Reposição abaixo da inflação afeta 5,8 mil trabalhadores da Corsan
Em protesto contra o reajuste salarial de 2,8% proposto pelo governo do estado do Rio Grande do Sul, cerca de 300 funcionários da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) se mobilizaram, na última terça-feira (15), em frente à sede da empresa, em Porto Alegre. A manifestação reuniu trabalhadores de seis unidades da estatal – Canoas, Esteio, Sapucaia do Sul, Cachoeira do Sul, Minas do Leão e capital –, que também são contrários à privatização da autarquia.
De acordo com a presidente do Sindicato dos Assistentes Sociais do RS (SASERS) e 1ª secretária da Mulher Trabalhadora, Eliane Gerber, o acordo coletivo que deliberaria a reposição inflacionária de mais de 5 mil profissionais deveria ter fechado em abril, mas o percentual só foi apresentado no começo de agosto – fato que foi apontado pela dirigente como uma estratégia do governo para empurrar a negociação a novembro, mês de aplicação da reforma trabalhista. Segundo Gerber, o objetivo da administração pública é “ter justificativas legais para mexer em cláusulas históricas do acordo da categoria”.
“O governo do Rio Grande do Sul trabalha na mesma lógica do governo federal: apostando no desmonte das leis trabalhistas para fazer caixa. Não há qualquer argumento que justifique a oferta de reposição salarial abaixo da inflação, já que a autarquia apresenta lucros significativos. A Corsan obteve um lucro de R$ 208,9 milhões e, mesmo assim, o governo Sartori [José Ivo Sartori, governador do estado] mantém sua política de desvalorização do funcionalismo e acena privatizar os serviços de saneamento. Isso gera revolta e indignação nos servidores da Companhia e do movimento sindical, que vinha numa sequência histórica de avanços nas negociações com outras gestões”, relata.
Apoiados pela CSB e os sindicatos filiados SASERS e SINDAERGS (Sindicato dos Administradores do RS), durante o protesto, os servidores paralisaram suas atividades no turno da manhã e entregaram um documento à direção da Corsan que reforça a insuficiência do reajuste salarial. Caso o governo não aceite repor os 6,29% de IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), os trabalhadores planejam uma nova paralisação.
“Há uma frente sindical de todas as categorias para garantir a assinatura do acordo. Não há como dirigentes sindicais que somos aplaudirmos um governo que aposta todas as fichas na nova legislação trabalhista, que parcela salários desde o início do mandato e não atende as lideranças representativas da sociedade civil e do movimento sindical”, garante Gerber.
Ainda segundo a dirigente, os funcionários da Corsan e os sindicatos são solidários à causa dos professores estaduais, que continuam a receber salários parcelados, e prometem manter-se firmes contra os desmandos governamentais. Durante seu mandato, Sartori já promoveu cortes no orçamento, cancelou nomeações de policiais aprovados em concurso, suspendeu o pagamento de fornecedores, extinguiu secretarias (entre elas, a de Política para as Mulheres), impediu repasses a hospitais, congelou reajuste do funcionalismo e propôs a extinção de nove fundações: a Fundação de Ciência e Tecnologia (Cientec), a Cultural Piratini (TVE e FM Cultura), a para o Desenvolvimento de Recursos Humanos (FDRH), a de Economia e Estatística (FEE), a Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro), a Estadual de Produção e Pesquisa em Saúde (FEPPS), o Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore (FIGTF), a Zoobotânica (FZB) e a Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional (Metroplan).