A Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) deu início na última sexta-feira (23) a uma série de seminários preparatórios de formação para o seu III Congresso . Os seminários terão como foco as discussões sobre o emprego, sindicatos e o desenvolvimento econômico.
Na última sexta-feira o debate girou entorno dos caminhos para o Desenvolvimento Econômico do Brasil e contou com 6 mesas ocupadas por economistas, políticos, dirigentes sindicais e figuras acadêmicas de peso de todo o Brasil.
Com abertura do ex-ministro, Ciro Gomes, debatendo a necessidade de um projeto nacional de desenvolvimento para reconstruir o Brasil ao lado do presidente da CSB, Antonio Neto, foram mais de 6 horas de seminários nesse que foi o primeiro de 4 dias de eventos previstos para os meses de julho e agosto.
“Temos discutido com o Ciro e visto a importância do que ele fala dentro do seu projeto nacional de desenvolvimento sobre unir que produz com quem trabalha, para que possamos retomar nossa história, nossa industrialização e os rumos de um Brasil soberano.” destacou Neto em sua fala inicial.
‘Os caminhos para geração de emprego’
No primeiro painel do dia, ‘Os caminhos para geração de emprego’, o economista da FGV, Nelson Marconi, alertou para o alto desemprego que tem batido recordes sucessivos no país. Ao lado ex-diretor do Dieese, Clemente Ganz e do economista da UFBA, Uallace Moreira, os economistas apontaram diversos exemplos do tamanho do problema que o Brasil criou no seu mercado de trabalho ao sucatear o setor industrial e retirar todas as garantias legais que antes protegiam a classse trabalhadora.
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“A gente tem um desemprego elevadíssimo. Não só isso: a gente tem uma precarização forte no mercado trabalho, o crescimento de vagas informais muito grande, um crescimento de ocupações de menores. Temos um desemprego amplo, 30% da força de trabalho. É muita coisa” – Nelson Marconi’
‘A revogação da destruição neoliberal’
Já no segundo painel, ‘A revogação da destruição neoliberal’ , o engenheiro e criador do movimento “Somos 70%” Eduardo Moreira se juntou à coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida Pública, Maria Lúcia Fattorelli e ao coordenador do Dieese, José Silvestre, para debater a superação tão aguardada dos dogmas neoliberais que vêem ditando os rumos da economia brasileira e mundial nas últimas décadas e produziram uma legião de empregados precarizados, o desmonte de estruturas industriais e na visão de muitos abriu caminho para o surgimento de diversos movimentos políticos de ultra-direita no mundo.
Eduardo Moreira também apontou as falhas no ‘discurso neoliberal’ e elencou dois problemas principais vistos no neoliberalismo.
“A primeira é o conceito de ‘utilidade’. A gente está falando de utilidade como necessidade ou como desejo? A gente tem um mundo que maximiza utilidade como desejo. Um litro de água custa mil vezes menos que uma grama de cocaína, que é muito menos útil ao ser humano do que a água. Mas a gente tem todo um sistema que é moldado para empurrar o desejo, pois o desejo não pode ser saciado. As pessoas sempre vão querer mais daquilo e por isso, você sempre vai ter mais espaço para o lucro.” apontou o economista.
‘O Plano Biden e as lições para o Brasil’
Em linha com o debate sobre os efeitos da políticia neoliberal no Brasil, a mesa seguinte lançou um olhar sobre o futuro da economia mundial e como elas anunciam novos ares para o Brasil. Apesar de tanta dor e desemprego trazidos pela pandemia, ela parece também ter aberto os olhos de governos em todo o mundo para a necessidade de um estado e classe trabalhadoras fortes para que nações possam se reerguer desse cenário. Com as economias mundiais colocadas de joelhos pela pandemia chegou a vez de países darem um basta no conto neoliberal e avançarem para políticas econômicas que priorizem o desenvolvimento econômico sustentável e digno, com mão de obra bem remunerada, sindicalizada e no centro das prioridades antes ocupada pela “ganância do lucro” de alguns poucos. Talvez o maior sinal dado às lideranças mundiais tenha partido de onde menos se esperava, o novo governo norte-americano de Joe Biden.
Para debater os planos anunciados pelo presidente dos EUA e como eles podem servir de exemplo para o Brasil, a CSB reuniu o economista da UERJ especialista em China, Elias Jabbour, com o professor da UNB, José Luis Oreiro e o cientista político, Pedro Costa Jr, em um debate de alto nível sobre as novas articulações que surgem no planeta, em especial com o embate entre China e EUA pela liderança mundial no setor econômico.
“O que fica (das políticas de Biden) para o Brasil é a recomposição do setor produtivo, que é o grande desafio pós-pandemia ou pós-Bolsonaro. Existe o desafio da reconstrução do capitalismo brasileiro” destacou o economista Elias Jabbour.
‘O caminho para o desenvolvimento sustentável’
No quarto seminário do dia o ex-diretor do BID e do Banco Mundial, Rogerio Studart, se juntou ao ex-vereador Gilberto Natalini e a mestre em Adm. Pública pela FGV, Barbara Panseri, para debaterem ‘O caminho para o desenvolvimento sustentável’ em um Brasil assolado por um governo que, sob ordens governamentais, vem “passando a boiada” no que é nossa maior riqueza natural.
Verdade que relação do Brasil com o meio ambiente esteve, desde o descobrimento, ancorada na lógica de exploração dos recursos naturais. Hoje, vivemos um momento de mudança da relação das empresas e do capital privado com a natureza. Uma nova ótica de impacto ambiental emerge e caminha para a estratégia central do negócio e há um movimento mundial, liderado sobretudo pela China e União Europeia, de transição consistente para uma economia verde pautada por compromissos ousados em direção à descarbonização. Nesse cenário, o potencial brasileiro de ser um dos protagonistas dessa mobilização permanece, em grande parte, inexplorado.
Exatamente com esse ponto Studart destacou que a missão não é fácil mas o “trem da história se chama sustentabilidade”. Na visão dele “nunca foi tão fácil se conseguir apoio junto às nações do mundo” para se iniciar uma agenda de desenvolvimento econômico atrelada à preservação de nossos biomas, o que poderia ser o grande passaporte do Brasil para um futuro onde seja uma da lideranças mundiais em tecnologia e energia sustentável.
‘Brasil Soberano: O papel das empresas públicas no desenvolvimento nacional’
O painel 5 teve a presença do presidente da CSB Antonio Neto, Roberto Requião, Lea Vidigal, Alessandro Octaviani e Rodrigo Salgado para debater o tema “o papel das empresas públicas no desenvolvimento nacional”.
Lea Vidigal destacou que a soberania popular e a melhora da vida da população são questões cruciais para se pensar o desenvolvimento nacional. “O Estado, por meio de suas estatais, atua de forma intensa e estratégica, com altos volumes de recursos para prestar serviços, produzir bens e desenvolver tecnologias estratégicas para o futuro. As estatais são fundamentais para a criação de mercados nos países subdesenvolvidos, para que possam competir no mercado internacional. 60% das maiores empresas do mundo são estatais e pertencem à China, EUA e Japão”.
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