Nos causa espanto a declaração de supostos porta-vozes dizendo que as Centrais Sindicais são contra a Revogação da Reforma Trabalhista. A maioria das Centrais defende a Revogação da Reforma, pois a questão central sempre foi a retirada de direitos e o enfraquecimento das negociações coletivas produzida pela Reforma Trabalhista.
É óbvio que a sustentação financeira das entidades sindicais é importante para os trabalhadores, pois garante a liberdade e autonomia das entidades sindicais nas negociações coletivas, mas jamais entraremos no jogo de negociar direitos em troca da sustentação financeira. Nós da CSB sempre rechaçamos a Reforma pela sua concepção neoliberal e antipovo, seguiremos defendendo a sua revogação.
Essas “negociações” não nos representam. É esse tipo de fala que alimenta aqueles que produziram essa tragédia. Ao colocar a questão da sustentação financeira como o único problema, deixam de lado a precarização, a insegurança e as aberrações produzidas na Reforma Trabalhista para embarcar justamente naquilo que foi usado para conquistar a opinião pública durante a tramitação da proposta.
Estamos falando de uma Reforma que deixou mais de 9 milhões de trabalhadores sem emprego formal (informais, desempregados e desalentados), ou seja, desamparados do artigo 7° da CF. Culminando com o desequilíbrio da Previdência, o que mais tarde foi utilizado para a aprovação da Reforma Previdenciária.
Questões que o nosso povo passa cotidianamente como o trabalho intermitente que não garante um salário mínimo, as fraudes nas homologações diretamente pelas empresas ou as dificuldades para fechar uma Convenção Coletiva pelo fim da ultratividade precisarão ser corrigidas e enfrentadas pelo Congresso Nacional, seja quem for o próximo presidente da República.
Reafirmo que a CSB não autoriza ninguém a utilizar o seu nome para negociações eleitorais e nem negociar em nosso nome uma nova Reforma, ainda mais algo que é tão caro para nós.
E faço um apelo para que as demais Centrais não entre nessas “negociações” que só nos trouxeram derrotas como a aprovação da Reforma Trabalhista e a Reforma da Previdência. É tempo de resistir e mudar as coisas. É isso que os trabalhadores esperam de nós!
por Antonio Neto, presidente nacional da Central dos Sindicatos Brasileiros