Centrais sindicais preparam protestos e manifestações para pedir revogação das medidas provisórias
As centrais sindicais se reuniram nesta terça-feira (13), em São Paulo, para discutir as medidas provisórias anunciadas pelo governo federal no dia 29 de dezembro e traçar um plano contra as demissões no setor automotivo. Segundo as centrais, é preocupante que um governo que tenha manifestado a intenção de manter o diálogo com os representantes dos trabalhadores anuncie medidas que retiram direitos trabalhistas e previdenciários.
Segundo Carmen Foro, presidente em exercício da Central Única dos Trabalhadores (CUT) nacional, as centrais sindicais pedirão a revogação das medidas provisórias aos ministros do Trabalho, Manoel Dias, e da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rosseto, em reunião agendada para o dia 19 de janeiro, na sede da Força Sindical, em São Paulo. “Exigiremos a revogação das medidas provisórias. Para isso, preparamos fortes protestos e manifestações em todo o Brasil. Não podemos permitir esse retrocesso”, diz Carmen.
As maiores preocupações das centrais sindicais são em relação às resoluções do abono salarial e seguro-desemprego.
No caso do abono salarial, a carência para ter direito ao benefício será elevada de um mês para seis meses ininterruptos de trabalho. O pagamento será proporcional ao tempo trabalhado no ano base, como ocorre com o pagamento proporcional do 13º salário.
Já sobre o seguro-desemprego, o governo elevou o período de carência de seis para 18 meses na primeira solicitação e para 12 meses na segunda solicitação. A partir daí, volta a valer a carência de seis meses.
Dia de luta contra demissões será em 26 de janeiro
As centrais também marcaram para o dia 26 de janeiro o Dia Nacional de Luta contra as demissões nas montadoras. “Não podemos permitir que o governo faça ajuste econômico em cima de prejuízos aos trabalhadores. Se não tivermos as demandas atendidas, o movimento será nacional”, disse Carmen Foro.
Além das MPs do governo, o encontro de hoje em São Paulo foi causado pelas demissões de trabalhadores da Volkswagen e Mercedes-Benz, nas unidades de São Bernardo do Campo. Nos últimos dias de dezembro, foram demitidas 800 e 260 pessoas, respectivamente nas fábricas. As montadoras alegam que o cenário econômico (baixa atividade, crédito escasso e endividamento das famílias) e os resultados negativos (recuos de 7,1% nas vendas e 15,3% na produção) obrigam a um rearranjo no número de trabalhadores nas unidades fabris.
No entanto, a Volkswagen global divulgou ontem ter alcançado uma meta em 2014, o “Grupo Volkswagen entrega mais de dez milhões de veículos pela primeira vez”. No mundo, foram entregues 10,14 milhões de unidades entregues aos clientes entre janeiro e dezembro de 2014 (aumento de 4,2% em relação a 2013).
Antônio Neto, presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), afirma que as montadoras demitem como forma de chantagear o governo para conseguir novos subsídios, como a isenção e redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que foi finalizado em dezembro. “Não podemos permitir que o governo seja chantageado com as demissões. As montadoras já foram muito beneficiadas, o que levou as multinacionais do setor automotivo a fazer remessas de US$ 16 bilhões [R$ 42,37 bilhões] nos últimos cinco anos paras as matrizes.
Fonte: Maíra Teixeira – iG São Paulo