Dirigentes assistiram à apresentação do mestre em comunicação Carlos Conce no Congresso Estadual da CSB em Florianópolis
“Comunicação é ação e reação. Não há líder de alta performance sem comunicação eficaz”, afirmou Carlos Conce, no segundo dia de formação política do Congresso Estadual da CSB em Santa Catarina. Mestre em comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e especialista na área há 30 anos, “Oratória Sindical” foi o assunto da sua palestra interativa que levantou e instruiu os dirigentes a respeito da importância do tema para a mobilização dos trabalhadores no País.
Dividida em duas partes, a apresentação trouxe para o debate as noções conceituais e as habilidades necessárias de comunicação, oratória e performance aos líderes sindicais por meio de uma aula teórica junto a exercícios práticos. De acordo com o palestrante, o atual cenário político brasileiro exige que o movimento sindical saiba como transmitir sua mensagem de luta para, assim, engajar os trabalhadores.
“A palavra comunicação vem de tornar comum, entre duas ou mais pessoas, pensamentos e sentimentos através de ações – verbais (palavras) e não-verbais (comportamento) – objetivando, a princípio, a compreensão humana e, em seguida, a influência. Ou seja, líderes, além de tornar comum a sua mensagem, precisam influenciar, pois se eu consigo passar minha mensagem adequadamente com controle de comunicação para o meu ouvinte, eu tenho o seu feedback e o conhecendo, eu tenho mais chances de encorajá-lo e motivá-lo a lutar pelos seus direitos”, ressaltou Conce.
Dominar técnicas de retórica, estar atento às mensagens não-verbais, como semblantes e olhares, e trabalhar com o convencimento (atingir o cérebro racional) e a persuasão (atingir o cérebro emocional) é essencial a um bem-sucedido processo de interlocução segundo o mestre em comunicação. Para o também professor, o sindicalista precisa refletir constantemente sobre como tem atuado diante do público, seja ele a categoria, o governo, a representação patronal ou as demais entidades sindicais.
“Há dois tipos de performances básicas: o desempenho e o espetáculo. Uma coisa é a performance do ator, outra é a do líder sindical, mas ambas são atuações. O ator trabalha a arte dramática e o líder sindical, a arte performática. Como dito na obra ‘Introdução à Retórica’, de Olivier Reboul: ‘o ator que finge bem é um artista; o orador que finge bem seria um mentiroso. O fato é que o orador sincero não pode deixar de representar segundo regras semelhantes as do ator […] A ação, diz Cícero, faz o orador parecer aquilo que quer parecer’. Portanto, se você quer parecer como líder, aja como líder”, conclamou o palestrante.
Presente no evento, Tomaz Vieira Neto, vice-presidente da CSB e presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Movimentação de Mercadorias em Geral de Blumenau e Região (SINTRAMM/SC), acredita que as lições de Carlos Conce “é da maior importância para o momento em que o Brasil precisa resistir às reformas trabalhistas e previdenciárias”.
“Como falou o professor, precisamos passar as emoções que ele nos passou na palestra para convencermos nosso ouvinte e trazê-los ao lado do bem, ao lado da defesa dos trabalhadores. Então, o Congresso todo, todas as palestras e este curso em si vão ser de muita valia para os dirigentes sindicais de Santa Catarina. A terceirização foi sancionada, mas ainda há a PEC 287 e o PL 6787 para derrubarmos”, relembrou o sindicalista, ratificado pelo diretor da Contribuição Sindical da Federação dos Contadores do Estado de Santa Catarina, Alaécio Amorim.
Segundo o dirigente, “a oratória sindical é muito importante para a vida profissional e pessoal e neste momento que o Brasil vive reformas tão relevantes, a reorganização sindical é essencial”. “Trazer para Santa Catarina e a todos os estados do País essas bandeiras é fundamental para sabermos e entendermos o que queremos. É um momento institucional gravíssimo no País, mas não podemos esquecer outras situações que ainda perduram, como o trabalho infantil e a desorganização de uma parte da sociedade que precisa ser inserida na luta. Então, esse Congresso é muito importante para levantarmos essas bandeiras”, destacou o dirigente.
Para tais mobilizações, Conce afirma que cinco habilidades de comunicação e retórica precisam ser desenvolvidas no líder sindical: a intelectual, emocional, verbal, vocal e visual. Conhecimentos específicos, gerais, cuidados com a aparência, volume, tom de voz e, principalmente, a conquista da autoconfiança para falar em público fazem parte desta lista de qualidades necessárias aos dirigentes. Segundo o palestrante, “como líderes, nós enfrentamos; e enfrentar é ir em frente, em vez de deixar o medo dominar. É deixar o coração agir, é ter coragem”.
“Existem três dicas para começar a dominar o medo: respirar para oxigenar o cérebro, concentrar-se nas idéias e falar devagar. Eu pergunto a vocês: será que a palavra tem força? Sim, vai ter força se vocês souberem usar a palavra certa, na hora certa. Nós temos o controle da comunicação. Nós podemos dar a expressividade certa às palavras prestando atenção na dicção, na velocidade, no tom. Não é apenas o que eu quero dizer, mas como quero dizer”, ensinou.
Durante o evento, Carlos Cavas, presidente do Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Taió, afirmou que “trazer palestras deste nível para Santa Catarina é muito benéfico aos sindicalistas do estado”. Representante dos funcionário de uma cidade de 17 mil habitantes, o dirigente ressalta que a oportunidade é única para aprender a desempenhar um bom trabalho aos servidores. “Como é um sindicato pequeno, a gente não tem estrutura para participar de vários eventos. Então, o que a CSB está proporcionando é maravilhoso. Saberemos, agora, a negociar melhor com o prefeito e a aprimorar nossa postura perante nossos sindicalizados”, destacou.
Ao final da palestra, Carlos Conce concluiu a apresentação com a mensagem: “Palavras e atitudes influenciam vidas. Mais do que avaliar as pessoas, o importante é tratá-las com amor e respeito e mostrar que sempre é possível fazer a diferença. Como líderes do bem, nós podemos fazer uma diferença positiva na vida dos trabalhadores”.