Após 30 dias de greve, servidores do Mato Grosso resistem à pressão do governo

Fórum Sindical ainda aguarda uma proposta mais justa

A greve dos servidores do estado do Mato Grosso entra, nessa quinta-feira (30), no seu trigésimo dia de paralisação. Representada pelo Fórum Sindical, os trabalhadores ainda aguardam do governo uma proposta mais sensata para o pagamento da Revisão Geral Anual (RGA). Aproximadamente 15 categorias continuam de braços cruzados, enquanto outras tiveram suas greves interpretadas como ilegais pela justiça.

Segundo Antônio Wagner de Oliveira, membro do Fórum Sindical, coordenador da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) no Mato Grosso e diretor do Sindicato dos Profissionais da Área Instrumental do Governo (SINPAIG-MT), a atual administração jogou as responsabilidades da negociação para os deputados estaduais.

Essa43201dd1-511d-4c2e-be0e-d21b8c16f1bc“Fizemos dezenas de reuniões com os deputados para tentar ampliar o debate e trazer uma proposta mais razoável aos servidores. O governo mandou a proposta para Assembleia Legislativa e, desde então, temos nos mobilizados na Assembleia dia, tarde e noite. Esse governo tirano está jogando toda responsabilidade para os deputados, que estão bem chateados com eles”, disse o dirigente.

Ainda segundo Wagner, o clima durante as negociações é de muita tensão. O líder do governo ofendeu um sindicalista, e um deputado, além de desrespeitar algumas servidoras, fez um gesto obsceno para os trabalhadores do estado que estavam na galeria da Assembleia.

“Tivemos reuniões tensas. Em uma delas, os seguranças não permitiram a entrada dos servidores no plenário e isso quase ocasionou um confronto.  Depois de muita conversa,  descobrimos que estava havendo uma manobra, onde tentavam lotar o plenário com funcionários da casa, para não permitir a entrada dos servidores. Em outra oportunidade, um dos nossos sindicalistas foi chamado de moleque e vagabundo pelo líder do governo, e um deputado xingou as servidoras e mostrou o dedo do meio para todos”, completou.

A última proposta feita pelos deputados aconteceu na noite de terça-feira (28) e foi de 7,36% dos 11,28% do RGA. Ela seria paga em três parcelas. A primeira, de 2%, em setembro e as outras duas, de 2,68%, seriam pagas nos dois primeiros meses de 2017. Os 3,92% restantes seriam pagos também em 2017, mas condicionado ao índice de 49% da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Essa condição tem desagradado muito os sindicalistas.

“Vamos levar essa proposta para nossa assembleia geral, mas a questão é que ela não foi oficializada. Acho difícil que ela seja aprovada pela base, pois a LRF [Lei de Responsabilidade Fiscal] é uma obrigação do governo se manter dentro dela, e não dos servidores. É algo que foge da nossa governabilidade. Não podemos aceitar nada que condicione a LRF”, explicou Wagner.

A proposta oficial do governo, aprovada na manhã da última segunda-feira (27) em sessão extraordinária na Assembleia, é de 6% dos 11,28%. O projeto, que ainda precisa ser apreciado em segunda votação, pode ser substituído.

essa_17fce596-b703-4e93-852a-4e501abbef7dOutra notícia que pode causar uma grande reviravolta nas negociações é a legitimidade da greve para o setor da educação, concedida pelo Tribunal de Justiça do estado, que indeferiu na última terça-feira (28) o pedido de encerramento da greve feita pelo governo. “É uma decisão pesada contra o governo e que dá força para o movimento”, finalizou o representante da CSB.

As mobilizações dos servidores do estado do Mato Grosso tiveram início após o atual governador do estado, Pedro Taques (PSDB), anunciar que não seria pago o RGA de 11,28% dos servidores do Executivo, que está previsto em lei. Foram protestos, paralisações, atos na Assembleia e na Secretaria de Planejamento, caminhadas e acampamento, que mostraram ao governo o tamanho do descontentamento dos trabalhadores.

 

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