Central dos Sindicatos Brasileiros

Agentes penitenciários do DF pedem 500 contratações em ato no Buriti

Agentes penitenciários do DF pedem 500 contratações em ato no Buriti

Aprovados no último concurso para agentes penitenciários do Distrito Federal fizeram uma ato de protesto na tarde desta segunda-feira (3) em frente ao Palácio do Buriti, no Eixo Monumental. Segundo a categoria, seria preciso contratar pelo menos 500 novos agentes para garantir a “sobrevivência” do sistema penitenciário até 2018.

Os integrantes do protesto fizeram o concurso em 2014 e já passaram por prova objetiva, teste de aptidão física, exame psicotécnico e investigação de vida pregressa. Última etapa para a nomeação, o curso de formação estava marcado para começar no próximo dia 17, mas foi suspenso pela Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão.

“Pessoas compraram o enxoval e passagem para vir [de outros estados]. Tem pessoas com expectativa de sair do emprego para fazer o curso”, afirma uma das integrantes do ato, que não quis se identificar. O “enxoval” citado corresponde ao uniforme dos agentes, que inclui camisa, calça, coturno, cinto tático e boné.

No fim da manhã, membros da comissão de aprovados e do Sindicato dos Agentes Penitenciários do DF (Sindpen) se reuniram com a secretária de Segurança Pública, Márcia de Alencar, para debater o tema. Em nota, a pasta informou que “se comprometeu a fazer as gestões necessárias para atender aos pedidos”.

De acordo com o representante dos aprovados, Victor Barreiro, cerca de 500 concursados estiveram no local a partir das 11h. Por volta das 14h, 60 ainda permaneciam em frente ao Buriti. No ato, o grupo pedia a manutenção do cronograma original do concurso e o início do curso de formação no próximo dia 17.

Segundo a Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão, o curso seria ministrado pela Segurança Pública, mas foi ampliado para incluir todos os candidatos “recomendados” – ou seja, não eliminados nas fases anteriores. Com isso, uma instituição terá que ser contratada para dar as aulas.

Ainda de acordo com o Planejamento, a mudança inviabilizou o cumprimento do cronograma. A nova data para o curso será divulgada “15 dias após a assinatura do contrato de prestação de serviço” – o que não tem data para acontecer.

Emendas
O presidente do Sindpen, Leandro Allan, afirma que os deputados distritais Ricardo Vale (PT) e Wellington Luiz (PMDB) destinaram emendas de R$ 300 mil e R$ 500 mil, respectivamente, para a realização do curso. Mesmo com essa indicação, segundo ele, o dinheiro foi bloqueado.

“Por mês, entram cerca de 120 presos nas unidades. É uma situação de insegurança, de impossibilidade garantir a integridade física tanto dos apenados, quanto dos servidores e das famílias”, diz. “Estou prevendo que vão alegar problema de responsabilidade fiscal para não contratar. Mas o sistema não sobrevive mais sem pessoal.”

Baixo efetivo
Victor Barreiro afirma que em 2008, quando foi realizado o primeiro concurso para a categoria, havia 1,6 mil agentes para cuidar de cerca de 5 mil presidiários. Hoje, segundo ele, há 1.287 agentes para 15 mil presos. Parâmetro definido pelas Nações Unidas determina que o ideal seria um agente penitenciário a cada três internos.

Por esses números, atualmente, cada agente penitenciário do DF é responsável pelo acompanhamento de 12 presos. Se o governo fosse atender ao parâmetro da ONU, seria preciso multiplicar a força de trabalho por 4, contratando 3.713 funcionários.

Na sexta (28), o governo do DF anunciou que continuava acima do limite da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) nos gastos com pessoal. Entre as restrições da lei, está o impedimento de criar cargos.

Segundo o sindicato, a desproporcionalidade entre agentes e presidiários fez com que a entidade modificasse o regime de visitas de familiares – antes semanais, passaram a ocorrer em intervalos de 21 dias.

Fonte: G1