Data marca união e luta de uma categoria indispensável para o desenvolvimento do Brasil
O que deveria ser um dia de festas e comemorações se transformou em uma data de união e luta pela valorização do profissional. O dia do professor, que tem origem em um decreto do Imperador D. Pedro I, que criou o Ensino Elementar no Brasil, atualmente é usado pela categoria para reivindicar direitos e batalhar contra os diversos ataques sofridos.
Segundo a professora e diretora do Sindicato dos Servidores Públicos dos Municípios de Carpina, Tracunhaém, Lagoa do Carro, Paudalho, Itaquitinga, Aliança, Vicência Macaparana e Buenos Aires (SINDEMUC), Maria Mercês, a luta pelo respeito e por melhores condições não pode parar.
“Nós lutamos tanto por melhores condições, melhores salários, mas hoje nós vivemos uma triste realidade. Precisamos de um melhor espaço físico, pois não temos um espaço digno, são salas de aulas superlotadas, sem ventilação e sem infraestrutura. Os pais estão esquecendo que educação não é escola, educação se faz em família. Nós, professores, sofremos muito com as agressões físicas e psicológicas dos nossos alunos. O dia dos professores é importante, mas seria muito mais importante se vencêssemos esses problemas e se fôssemos valorizados não somente em palavras, mas também com atitudes”, declara a professora, que também é vice-presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB).
De acordo com levantamentos do movimento Todos pela Educação, o Brasil tem 2 milhões de professores na Educação Básica. De cada 10 docentes, 8 são mulheres e apenas metade tem formação adequada. A idade média desses professores é de 40 anos.
Para o professor Adenir Segura, do Sindicato dos Professores das Escolas Públicas Municipais de Barueri e Região (Siproem), as ameaças sofridas pela categoria são contra a dignidade do profissional de educação, que muitas vezes não tem nem água potável para tomar na escola.
“Ouvimos algumas vezes que os professores têm privilégios, mas isso não é verdade. Somos profissionais que muitas vezes trabalham em escolas depreciadas e que mesmo assim vamos lá e cumprimos o nosso papel de educador. Estão tentando transferir a culpa, que é daqueles que não conseguem gerenciar o sistema educacional brasileiro para o professor”, explica.
Uma das principais lutas da categoria visa o respeito perante a sociedade e o governo, em todos os âmbitos. “A sociedade entrega hoje a educação dos filhos aos professores; o governo não consegue gerenciar o processo educacional e não acompanha a evolução da educação. Com isso, terceiriza a culpa do fracasso para nossa classe. As instituições, por sua vez, não conseguem acompanhar a modernidade e culpam o professor pela falta dos resultados que elas esperavam. A falta de respeito vem do aluno também, que não tem mais limite”, completa Segura, que garantiu que os sindicatos vêm atuando para amenizar estes problemas.
“Levamos aos governos os grandes problemas que os professores vêm enfrentando dentro de aula; por exemplo, a violência, a falta de material e estrutura, com o descaço do poder público e os baixos salários. Estamos organizando a categoria, promovemos debates, palestras, ações de mudanças e confrontos quando são necessários”, diz o dirigente, que vê no investimento uma solução para os problemas.
“Precisamos de mais investimento na educação, mais investimento no próprio professor, mais qualificação para que esse professor possa se sentir mais respaldado para os problemas que ele viria a enfrentar. Queremos que a profissão seja novamente reconhecida e valorizada, assim como os países desenvolvidos, em países onde o nível de educação seja expressivo”, finaliza o professor.