Categoria reivindica redução da jornada e melhores condições de trabalho
O dia 12 de maio, além de celebrar o Dia do Enfermeiro, também é uma data que serve de estímulo para as reivindicações de enfermeiros, técnicos e auxiliares em enfermagem. A categoria pede a regulamentação da jornada de trabalho, prevista no projeto de Lei 2295/00, que reduz de 44 para 30 horas semanais. A lei está em tramitação na Câmara dos Deputados desde 2000. Há 14 anos a categoria luta pela regulamentação. Segundo Maria Barbara da Costa, vice-presidente da CSB e presidente da Federação dos Empregados em Estabelecimento de Serviços de Saúde do Estado do Rio de Janeiro, o objetivo é promover um amplo debate a respeito das condições de trabalho dos profissionais de enfermagem, bem como tratar da regulamentação da sua jornada de trabalho.
Para Maria Barbara, o processo de trabalho na área da saúde pode ser muitas vezes repleto de tensões e contribuir para a precariedade das condições de trabalho e sobrecarga dos trabalhadores, o que contribui para aumento de falhas e afastamentos. “A redução na jornada de trabalho é só a ponta do iceberg. É necessário que seja feita uma pesquisa sobre o perfil psicológico e familiar desse profissional, pois são fatores que afetam diretamente o rendimento e a qualidade do trabalho. Há muitos casos em que o estresse acumulado junto com problemas de ordem familiar contribuíram para a redução da atenção ao trabalho e desequilíbrio físico e emocional”, afirma.
O Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) fez uma análise de dados coletados nos conselhos regionais em 2010 e traçou o perfil do profissional no Brasil. A conclusão foi a de que a maioria dos profissionais são técnicas de enfermagem, do sexo feminino, solteira, com idade entre 26 a 35 anos, mora na região Sudeste e no estado do Rio de Janeiro. “Somos uma classe formada por mulheres, em sua maioria, o que faz a redução da jornada de trabalho ainda mais necessária, já que muitas são mães e precisam de tempo para se dedicarem à família e ao lazer”, explica Maria Barbara.
De acordo a dirigente, os profissionais de enfermagem ‑ ao longo de sua atuação ‑ tendem a aceitar certas situações de risco que não são inerentes à profissão. Muitas vezes, submetem-se a trabalhar em condições desumanas, como a falta de recursos humanos e materiais, a sobrecarga de trabalho, relações interpessoais/profissionais conflitantes e outras condições que podem colocá-los frente a várias situações de risco, vulnerabilidade e incapacidade. “Tudo isso interfere na qualidade da assistência aos pacientes, nas relações com colegas e contribui para o desgaste físico e emocional do trabalhador. O profissional da saúde lida com vidas, por isso precisa estar com o emocional saudável para que o atendimento seja o mais adequado possível. Também não podemos esquecer do investimento em capacitação e qualificação”, avalia a dirigente.
A enfermagem no Brasil
O Dia do Enfermeiro foi adotado no Brasil por meio do decreto 2.956, de 10 de agosto 1938, assinado pelo presidente Getúlio Vargas. Além dessa data, a profissão também é homenageada na Semana Brasileira de Enfermagem, de 12 a 20 de maio, quando os Conselhos Regionais de Enfermagem promovem encontros, palestras e outras atividades. A iniciativa foi oficializada pelo decreto 48.202, de 12 de maio 1960, assinado pelo presidente Juscelino Kubitschek.
No Brasil, os primeiros enfermeiros foram os padres jesuítas que atuaram nas Santas Casas de Misericórdia desde 1540. Depois de três séculos, chegaram ao País as primeiras irmãs de caridade enfermeiras. O grande incentivo para o reconhecimento da categoria foi o trabalho da enfermeira voluntária Ana Nery, que aos 51 anos serviu como enfermeira na Guerra do Paraguai. Ela foi uma das fundadoras da Cruz Vermelha Brasileira.