Governador reage a proposta de Alckmin de captar água do Paraíba do Sul para SP
Projeto visa atenuar crise de abastecimento paulista; tucano diz que é preciso aproveitar melhor os recursos
O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), disse que “jamais permitirá que se retire água que abastece o povo fluminense” e que “nada que prejudique o abastecimento das residências e empresas do Estado será autorizado”.
As afirmações, feitas ontem por meio do Twitter, se referem à proposta de transposição do rio Paraíba do Sul, feita pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) em meio à ameaça de racionamento no Estado de São Paulo.
O tucano pediu à presidente Dilma Rousseff (PT) aval federal para captar parte da água que abastece o Rio. O Palácio do Planalto pediu uma análise da ANA (Agência Nacional de Águas).
Na quarta-feira, Cabral tinha dito que, antes de decidir se concordaria com a proposta, esperaria laudos técnicos de órgãos ambientais. Antes da declaração do governador do Rio, Alckmin afirmou que o Estado também seria beneficiado.
Isso porque, pelo projeto, quando faltar água para o Rio e houver excesso no sistema Cantareira, que abastece 8,8 milhões de pessoas na Grande SP, também haveria uma transferência semelhante.
“Vamos dar todas as garantias e garantir as vazões mínimas [do rio Paraíba]”, disse Alckmin. “É preciso ter um aproveitamento melhor das águas. O Rio de Janeiro também será beneficiado.” “Interligando dois grandes reservatórios, todos ganham. Há uma sinergia”, afirmou.
Alckmin admite, porém, que o Cantareira seria mais beneficiado. “Claro que o Paraíba é maior. É um gigante. Ele vai mais ajudar do que ser ajudado”, disse, em referência à bacia que é responsável por abastecer 15 milhões de pessoas, 11 milhões só no Rio.
Pelo plano de Alckmin, a interligação do Cantareira com a bacia do Paraíba do Sul demoraria 18 meses para sair do papel –e seria responsabilidade da Sabesp, pelo custo de R$ 500 milhões.
O plano de recursos hídricos do Rio prevê que a demanda local por água aumentará até 40% nos próximos 16 anos.
Gerente de meio ambiente da Firjan (Federação das Indústrias do Rio), Luis Augusto Carneiro Azevedo afirma que o Estado é pobre em alternativas de abastecimento.
“Enquanto o sistema de São Paulo tem nove alternativas, o Rio tem apenas uma, que é o próprio Paraíba do Sul.”
Professor de engenharia sanitária da Uerj (Universidade do Estado do Rio), Adacto Ottoni considera que o problema não é o baixo nível dos rios e reservatórios, mas a ingerência de governos sobre os recursos hídricos.
Fonte: Folha de S.Paulo