Setor de serviços tomba 6,9% em março, pior resultado da série iniciada em 2011

Com paralisações e medidas de isolamento, todas as 5 atividades caíram no mês, com destaque para o forte recuo nos serviços prestados às famílias (-31,2%)

O volume de serviços prestados no Brasil teve queda recorde de 6,9% em março, na comparação com fevereiro, refletindo os primeiros impactos da pandemia de coronavírus na atividade econômica, segundo dados divulgados nesta terça-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Trata-se do pior resultado mensal já registrado na série histórica da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), iniciada em janeiro de 2011.

Foi a segunda queda mensal consecutiva do setor, que já tinha recuado 1% em fevereiro.

Serviços prestados às famílias tem queda de 31,2%

Segundo o IBGE, todas as 5 atividades pesquisadas tiveram quedas em março, com destaque para serviços prestados às famílias (-31,2%, o recuo mais intenso já registrado na série histórica) e transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (-9%).

As pressões negativas mais intensas nesses segmentos vieram pela menor receita das empresas do ramo de alojamento e alimentação (-33,7%) e das empresas de transporte aéreo (-27,5%) e terrestre (-10,6%).

As outras atividades que tiveram queda foram serviços profissionais, administrativos e complementares (-3,6%), informação e comunicação (-1,1%) e outros serviços (-1,6%).

A receita nominal do setor caiu 7,3% na comparação com fevereiro, e recuou 1,1% ante março de 2019.

Veja a variação do volume de serviços em março, por atividade e subgrupos:

  • Serviços prestados às famílias: -31,2%
  • Serviços de alojamento e alimentação: -33,7%
  • Outros serviços prestados às famílias (salões de beleza, academias, reparos, etc): -12,6%
  • Serviços de informação e comunicação: -1,1%
  • Serviços de tecnologia da informação e comunicação: 0,3%
  • Telecomunicações: -1,7
  • Serviços de tecnologia da informação: 2,3%
  • Serviços audiovisuais: -14%
  • Serviços profissionais, administrativos e complementares: -3,6%
  • Serviços técnico-profissionais: 1,3%
  • Serviços administrativos e complementares: -7%
  • Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio: -9%
  • Transporte terrestre: -10,6%
  • Transporte aquaviário: zero
  • Transporte aéreo: -27,5%
  • Armazenagem, serviços auxiliares aos transportes e correio: -0,8%
  • Outros serviços: -1,6%

Setor atinge nova mínima histórica

No confronto com março de 2019, o volume de serviços recuou 2,7%, interrompendo uma sequência de seis taxas positivas.

No acumulado do ano, o setor registra queda de 0,1% frente a igual período do ano anterior. Em 12 meses, ainda tem alta de 0,7%, mesma taxa registrada em fevereiro. Mas a perspectiva é de um tombo ainda maior em abril.

Com o resultado, o setor de serviços se encontra 17,2% abaixo do seu pico histórico, alcançado em novembro de 2014, e atingiu o patamar mais baixo já registrado na série da pesquisa. O nível mais baixo até então tinha sido registrado em maio de 2018, com a greve dos caminhoneiros, quando o setor ficou 15,7% abaixo do pico.

O resultado veio pior que o esperado pelo mercado. As expectativas em pesquisa da Reuters eram de contração de 5,8% no mês e de 4,1% no ano.

Queda de 3% no 1º trimestre

Segundo o IBGE, o setor de serviços encerrou o primeiro trimestre do ano com uma queda de 3% na comparação com o quarto trimestre de 2019. “Essa é a queda mais intensa desde o início da série histórica iniciada em janeiro de 2011”, destacou Lobo.

Na comparação com igual trimestre do ano passado, houve queda de -0,1%. “Essa queda interrompeu uma sequência de seis resultados positivos nesta base de comparação”, enfatizou o pesquisador.

