Eles foram acusados de conluio para influenciar taxas referenciais ao alinhar posições e levar a cabo transações ao mesmo tempo
Seis dos maiores bancos do mundo vão pagar mais de US$ 6 bilhões em multas, e cinco deles concordaram em se declarar culpados de acusações ligadas a uma investigação sobre manipulações nos mercados. O Departamento de Justiça dos Estados Unidos anunciou ontem, em Washington, que Citicorp, J.P. Morgan Chase, Barclays e Royal Bank of Scotland (RBS) concordaram em se declarar culpados das acusações de conspiração para manipular as cotações do dólar e do euro.
A principal unidade bancária do UBS Group concordou em se declarar culpada em uma fraude eletrônica ligada à manipulação de taxas de juros. O banco suíço, o primeiro a cooperar com as autoridades antitruste, ganhou imunidade na investigação envolvendo o câmbio. Os quatro bancos que se declararam culpados de manipulação do câmbio estão entre os maiores operadores desse segmento no mundo.
Eles foram acusados de conluio para influenciar taxas referenciais ao alinhar posições e levar a cabo transações ao mesmo tempo. Operadores que se descreveram como membros de um grupo conhecido como “O Cartel”usaram salas de bate-papo na internet para discutir posições antes do estabelecimento das taxas e para abafar a concorrência no mercado, disse o Departamento de Justiça.
O esquema foi “uma amostra descarada de conluio”, disse a procuradora-geral Loretta Lynch, em um comunicado. “Este Departamento de Justiça pretende processar com vigor todos aqueles que tentarem fazer o sistema econômico trabalhar a seu favor, que subverterem nossos mercados e enriquecer à custa dos consumidores americanos”, disse.
Os acordos elevam as multas totais e penalidades pagas pelos cinco bancos para colocar um fim às investigações sobre as fraudes no câmbio para cerca de US$ 9 bilhões, segundo o Departamento de Justiça. Sob os termos do acordo com o Departamento de Justiça, o Citigroup, controladora do Citicorp, vai pagar US$ 925 milhões, a maior multa entre os bancos penalizados. O Barclays concordou com uma multa de US$ 650 milhões. O J.P. Morgan vai pagar US$ 550 milhões e o Royal Bank of Scotland US$ 395 milhões. O UBS pagará US$ 203 milhões.
Separadamente, o Federal Reserve (Fed) impôs multas de mais de US$ 1,6 bilhão aos cinco bancos por “práticas inseguras e não confiáveis”. O Barclays, com sede em Londres, vai pagar um adicional de US$ 1,3 bilhão como parte de acordos firmados com o Departamento de Serviços Financeiros de Nova York, a Commodity Futures Trading Commission (CFTC) e a Financial Conduct Authority (FCA) do Reino Unido. Como parte de seu acordo com o superintendente bancário de Nova York, Benjamin Lawsky, o Barclays concordou em demitir oito funcionários envolvidos nas operações de câmbio.
O Fed também multou o Bank of America (BofA) em US$ 205 milhões por ele não ter detectado e reparado a conduta de operadores que discutiram a possibilidade de entrar em acordos para a manipulação do câmbio, segundo afirma um comunicado. “A solução virá de nossas provisões existentes”, disse Lawrence Grayson, um porta-voz do BofA. As penalidades representam as primeiras resoluções criminais de uma investigação de dois anos sobre o câmbio, que ainda está em andamento, disse Andrew McCabe, diretor-assistente encarregado do escritório central do FBI em Washington.
O Citigroup anunciou ontem que vai pagar ainda US$ 394 milhões para encerrar sua parte em um processo privado em que investidores o acusam de manipular taxas de câmbio. Outras instituições financeiras, como o Deutsche Bank e o HSBC Holdings, ainda estão sendo investigadas. Casos contra operadores individuais também poderão surgir, segundo fontes.
Os acordos mostram o desejo dos executivos dos bancos de pôr um fim nos últimos grande casos legais que perseguem o setor. Escândalos envolvendo a venda agressiva de bônus hipotecários e a manipulação de taxas de juros ajudaram a reforçar a visão de que algumas firmas são grandes demais para serem administradas adequadamente e portanto deveriam ser cindidas. “A conduta descrita nos autos de processo do governo é um grande desapontamento para nós”, disse Jamie Dimon, executivo-chefe e presidente do conselho de administração do J.P. Morgan.
Fonte: Valor Econômico – Por David McLaughlin, Gavin Finch e Tom Schoenberg