“Quiet quitting” e “quiet ambition” são termos que chamaram atenção recentemente para descrever comportamentos ou estratégias de funcionários para lidarem com a vida no trabalho. No entanto, as empresas também têm sua estratégia, que está sendo chamada de Quiet Cutting. Mas o que é o quiet cutting?
A tradução literal seria “corte silencioso” ou “dispensa silenciosa” (o termo “demissão silenciosa” também seria adequado, mas ele é utilizado para um outro comportamento de funcionários). Se trata de uma técnica de empresas que forçam os trabalhadores a pedirem demissão.
O quiet cutting é um conjunto de várias táticas que podem ser adotadas e fazem com que a empresa não precisa gastar recursos para demitir. Em alguns países, a baixa taxa de demissão é um fator atrativo e que gera renome, então também é uma forma de preservar reputação.
Algumas estratégias do Quiet Cutting
- Mudar funcionários para setores em que não possuem experiência alguma e que estejam muito longe de suas habilidades
- Aumentar muito a carga de trabalho, mas não o suficiente para que o funcionário possa processar a empresa
- Deixar o funcionário sem carga de trabalho alguma (isso não funciona em todos os lugares)
- Mover funcionários para setores diferentes mais de uma vez em um curto espaço de tempo (por exemplo da produção para vendas, depois para administração e depois para marketing e assim continuamente)
- Rebaixar funções (por exemplo estar em um cargo de liderança, ser substituído por um colega de trabalho e descer na hierarquia, com redução salarial)
- Dar tarefas muito chatas e sem sentido
- Negar aumentos salariais e promoções em toda e qualquer hipótese
- Mudar funcionários de função sem proporcionar um treinamento adequado
Há sites que mapeiam demissões de grandes empresas de diferentes áreas. Isso pode afastar futuros funcionários, que tenderiam a buscar um outro lugar. Desta forma, organizações buscam se preservar do fato de demitir funcionários, fazendo com que eles peçam por isso.
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Basicamente empresas economizariam e manteriam sua reputação. É claro que isso pode esbarrar em diversas questões éticas e direitos trabalhistas em muitos países, e pode manchar a reputação da empresa em questão se ficar evidente que há uma tentativa velada de forçar um funcionário a pedir demissão.
No Brasil, por exemplo, não se pode rebaixar de cargo, entãs nesse caso o quiet cutting consistiria em “rebaixar sem rebaixar”. No papel permaneceria uma coisa, mas o funcionário seria mandado para outro setor realizando uma função “inferior”, mesmo que não oficialmente.
Da mesma forma, as leis trabalhistas nos EUA são mais brandas e as empresas possuem mais liberdades nesse aspecto. Muitas vezes isso também ocorre no Japão em alguns contextos.
Quais as implicações do quiet cutting?
Segundo uma pesquisa realizada pela Monster, o fenômeno afetou cerca de 58% de funcionários participantes nos EUA e cerca de 77% já viram acontecer com alguém.
Jim Moore, especialista em relações trabalhistas da Hamilton Nash, disse à People Management: “No fim das contas, trata-se de reduzir os custos com pessoal, deixando os funcionários ‘miseráveis’ para que eles peçam demissão, embora nenhum empregador jamais admita usar tal prática.”
“É um fato evidente, mas para muitas organizações, pedir demissão é muito mais barato do que demiti-las”, disse Chris Preston, diretor e cofundador da The Culture Builders, à People Management.
Especialistas alertam para o fato de que isso pode afetar a reputação da empresa e dos profissionais que realizam esta prática. O ideal é buscar meios saudáveis para ambas as partes, como acordos.
Pode ser que a empresa que faça isso não precise lidar com indenizações no ato da demissão, mas se for constatada a falta de ética ou algum abuso, um processo poderá gerar muito mais prejuízo.
Fonte: IGN