Queda em 24 unidades da federação

Regionalmente, 24 das 27 unidades da federação também tiveram resultados negativos em março, quando comparado a fevereiro, com destaque para São Paulo (-6,2%) e Rio de Janeiro (-9,2%), pressionados pelos segmentos de alojamento e alimentação. As únicas altas foram observadas no Amazonas (1,9%), Rondônia (3,1%) e Maranhão (1,1%).

Índice de atividades turísticas cai 30%

O índice de atividades turísticas também teve forte queda em março, com um tombo de 30% em relação a fevereiro. Segundo o IBGE foi a maior retração da série histórica, também iniciada em janeiro de 2011.

Regionalmente, todas as 12 unidades da federação pesquisadas neste indicador recuaram, com destaque para São Paulo (-28,8%), Rio de Janeiro (-36,6%) e Minas Gerais (-30,8%).

Impacto da pandemia e perspectivas

O resultado reflete a baixa demanda e a fraqueza da economia e mostra os primeiros impactos da pandemia de coronavírus no país, com os brasileiros consumindo menos quer seja por queda da renda ou por medo de recessão. Vale lembrar, porém, que o início das medidas restritivas provocadas pela pandemia e o período de confinamento não atingiu todo o mês de março.

Na semana passada, o IBGE divulgou que a produção industrial tombou 9,1% no mês de março – pior resultado para meses de março desde 2002. Com o resultado, a indústria registrou queda de 2,6% no 1º trimestre, na comparação com o 4º trimestre.

Embora não faça projeções para os próximos meses, o gerente da pesquisa de serviços do IBGE apontou que as perspectivas são de que o setor de serviços vai demorar a se recuperar das perdas impostas pela pandemia do novo coronavírus.

O que diz a Fundação Getulio Vargas

Pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostrou que os efeitos da pandemia sobre a confiança do setor de serviços do país se aprofundaram em abril. Depois de uma queda de 11,6 pontos em março, o Índice de Confiança de Serviços caiu outros 31,7 pontos em abril, para 51,1 pontos. Com a queda, o indicador atinge o menor nível de sua série história, iniciada em junho de 2008, e acumula perda de 45,1 pontos no ano.

“Os dados apontam para uma queda do PIB de 2020 de pelo menos 4% e deve forçar uma revisão em nossas projeções, revisão esta que faremos assim que tivermos todos os dados fechados das grandes pesquisas de atividade do mês de março”, avaliou o economia da Necton, André Perfeito.

O setor de serviços tem forte peso sobre o Produto Interno Bruto (PIB). O mercado passou a projetar retração de 4,11% do PIB em 2020, segundo o último boletim Focus Banco Central. Já o FMI prevê queda de 5,3% do PIB do Brasil neste ano.
Via: G1

Compartilhe:

Leia mais
regulamentação ia inteligência artificial
Regulamentação da IA é tema em destaque para centrais sindicais no Congresso
papa leão XIII e papa leão XIV
Com o nome Leão XIV, novo Papa homenageia Leão XIII, defensor dos trabalhadores e abolicionista
mapa mundi brasil no centro
IBGE lança mapa-múndi com Brasil no centro e hemisfério sul na parte de cima
geração de empregos recorde em fevereiro
Procurador denuncia "pejotização" como forma de burlar direitos trabalhistas
csb centrais sindicais com ministro maurcio godinho tst
Centrais entregam agenda jurídica do movimento sindical ao vice-presidente do TST
csb menor (40)
Desigualdade de renda no Brasil é a menor desde 2012, aponta IBGE
csb menor (1)
Encontro Executiva Nacional CSB 2025: painel 6 – Trabalhadores e meio ambiente
ministro do trabalho luiz marinho em audiencia na camara
Ministro do Trabalho defende fim da escala 6x1 e jornada de 40 horas na Câmara
csb menor (2)
Centrais apresentam pauta prioritária e agenda legislativa em reunião no Congresso
painel 5 encontro executiva nacional csb 2025
Encontro Executiva Nacional CSB 2025: painel 5 – Agenda parlamentar sindical; assista