia Trindade, também relembrou a realidade dos profissionais da saúde. Segundo a dirigente, “a enfermagem hoje tem mais de 2,5 milhões de trabalhadores que estão adoecendo devido à precarização das condições de trabalho”. “Quem cuida da nossa saúde está doente, por isso precisamos que os sindicalistas se unam”, convocou.

Manifestação dos enfermeiros de Belém (PA).
Manifestação dos enfermeiros de Belém (PA).

Contra projetos de redução de postos de trabalho – como o PL do prefeito Zenaldo Coutinho, de Belém (PA) – e em defesa do Instituto de Assistência aos Servidores do Estado do Pará (IASEP) e do Plano de Assistência à Saúde (PAS), os enfermeiros fizeram atos públicos na Câmara Municipal e no Palácio dos Despachos (quartel general da Polícia Militar no município) no início dos meses de fevereiro e março, quando ainda houve manifestações dos servidores de Governador Valadares, Gameleiras e Crisólita (MG).

1100 trabalhadores e Direito de Greve

Apenas dois protestos dos mais de vinte apoiados pela CSB reuniram cerca de 1100 trabalhadores. O mais recente, promovido pela Fespumees nos dias 8 e 10 de março, mobilizou 600 servidores municipais de Marechal Floriano (ES) em uma greve geral por reajuste salarial – o que não ocorria há dez anos. O segundo foi mais um protesto dos mototaxistas do Amazonas, que concentrou 500 trabalhadores em frente ao prédio da Câmara Municipal de Manacapuru.

De acordo com a vice-presidente da CSB Rita de Nazaré Melo Dias, uma das representantes da Central no Amazonas, o que os trabalhadores exigem é uma organização por parte das administrações municipais, estaduais e federal para exercerem suas profissões com dignidade. “A categoria dos mototaxistas, por exemplo, é fundamental para o transporte urbano de passageiros porque eles são essenciais principalmente em cidades onde não há investimentos em transporte público de qualidade”, exemplifica a dirigente.

Mobilização dos mototaxistas de Manacapuru (AM).
Mobilização dos mototaxistas de Manacapuru (AM).

A CSB é defensora inveterada do direito de mobilização e greve (Lei 7.783/1989) garantido pela Constituição Federal. Este direito, como afirma o procurador Regional do Trabalho da 7ª Região do Ceará, doutor em direito constitucional pela Universidade Federal de Pernambuco e professor adjunto da Universidade Federal do Ceará – onde criou o GRUPE (Grupe de Estudos e Defesa do Trabalho e do Processo Trabalhista) –, Francisco Gérson, “é o único grito dos trabalhadores para reivindicar seus direitos e condições de trabalho”, que a Central jamais deixará emudecer.

Clique aqui para ver a galeria de fotos com as greves e mobilizações apoiadas pela CSB

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