Os brasileiros estão vivendo mais e precisam de melhores condições para viver melhor
Espelhado no Dia Internacional do Idoso, que foi estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) durante a Assembleia Mundial sobre Envelhecimento, em 1982, na Áustria, o Dia Nacional do Idoso foi instituído no Brasil 24 anos depois, por meio da Lei 11.433. Estudos da própria instituição apontam que, em 2050, haverá mais idosos que crianças menores de 15 anos no mundo. Já o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) acredita que no Brasil esse fenômeno acontecerá 10 anos depois. Tudo isso devido dois fatores principais: o aumento da expectativa de vida e a queda da taxa de fecundidade.
Para o presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados do Brasil (SINAB) e representante da Diretoria Executiva da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Lucio Antonio Bellentani, para garantir que essa população viva mais e com qualidade, o governo precisa pensar e discutir mais políticas públicas para esse público, que em 2012 representava 23,5 milhões de pessoas no Brasil.
“Não temos uma política para os idosos, a saúde é precária, o valor da aposentadoria é baixo e acessibilidade aos locais não existe. Essas coisas mostram que não há políticas públicas direcionadas para esse público mesmo. Essa falta [de política pública] dificulta muito a vida dessas pessoas. Assim, a expectativa para o futuro é complicada, além de termos visto propostas para tirar alguns direitos. Ou a gente começa a discutir uma Política de Estado ou nós vamos ter consequências sérias”, avalia Bellentani.
Uma pesquisa realizada e divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) mostra que a taxa de desemprego dos idosos aumentou 132% em comparação ao quarto trimestre de 2014. Segundo o coordenador da publicação, o aumento não ocorreu devido a cortes nas empresas, e sim pela quantidade de idosos que estão procurando trabalho para complementar a renda. O número de desempregados nessa faixa etária passou de 545 mil em 2014 para 1 milhão em junho de 2016.
Essa é mais uma frente de trabalho que deve ser pensada pelo governo e pela iniciativa privada, segundo o Lucio Bellentani. “O reaproveitamento dessa mão de obra é sempre pontual. É muito difícil você recolocar esse pessoal para o setor produtivo, e novamente por falta de uma política pública para o idoso”, completa o dirigente da SINAB, que garante que essa é uma das lutas da categoria.
“Através do sindicato, estamos elaborando propostas de luta no sentido de mobilização e parcerias para uma requalificação do idoso, com o objetivo de eles assumirem determinadas funções no setor produtivo. O grande problema é que as empresas não podem exigir do idoso a mesma carga horária, mas ele pode ser utilizado pela sua experiência, não só de vida, mas profissional também”, explicou Bellentani, que reafirma a batalha para evitar a perda de direitos.
“A própria proposta de reforma da Previdência, mesmo sem atingir os que já estão aposentados, ameaça as futuras gerações em relação à idade de aposentadorias e em relação a uma disparidade de concessão de benefícios. O governo coloca que a Previdência é deficitária, e que tem que ser mexida porque daqui a pouco ninguém mais vai conseguir receber aposentadoria, e isso é uma grande mentira; hoje existem 2,8 trabalhadores para cada aposentado. Temos que acabar com os privilégios que existem dentro da Previdência”, explica o dirigente.
Segundo IBGE, em 2060, haverá 73,5 milhões de idosos entre 218,1 milhões de habitantes do País.