Valeo reduz carga de trabalho para 42 horas e funcionários encerram greve

A paralisação dos 900 trabalhadores da metalúrgica durou dois dias. A greve foi motivada pela falta de diálogo da empresa com os trabalhadores e sindicato

O Sindicato dos Metalúrgicos de Itatiba e Região e os cerca de 900 trabalhadores da Valeo conquistaram nesta terça-feira (11) uma grandiosa vitória nas negociações com a empresa, visando à redução da carga horária semanal de trabalho.

A partir de 1º de janeiro de 2015, os funcionários da empresa passam a ter carga de trabalho de 42 horas semanais e não mais de 44 horas, como ocorre atualmente. Com isso, a Valeo passa a oferecer a seus trabalhadores em Itatiba o que já ocorre em suas unidades industriais nas cidades de Indaiatuba e São Paulo.

O acordo entre a direção da Valeo, trabalhadores e a diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos se deu após um dia e meio de grave na empresa. Os funcionários da unidade de Itatiba cruzaram os braços na madrugada de segunda-feira (10) e só voltaram ao trabalho no início da tarde desta terça-feira.

“A redução da carga horária de trabalho era uma luta de décadas do Sindicato. Acreditamos que o acordo foi positivo para todas as partes, mas principalmente para os trabalhadores da Valeo de Itatiba, que passam a ter direitos que a empresa já oferece a seus funcionários em outras unidades”, diz o presidente da entidade sindical, Igor Tiago Pereira.

Para o diretor financeiro do Sindicato dos Metalúrgicos, José Avelino Pereira, o Chinelo, a greve iniciada na madrugada de segunda-feira na Valeo foi uma das mais duras e importantes entre as que já foram deflagradas pela entidade sindical em seus 25 anos de história.

“Enfrentamos uma negociação endurecida, com pressão policial, inclusive, onde prevaleceu a força do trabalhador de chão de fábrica, daqueles que dão o suor pelo vida da empresa, pela produção da fábrica que abastece grandes montadoras do setor automotivo do Brasil”, diz. “Essa vitória só foi possível porque os trabalhadores se agarraram de corpo e alma a este propósito”.

Negociação 

Com a greve deflagrada na madrugada de segunda-feira, a Valeo de Itatiba teve toda a sua linha de produção paralisada. Nesta terça-feira, a empresa chegou a propor a redução dar caga de trabalho, de 44 horas para 42 horas de trabalho em duas etapas, sendo reduzida uma hora a partir de 1º de janeiro de 2015 e outra a partir do mês de junho. O que não foi aceito pelos funcionários.

“Os trabalhadores não aceitaram. Disseram à direção do sindicato que já estavam parados e que continuariam assim até que houvesse um acordo. O Sindicato fez o que queriam e não cedeu nas negociações, até que a empresa sinalizasse com um acordo”, diz Chinelo.

Ainda de acordo com o diretor, com o fim da greve e a redução da carga horária para 42 horas semanais, a Valeo ainda reforçou o que já havia negociado com os funcionários, no que diz respeito à campanha salarial.

“Agora em dezembro os funcionários terão um abono de 20% nos salários e um reajuste de 7,5% que valerá a partir de 1º de janeiro de 2015”, explica Chinelo. “Entendo que esta foi uma das negociações mais importantes da nossa área de atuação, pois a Valeo é tida como uma empresa modelo para as demais do setor metalúrgico, o que a leva a ter poucos questionamentos nos seus compromissos trabalhistas. Essa redução da carga horária era um dos pontos questionáveis e a diminuição para 42 horas semanais tem, sim, que ser considerada uma grande conquista, uma vitória, diante de tantas crises financeiras e dificuldades que o setor vem enfrentando para manter seus postos de trabalho”.

Fonte: Sindicato dos Metalúrgicos de Itatiba e Região

Compartilhe:

Leia mais
limitar salário minimo aumenta desigualdade
Limitar reajuste do salário mínimo ao arcabouço fiscal pode aumentar desigualdade, diz estudo
origem do 13º salário
13º salário é compensação por tempo de fato trabalhado; entenda por que e conheça origem
4 encontro sindical fespume-es
Federação dos Servidores Municipais do ES (Fespume-ES) realiza 4º Encontro Sindical
aumento emprego entre mulheres
Número de mulheres com carteira assinada aumenta 45% em um ano
nota centrais sindicais contra plano golpista
Nota das centrais sindicais: "União contra o golpismo e pela democracia"
Antonio Neto Sindis
Antonio Neto: Sindicatos devem aproveitar tecnologias e se adaptar para sobreviver
empresa obriga mãe voltar ao trabalho recém-nascido
Empresa é condenada por obrigar mãe a voltar ao trabalho uma semana após dar à luz
semana 4 dias de trabalho aumento produtividade
Empresa aumenta em 20% a produtividade ao adotar semana de 4 dias; Brasil testou modelo
Antonio Neto 3 congresso cspm
3º Congresso da CSPM: Antonio Neto fala sobre necessidade de adaptação dos sindicatos
escala 6x1 prejudica saúde mental
Escala 6x1 prejudica saúde mental e produtividade dos trabalhadores, diz especialista