Centrais sindicais repudiam anistia a golpistas: “Diálogo, sempre. Golpe, nunca mais!”

A democracia moderna é uma longa história de lutas pela igualdade de direitos e contra o recorrente golpismo da elite civil ou militar dominante. As entidades sindicais (Centrais Sindicais, Confederações, Federações e Sindicatos) sempre estiveram à frente na construção do Estado Democrático de Direito e das suas instituições para garantir a liberdade e a igualdade. No Brasil não foi diferente.

O golpismo impune é uma marca trágica da nossa República. Na década de 80 superamos, mais uma vez, um golpe civil-militar que durou mais de duas décadas, cerceando a liberdade, fechando instituições, prendendo e matando, retirando direitos trabalhistas, sociais e arrochando salários. As anistias, sob o argumento de pacificação, “autorizaram” novas tentativas de golpe, como o que culminou no 08 de janeiro de 2023. Foram quatro anos de iniciativas para viabilizar o golpe, atacando instituições, movimentos sociais e entidades sindicais, promovendo o negacionismo responsável por mais de 700 mil mortes na crise sanitária, a maioria evitável com vacina.

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Bloqueamos e impedimos o golpe de 08 de janeiro de 2023! Nossas instituições garantiram o devido processo legal para aqueles que foram identificados como os arquitetos e operadores do golpe, bem como aqueles que aderiram à iniciativa na frente dos quartéis e, depois, depredando o patrimônio publico, símbolo e espaço das nossas instituições e poderes. Investigados, julgados e condenados, devem cumprir as penas previstas na Lei.

Vamos virar a página da nossa história. Nossa Constituição é clara, para esses crimes não há anistia e nem perdão. Para que viremos a página da nossa trágica história golpista, devemos ir até o fim com aquilo que os constituintes em 1988 outorgaram: o golpismo será punido. Que assim o seja até o fim.

O movimento sindical sempre esteve na arena pública do diálogo social, negociando e fazendo acordos salariais, tratando das políticas públicas e da vida política do país. Por isso, mais uma vez, manifestamos nosso apoio aos esforços de diálogo e de construção de entendimentos em torno do fortalecimento das instituições, da igualdade de direitos, da transparência, do bom uso dos recursos públicos, mas sem anistia. Vale ressaltar que o STF (Supremo Tribunal Federal) teve e tem papel fundamental na manutenção e no fortalecimento da democracia.

Consideramos essencial também que o Congresso Nacional aprove o projeto de correção da tabela do Imposto de Renda, de tributação dos super-ricos; trate da redução da jornada de trabalho e fim da escala 6X1; amplie a proteção trabalhista e previdenciária para os mais de 100 milhões de trabalhadoras e trabalhadores; valorize e fortaleça a negociação coletiva e o sindicalismo representativo, entre outros projetos relevantes.

Essa é pauta de interesse da classe trabalhadora, que deve avançar, trazendo benefícios para toda a sociedade, sem anistia e projetos de proteção e privilégios de parlamentares.

Por um Brasil que deixa o golpismo para traz, porque o pune. Sem anistia!
Viva o Brasil! Viva a Democracia!

Brasília, 29 de setembro de 2025

Antonio Neto
presidente da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros)

Sérgio Nobre
presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores)

Miguel Torres
presidente da Força Sindical

Ricardo Patah
presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores)

Adilson Araújo
presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)

Moacyr Tesch Auersvald
presidente da NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores)

Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

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