Só em São Paulo, ato contou com mais de 20 mil pessoas; Lei 13.467/2017, que altera a CLT, entra em vigor amanhã (11/11). Também há manifestações em todo o Brasil
Em manifestações organizadas pelas centrais sindicais por todo o Brasil, milhares de pessoas estão nas ruas desde o início da manhã desta sexta-feira (10) para protestar contra as reformas trabalhista e previdenciária do governo federal. No estado de São Paulo, mais de 20 mil trabalhadores e sindicalistas se concentraram na Praça da Sé, localizada na capital paulista, com o objetivo de engrossar as fileiras do chamado Dia Nacional de Protestos, Lutas e Paralisações. A mobilização nacional ocorre um dia antes da Lei 13.467/2017, que sancionou a reforma trabalhista, entrar em vigor.
Presente na manifestação paulista, o presidente da CSB, Antonio Neto, reforçou o enorme retrocesso que as determinações e propostas das reformas representam aos direitos dos trabalhadores brasileiros. De acordo com Neto, é preciso que em 2018 a população escolha representantes da classe operária para acabar com os ataques aos trabalhadores e a corrupção.
“Estamos aqui para dizer um não à essa reforma, um não à perda de direitos, mas, acima de tudo, um não a esse governo corrupto.”
“Não vai ser um governo ladrão que vai botar o movimento sindical de joelhos. A partir de segunda-feira nós todos juntos vamos derrotar essa reforma dia a dia, dentro das empresas, fábricas e do setor público porque não vamos aceitar retrocesso algum. E é bom eles saberem, aquele Congresso, aquele Senado, que, em 2018, quem votou contra trabalhador não vai voltar para lá. A sociedade brasileira vai estar alerta, porque o movimento sindical, a última trincheira da classe operária, vai estar de pé para juntos, unidos e organizados, para derrotarmos mais uma vez essa corja de canalhas”, destacou.
De cima do caminhão de som, também discursaram aos manifestantes o vice-presidente e o secretário-Geral da CSB, José Avelino Pereira (Chinelo) e Alvaro Egea. Ambos conclamaram a população para a resistência contra o trabalho intermitente, o trabalho autônomo exclusivo, a terceirização da atividade-fim, o fim das férias, do FGTS e da aposentadoria.
“Precisamos dizer não à terceirização e ao fim dos direitos dos trabalhadores. Precisamos estar organizados no Congresso para que a reforma da Previdência não seja colocada goela abaixo dos trabalhadores. Nós não podemos permitir que os trabalhadores trabalhem 65 anos para se aposentar. Precisamos organizar as fábricas. Esse movimento será um marco contra as reformas que estão sendo colocadas para os trabalhadores brasileiros”, falou Chinelo, acompanhado por Egea.
Segundo o sindicalista, “hoje, começou a derrota dessa lei trabalhista, da terceirização e desse processo de retrocesso nos direitos”. “Os trabalhadores e as centrais sindicais demonstram, mais uma vez, que a unidade é a grande força motriz que traz vitórias e perspectiva de futuro para os trabalhadores. Amanhã a lei vai entrar em vigor, mas o Brasil inteiro sabe que há um repúdio generalizado da maioria da classe trabalhadora a essa reforma escravocrata. E neste dia, mais uma vez, mostramos que a classe trabalhadora brasileira não aceita retrocesso, não aceita escravidão”, salientou Alvaro Egea.
Presidente da seccional da CSB em São Paulo, Igor Tiago Pereira participou da mobilização e afirmou que “não irá ser permitida nenhuma retirada de direitos”. “Estamos juntos aqui contra essa reforma trabalhista, contra a reforma da Previdência e não vamos permitir retrocessos. São Paulo e o Brasil estão em luta”.
Ainda de acordo com os dirigentes da CSB, caso a PEC 287, que dispõe sobre a reforma previdenciária, seja colocada em pauta para votação na Câmara dos Deputados, uma nova paralisação será organizada pelas centrais.
