Segundo presidente da FNO e vice da CSB, Joana Lopes, sindicatos promoverão a mobilização “Odontologia é Mais”
Atualmente no Brasil existem mais de 290 mil dentistas, mas apenas 25 mil equipes da saúde da família, das 48 mil existentes, têm em sua formação um cirurgião-dentista. Essa despreocupação com a saúde bucal, além da desvalorização da profissão, é uma das preocupações e bandeira de luta da categoria, que comemora nesta quarta-feira (25), o dia do dentista.
A data, que coincide com a assinatura do Decreto 9.311, no qual foram criados os primeiros cursos de odontologia no Brasil, também tem sido usada para reivindicar direitos, entre eles um salário mínimo para funcionários do SUS, a criação do terceiro turno e maior acesso da população aos serviços públicos bucais.
Segundo a presidente da Federação Nacional dos Odontologistas (FNO) e vice-presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Joana Batista de Oliveira Lopes, as entidades estão de olho nos projetos que visam prejudicar a categoria, além de pretenderem construir projetos de lei.
“Nossa grande luta é para que seja aprovado o piso nacional do Sistema Único de Saúde (SUS). Existem municípios pagando salários muito baixos, descumprindo a Constituição Federal. Pretendemos, com ajuda da CSB, escrever um projeto de Lei sobre esse piso e entrar no Senado Federal. Estamos de olho no PL 3661/2012, que visa proibir o cirurgião-dentista e o técnico de saúde bucal de realizarem radiografias, exigindo um técnico em radiologia para realizar exames, o que traria prejuízos para a própria população”, disse Joana, que garante que o piso para os trabalhadores do SUS deveria ser em torno de R$ 10 mil para aqueles que têm nível superior.
Segundo levantamento da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP), a saúde bucal está longe de ser acessível para grande parte da população.
De acordo com o Conselho Federal de Odontologia, 46% dos brasileiros acham o acesso ao dentista difícil e apontam a condição financeira como principal causa. Esta inclusão da saúde bucal por meio de políticas públicas também é uma preocupação das entidades da categoria.
“Nós temos no SUS 48 mil equipes de saúde da família, temos apenas 25 mil equipes com cirurgião-dentista. A Saúde começa pela boca. Além disso, existe uma luta muito grande para colocar atenção básica no horário noturno, porque fechar as unidades às 17 horas prejudica os trabalhadores. Para irem ao dentista precisam faltar ao trabalho. Por isso, precisamos lutar pelo terceiro turno. Odontologia é uma das profissões que mais avançou, tanto em termos de tecnologia como de avanço cientifico, mas isso não está chegando para a população”, disse a presidente da FNO, que defende o aumento dos concursos públicos para trazer os melhores profissionais.
A Universidade de São Paulo (USP) foi classificada, no começo deste ano, pelo Center for World University Rankings (CWUR), como 1º lugar no curso de odontologia.
Para o dia 25, as entidades sindicais devem organizar a campanha “Odontologia é Mais”, onde haverá manifestações, cartazes, protestos e audiências públicas contra o desmonte do SUS e pela garantia ao acesso da população às ações e serviços de saúde bucal em todo Brasil.