Um novo estudo feito pelo Instituto Brasileiro de Economia (IBRE), da FGV, apontou que 87,8% dos trabalhadores que não possuem qualquer tipo de vínculo, seja pela CLT ou com CNPJ, gostariam de formalizar sua situação. Dentre os que trabalham por conta própria, com ou sem registro, 69,6% desejam uma ocupação ligada a uma empresa.
O desejo de ter rendimentos fixos (33,1%) e o acesso a benefícios como vale-refeição e plano de saúde (31,4%) são os principais motivos pelos quais os entrevistados gostariam de ter a carteira assinada.
Por outro lado, a flexibilidade de horário e a possibilidade de rendimentos maiores são os maiores atrativos para os 30,4% que preferem trabalhar por conta própria.
Satisfação
A pesquisa demonstrou que 72,2% das pessoas estão satisfeitas ou muito satisfeitas com o próprio trabalho. Os 27,8% que estão insatisfeitos justificam principalmente pela remuneração baixa (64,2%), por ter pouco ou nenhum benefício (43%) e a insegurança por ser uma ocupação temporária (23,7%).
Os entrevistados responderam também sobre a satisfação com a vida em geral, atribuindo uma nota de 1 a 10. A nota média dada por aqueles satisfeitos com o trabalho foi 7,9, enquanto os insatisfeitos atribuíram nota média de 6,1 para suas vidas.
Futuro
Em setembro, os pesquisadores quiseram saber quais as expectativas dos trabalhadores para o futuro e suas maiores preocupações. As pessoas foram questionadas sobre finanças, saúde, habitação, capacidade técnica e o impacto da tecnologia em suas profissões.
A maioria das pessoas (54,8%) acredita que a tecnologia será uma aliada em seu trabalho e pode ajudar a melhorar a qualidade de vida. Apenas 15,2% disseram que a tecnologia poderá trazer-lhes problemas, enquanto 30% responderam que não serão afetados.
As finanças são o aspecto que causa mais ansiedade, com 67,6% preocupadas em não estar tão bem financeiramente quanto gostariam daqui 5 a 10 anos. Para 61,9%, a família não estar tão bem financeiramente é motivo de muita preocupação.
Não ter acesso a cuidados de saúde de qualidade preocupa muito 53,8% dos trabalhadores, embora o índice de preocupados em não ter boa saúde nos próximos anos seja menor, de 42,6%.
Estabilidade
O último aspecto apurado foi a sensação de estabilidade dos entrevistados em seus trabalhos. A possibilidade de perder o emprego ou a principal fonte de renda nos próximos 12 meses é vista como improvável ou muito improvável por 58,7% das pessoas. Já 41,3 afirmaram o oposto.
Avaliação
Dois pesquisadores que apresentaram o estudo concordam que é possível atestar que falta qualidade no mercado de trabalho brasileiro, apesar da queda no índice de desemprego.
“A gente tem uma melhora quantitativa, mas a qualidade do emprego ainda não é a ideal”, disse o economista Rodolpho Tobler.
O economista Fernando Veloso ressaltou que há uma grande preocupação com a renda baixa e alto desejo por formalização no país. “Os primeiros resultados estão mostrando um grau de vulnerabilidade bastante grande”, avaliou.
A nova estatística sobre mercado de trabalho será feita todos os meses entrevistando cerca de 2 mil pessoas acima de 14 anos em todo o país. De acordo com o instituto, será possível coletar dados que não são encontrados em qualquer outra estatística atualmente, pois medirá a percepção das pessoas sobre o assunto, em vez de apenas apurar índices de ocupação e informalidade, por exemplo.
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