Palestras e debates evidenciaram a realidade da categoria e a atuação dos dirigentes para a melhoria da qualidade de vida do homem do campo
A CSB promoveu, nos dias 16 e 17 de junho, o Seminário da Agricultura Familiar. Realizado em Pesqueira (Pernambuco), o encontro reuniu dirigentes de mais de cem entidades de representação de trabalhadores Rurais da Bahia, Pernambuco, Paraíba, Alagoas e Sergipe.
Os dois dias foram pautados por palestras que abordaram a Previdência Social, as novas regras para solicitação de registros sindicais, políticas para a geração de emprego e renda, reforma agrária sustentável, meio ambiente, agroecologia e recursos hídricos, soberania alimentar e nutricional, segurança pública, educação, saúde, esporte, lazer e infraestrutura no campo.
Gedir Santos, presidente da Federação dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais de Minas Gerias (Fafer-MG), coordenou o evento e mediou os debates. O dirigente destaca que o Seminário deu voz ao trabalhador rural. “Realizamos um evento específico para uma categoria que anseia por representatividade, informações e assistência”, afirmou.
Previdência Social
O caráter diferenciado do trabalhador do campo foi exposto durante os debates sobre a Previdência. A principal reivindicação da categoria é um sistema previdenciário justo, que abranja todas as necessidades dos agricultores familiares.
“Temos muitas peculiaridades nestes trabalhadores que precisam ser respeitadas por todos, principalmente pela Previdência, que é a garantia de um futuro para eles. Muito dos agricultores familiares têm dificuldade de comprovar que exercem atividade rural, pois a Previdência muitas vezes argumenta que eles são produtores, e não trabalhadores”, evidenciou Gedir Santos.
Reforma agrária
Na mesa que tratou da reforma agrária ficou evidente a necessidade de legitimação do processo de distribuição justa e eficaz de terras no Brasil. Os dirigentes expuseram a realidade do campo, onde milhões de hectares são compostos por terras improdutivas.
“Não queremos a reforma agrária com a doação de pequenos pedaços de terra, mas uma reforma agrária justa, com habitação digna, saúde, educação, segurança no campo e com produtividade”, disse Gedir Santos.
Políticas para geração de emprego e renda
O protagonismo do homem do campo foi um dos temas centrais dos debates. A desvalorização do trabalhador rural e, consequentemente, a falta de capacitação e qualificação profissional transformam a categoria em mera espectadora de sua própria realidade.
Com isso, para torná-los personagens centrais e agentes atuantes no campo, torna-se evidente a urgência na geração de políticas de geração de emprego e renda para os trabalhadores. Para o presidente da Fafer-MG, somente a capacitação e qualificação profissional podem tirar o trabalhador do campo do amadorismo.
“Nosso grande desafio é começar pela reforma agrária, passando o assentado da condição de agricultor familiar para empresário rural. Isso permitirá a ele gerar renda, emprego e desenvolver o campo, além de ajudar no desenvolvimento da nossa economia”, pontuou Santos.
Nas discussões, o cooperativismo foi proposto como um sistema que organiza os trabalhadores, ajuda com o escoamento da produção e contribui para o aumento da renda familiar.
O meio ambiente, a agroecologia e os recursos hídricos
Promovidas por representantes do Instituto Pesquisa Agropecuária (IPA), as discussões acerca da sustentabilidade no campo e preservação ambiental propuseram uma ampla reflexão sobre a urgência de políticas que promovam a responsabilidade social com o meio ambiente.
Há o clamor mundial pela produtividade saudável da agroecologia e dos recursos hídricos, e o combate incessante à fome. Segundo Gedir Santos, se não houver um meio ambiente sustentável, não há produção. “Desde o pequeno até o grande produtor, é essencial que todos estejam atentos a isso. Precisamos preservar nossos mananciais, as nascentes, os nossos costumes, sem agredir o meio ambiente. Queremos chegar às bases com essa consciência”, destacou.
O dirigente apontou a necessidade da atuação imediatista do governo nesse sentido. “Deveríamos aplicar hoje a cultura da preservação do meio ambiente, do ecossistema e incentivar a produção de alimentos totalmente saudáveis e sustentáveis. Essa iniciativa o governo precisa sempre estimular”, completou.
Segurança pública, educação, esporte, lazer e infraestrutura no campo
Quando se fala em sustentabilidade no campo, a maior preocupação hoje é com o êxodo rural. A dura realidade das famílias do campo foi evidenciada no Seminário. Relatos de pais de família que pedem o auxílio do Estado para evitar que seus filhos enveredem pelo tráfico de drogas, na prostituição infantil e sejam submetidos a trabalho escravo aumentam gradualmente.
“Tudo isso é consequência de não termos educação, lazer nem segurança em nosso habitat natural. É importante que o rural não tenha de se deslocar para ter tudo isso. É preciso acabar com os atravessadores, por meio de cooperativas e acesso ao crédito”, ressaltou o presidente da Fafer-MG.
Ações
Gedir Santos explica que o Seminário da Agricultura Familiar deu as bases para que os trabalhadores ampliem sua capacidade de agir em sua própria defesa. Para o dirigente, o Seminário congregou as lideranças da categoria para debater a Importância da Agricultura Familiar no desenvolvimento do Brasil.
“Vamos debater muitas políticas públicas, que estão na pauta da CSB e que discutiremos exaustivamente. Vamos brigar por justiça social, manutenção das pessoas no campo, preservação e resgate da cultura e uma produtividade mais saudável e mais ampla”, concluiu.