Mobilização Nacional
Mas não é só em São Paulo que o povo saiu às ruas indignado contra os retrocessos impostos à população pelo governo federal. De Norte a Sul do País, trabalhadores e sindicalistas levantam suas vozes em resistência às reformas trabalhista e da Previdência Social, reivindicando “NENHUM direito a menos”. Entre as lideranças da manifestação paulista, a CSB também está presente nos protestos de outros estados.
No Ceará, os sindicatos filiados à Central marcam presença na Praça da Bandeira, um dos principais pontos de Fortaleza, com os gritos de “Não à Reforma Trabalhista” e “Fora Temer!”. Junto ao presidente da CSB CE, Francisco Moura, e em apoio ao movimento da Central, o senador José Pimentel (PT/CE) participou do protesto, que teve início logo pela manhã, assim como em outras regiões do Brasil.
“É importante o povo nas ruas por todo o País porque as conquistas históricas dos trabalhadores, da juventude e dos movimentos populares sempre aconteceram através das vozes das ruas, que refletem no Congresso Nacional. Por isso, também é importante que o movimento sindical, estudantil e dos trabalhadores rurais estejam todos unidos numa só corrente contra as reformas que retiram os direitos dos trabalhadores. Vamos lutar para revogar nas ruas e na lei essa reforma trabalhista. Hoje, o Brasil inteiro disse não às reformas, não à política desse governo. E a CSB, aqui no Ceará, e os seus sindicatos filiados participaram em massa desse protesto”, destacou Moura.
Ainda na região Nordeste, Paraíba e Pará reúnem trabalhadores e representantes da Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho (AMATRA) e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/PA) em defesa da autonomia da Justiça do Trabalho, ameaçada pela nova lei, e contra as inconstitucionalidades da reforma.
Veja aqui 10 pontos que mostram por que a reforma trabalhista é inconstitucional
Causas que também são bandeiras dos protestos de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná. Na capital mineira (Belo Horizonte), a FESERP/MG, a CSB e a CSPB se fizeram presentes no Ato Contra as Reformas e contra a retirada de direitos, liderado pelo secretário de Formação Sindical da Central e presidente da FESERP/MG, Cosme Nogueira, pela secretária da Mulher Trabalhadora, Antonieta de Faria (Tieta), pela presidente do SISIPSEMG Maria Abadia e pelos companheiros dos sindicatos dos servidores públicos municipais de Nova Serrana (Sonia Maria de Jesus, Jessica Teodoro e Gelcira Cordeiro) e Itabira (Priscila Xavier e Auro Gonzaga). Os manifestantes se concentraram na Praça Sete.
Já na Região Metropolitana de Porto Alegre e na própria cidade, os trabalhadores chegaram a bloquear a BR-290, na altura da entrada da montadora GM, e reivindicarão seus direitos mesmo embaixo de chuva a partir da 16h. No Paraná, o protesto acontece em Curitiba.
Rio de Janeiro e Brasília também organizaram manifestações.
Veja a galeria de fotos da mobilização pelo País
Assista abaixo ao vídeo do presidente Antonio Neto em discurso durante a manifestação em SP:
Veja mais declarações dos dirigentes da CSB sobre a mobilização:
Denilson Bandeira – Secretário de Comunicação da FESSPMESP e CSPM:
“Nesse momento, nós, dirigentes sindicais, homens, mulheres e trabalhadores não podemos ficar de braços cruzados. Não tem arrego para esse governo golpista, não podemos deixar que ele nos empurre goela abaixo essas mudanças da reforma sem resistir. O recado está sendo dado hoje nessa grande concentração das centrais em repúdio à reforma trabalhista e à retirada dos direitos dos servidores e servidoras. Quero agradecer à CSB porque ela acolhe os servidores”.
Nilvone de Oliveira – diretora do Sindvestuário Guarulhos:
“Isso aqui é Brasil, não é partido político. Isso aqui é contra aquele governo ordinário, ladrão de direitos. Nós trabalhamos e conquistamos, e eles vêm querendo arrancar nosso direito. Aquela corja que está no Congresso, vendidos, comprados”.