Mulheres trabalham 7,5 horas a mais por semana que os homens, diz estudo

Levantamento do Ipea também mostra que o percentual de lares chefiados por mulheres saltou de 23% para 40% em 20 anos. Renda de mulheres negras foi a que mais subiu no período

As mulheres trabalham em média 7,5 horas a mais que os homens por semana, segundo um estudo divulgado nesta segunda-feira (6) pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), com base nos dados mais recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE.

Em 2015, a jornada total média das mulheres (que considera a soma do trabalho remunerado mais os afazeres domésticos) era de 53,6 horas semanais, enquanto a dos homens, de 46,1 horas.

 (Foto: Arte/G1)  (Foto: Arte/G1)

(Foto: Arte/G1)

Trabalho doméstico e renda

Quanto a atividades não remuneradas, mais de 90% das mulheres declararam fazer atividades domésticas – proporção que se manteve quase inalterada em 20 anos, em torno de 50%. Quanto aos homens, a proporção dos que se ocupam destes afazeres passou de 46% para 53%.

Com base nestes dados, o Ipea conclui que não há sinais de uma nova divisão de tarefas entre homens e mulheres nos lares. “Quando analisado o número de horas semanais dedicadas a essas atividades, nos últimos vinte anos é possível perceber uma significativa redução na quantidade de horas dedicadas aos afazeres domésticos pelas mulheres (6 horas semanais), mas o tempo médio gasto pelos homens mantém-se estável”, afirma o estudo.

Quanto mais alta a renda das mulheres, menor a proporção das que afirmaram realizar afazeres domésticos. Entre aquelas com renda de até um salário mínimo, 94% dedicavam-se ao trabalho doméstico, contra 79,5% entre as mulheres com renda superior a oito salários mínimos.

Os homens aparecem em situação inversa, segundo o Ipea. Os que recebem renda mais alta (de 5 a oito salários mínimos) são maioria entre os que declaram se ocupar com tarefas domésticas: 57%. Essa proporção cai para 49% entre os homens com renda mais baixa.

Disparidade de renda

O rendimento das mulheres negras foi o que mais se valorizou entre 1995 e 2015, em 80%, e o dos homens brancos foi o que menos cresceu (11%), diz o Ipea. Ainda assim, a escala de remuneração continua igual: homens brancos têm os melhores rendimentos, seguidos de mulheres brancas, homens negros e mulheres negras.

Ainda segundo o Ipea, também chama atenção a diferença da taxa de desocupação entre sexos. Em 2015, a feminina era de 11,6%, enquanto a dos homens atingiu 7,8%. No caso das mulheres negras, ela chegou a 13,3% (e 8,5% para homens negros).

  (Foto: Arte/G1)

(Foto: Arte/G1)

Mais mulheres entre chefes de família

Também subiu a proporção de lares brasileiros chefiados por mulheres, diz o Ipea. Em 1995, 23% dos domicílios tinham mulheres como pessoas de referência. Em 20 anos, esse número saltou para 40%. Segundo o estudo, as famílias chefiadas por mulheres não são exclusivamente aquelas sem a presença masculina: em 34% delas, havia a presença de um cônjuge.

Os arranjos de tipos familiares também mudaram. Em 1995, o tipo mais tradicional era formado por um casal com filhos, em 58% das famílias. Já em 2015, esse percentual caiu para 42%, tendo aumentado de maneira significativa o número de domicílios com somente uma pessoa e também o percentual de casais sem filhos.

Renda das domésticas subiu

O estudo também destaca que a quantidade de trabalhadoras domésticas com até 29 anos de idade caiu mais de 30 pontos percentuais em 20 anos. Passou de 51,5% em 1995 para 16% em 2015.

Mas o emprego doméstico ainda era a ocupação de 18% das mulheres negras e de 10% das mulheres brancas em 2015, diz o Ipea. Já a renda das domésticas saltou 64% nesses 20 anos, atingindo o valor médio de R$ 739,00 em 2015, mas ainda abaixo do salário mínimo, que, à época, era de R$ 788,00.

Também aumentou o número de domésticas formalizadas. Em 1995, 17,8% tinham carteira. Já em 2015, a proporção chegou a 30,4%. Mas a análise dos dados da Pnad sinalizou uma tendência de aumento na quantidade de diaristas no país. Elas eram 18,3% da categoria em 1995 e chegaram a 31,7% em 2015.

Fonte: G1

 

Compartilhe:

Leia mais
STF pauta ações trabalhistas
Servidores públicos podem ser contratados via CLT e outros regimes, valida STF; entenda
reunião juizes de paz bahia csb
CSB-BA apoia regulamentação da profissão de juiz de paz em reunião com governo do estado
pesquisa prioridades profissinais de TI Fenati
Fenati chama profissionais de TI para definir prioridades de atuação dos sindicatos; saiba
juros altos famílias endividadas
Juros altos mantêm famílias endividadas, diz CNC; Copom deve elevar Selic nesta quarta
audiencia ministério do trabalho prevenção acidentes motociclistas
Audiência no MTE discute prevenção de acidentes com motociclistas profissionais
Debate ALMG PL 2238 servidores Ipsemg
Sindicato dos Servidores do Ipsemg defende valorização da carreira em debate na ALMG
Luiz Marinho nega mudança seguro-desemprego
"Deveriam estudar legislação", diz Marinho sobre ideias que mudariam seguro-desemprego
Nota tecnica 09 conalis mpt resumo
Procurador do Trabalho resume principais pontos da Nota Técnica nº 09 da Conalis; entenda
TRT 15 Campinas
Há 80 anos, caso de assédio moral inaugurou Justiça do Trabalho em Campinas
atualização cadastro sindical 2024
Prazo para atualizar cadastro sindical no MTE termina em dezembro; saiba como