25 de maio: Dia da Costureira

Mais de um milhão de trabalhadores comemoram uma das principais atividades-motor da indústria brasileira

Protagonistas de uma das profissões mais antigas da história da humanidade, cerca de 1,5 milhão de trabalhadoras celebram, nesta quarta-feira (25), o Dia da Costureira. Responsável, atualmente, por promover a autonomia financeira de milhares de mulheres no País, os primeiros registros do exercício da atividade surgiram há mais de trinta mil anos. Hoje, de acordo com a Associação Brasileira do Vestuário (Abravest), o setor chega a movimentar 45,4 bilhões de dólares a cada doze meses – o que torna a área uma das principais alavancas da indústria nacional.

Presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Confecção de Roupas em Geral de Barueri e Região (S.T.I. Vestuário de Barueri e Região), Marilene Guedes avalia que o resultado é fruto da alta do dólar nos últimos meses.

“O dólar subindo foi bom para a gente porque as importações diminuíram. Vinha muito produto pronto da China só para trocar a etiqueta. E, com o dólar alto, deu uma melhorada na nossa situação”, conta a dirigente. Para Guedes, a categoria é uma das mais importantes para o desenvolvimento da indústria brasileira, mas os índices de importações são uma ameaça à produção do mercado interno.

Conforme o último relatório de importações da Fundação Getúlio Vargas (FGV), publicado em 2013, das 9 bilhões de peças de vestuário consumidas no Brasil, 15% são de origem estrangeira, o que equivale a aproximadamente 1,5 bilhão de roupas.

“Se nós não produzimos, chegam mercadorias de fora e isso é ruim para a economia. Os materiais têm de ser fabricados no Brasil; temos que priorizar os tecidos brasileiros, a confecção brasileira. Acho que só assim conseguiremos aquecer a economia e não deixar que o produto externo achate nossa indústria”, ressalta a presidente do Sindicato.

Para a secretária-geral do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Confecção e de Vestuário de Guarulhos (Sindvestuario), Marcia Regina Alves, em meio à crise econômica do País, as importações também são uma das causas da perda de postos de trabalho. Segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), 100 mil postos foram fechados em 2015. “Aqui no Brasil, quando você fabrica a roupa, ela tem um custo maior do que a peça importada porque possui mais qualidade. Porém há empresas que dizem estarem encerrando as atividades por conta desta concorrência no preço”, relata.

Representante de cerca de 4 mil trabalhadores, Marilene Guedes afirma que o S.T.I. Vestuário de Barueri e Região tem registrado, de segunda a sexta-feira, oito homologações por dia. Mas, apesar do cenário, a dirigente e a secretária-geral do Sindvestuario apostam no fôlego recuperado na balança comercial para reerguer o setor e melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores. Como exemplo de conquista, ambas destacam a inclusão da cesta-básica nas Convenções Coletivas de Trabalho – também mencionada pela presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Calçados e Vestuários de Jundiaí e Região, Leoni Matias.

“Uma das maiores conquistas que nós tivemos foi a cesta-básica para a categoria. Desde 2010, todas as costureiras de Guarulhos e de mais onze municípios recebem o benefício”, destaca Marcia Regina Alves. Além de Guarulhos, o Sindvestuario representa as costureiras das cidades de Arujá, Caieiras, Cajamar, Ferraz de Vasconcelos, Francisco Morato, Franco da Rocha, Igaratá, Itaquaquecetuba, Mairiporã, Nazaré Paulista e Santa Isabel.

A presidente do S.T.I. Vestuário ainda relembra que o direito foi conquistado após cinco anos de luta e que o auxílio-creche da categoria que mais empodera a mulher no Brasil “é um dos melhores do setor”. “Essas mulheres que trabalham na área da costura muitas vezes têm o papel de pai e mãe da família. Então, nada mais digno do que ajudá-las a cumprir suas responsabilidades como profissionais, cidadãs e provedoras do lar”, ressalta.

Valorizar a participação das mulheres no mercado de confecções também é prioridade para Leoni Matias. De acordo com a dirigente, “90% dos funcionários da área em Jundiaí são mulheres”. “Elas dão tudo de si ao trabalho, à costura, contribuem para o crescimento do setor e, por isso, merecem nosso total reconhecimento”, afirma Matias.

A secretária-geral do Sindvestuario completa ao enfatizar que “não existe máquina que substitua a atividade da costureira e nunca irá existir”. “É preciso dar valor à profissional por trás de cada peça de roupa produzida”, observa Marcia Alves.

Desafios e Reivindicações

Para fazer justiça à força de trabalho que sustenta uma peça fundamental da soberania do País, o Sindicato de Barueri e Região reivindica para 2016 um reajuste salarial de 12%. “Nós estamos na luta por um salário decente porque o piso da costureira é muito baixo. Atualmente, está em R$ 1.101 para a trabalhadora ficar das 7h às 17h sentada à frente de uma máquina. É cruel”, argumenta Marilene Guedes, presidente da Entidade.

Adicional por tempo de serviço, estabilidade no retorno das férias e melhora da cesta básica são outras pautas levantadas pela categoria este ano segundo a secretária-geral do Sindvestuario. Segundo Marcia Alves, as bandeiras também fazem parte da agenda da Federação de São Paulo, que representa as costureiras no estado. “Eu sei que a crise está em todos os setores. Mas o setor de confecções merece pelo menos a cobertura do índice de inflação (10,67%)”, afirma.

A dirigente também aponta a falta de profissionais jovens na área como mais um desafio da profissão, opinião compartilhada por Marilene Guedes. “Os profissionais que existem, hoje, são trabalhadores mais antigos que irão se aposentar em breve. E devido a isso, a categoria sofre com a preocupação da escassez de mão de obra, porque o jovem não quer ingressar em uma categoria que possui um salário lamentável”, analisa a sindicalista.

A presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Calçados e Vestuários de Jundiaí assegura que a luta pela garantia da ida a consultas médicas, sem prejuízos de descontos na folha de pagamento, continua como parte da agenda da Entidade. Segundo a dirigente, “esta é uma das maiores reivindicações da categoria representada pelo Sindicato na região atualmente”.

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