Central dos Sindicatos Brasileiros

Mulheres Negras organizam marcha em defesa da igualdade de direitos e contra a discriminação

Mulheres Negras organizam marcha em defesa da igualdade de direitos e contra a discriminação

Marcha Nacional das Mulheres Negras de 2015 acontecerá em Brasília; movimento inédito quer dar visibilidade às reivindicações contra o racismo

 Idealizada durante o “Encontro Paralelo da Sociedade Civil para o Afro XXI: Encontro Ibero Americano do Ano dos Afrodescendentes”, em Salvador, no ano de 2011, a Marcha das Mulheres Negras será realizada no dia 18 de novembro de 2015, quando as Representantes de vários setores da sociedade se reunirão em Brasília para mostrar apoio à igualdade social, racial e de gênero. O lema da Marcha é “Contra o racismo, a violência e pelo bem viver”.

 A intenção do grupo é entregar um documento à presidenta Dilma Rousseff com as reflexões sobre o tema da Marcha, falar sobre o atual momento da mulher negra no País e a luta para garantir o estado democrático de direito, que, de acordo com representantes do movimento, está fragilizado.

Mulheres pardas e negras representam 25% da população brasileira, ou seja, são mais de 49 milhões em todo o Brasil, que, em sua maioria, sustentam o grupo familiar desempenhando tarefas informais que as levam a trabalhar em duplas e triplas jornadas de trabalho. Estes dados foram levantados pelas organizadoras da Marcha durante a preparação do evento.

A qualificação é um dos instrumentos para a inserção do negro no mercado de trabalho, bem como para contribuir na luta contra a desigualdade na hora da contratação. “Os negros ainda continuam à margem da sociedade, apesar da melhora nos quadros sociais ocorrida nos últimos anos. Prova disso é a dificuldade que ainda hoje encontram para serem inseridos no mercado de trabalho. A CSB, que sempre encampou a luta pela igualdade racial, social e de gênero, atua para que, com o trabalho dos nossos dirigentes, os direitos sejam respeitados e fortaleçamos cada vez mais o movimento negro no País”, disse o presidente da CSB, Antonio Neto.

Iniciativa

Para o vice-presidente da Central José Avelino Pereira (Chinelo), as iniciativas que estão sendo tomadas podem traçar um novo futuro para os negros. “Nós estaremos na Marcha Nacional das Mulheres Negras para levantar debate sobre qualificação e requalificação da mulher e do homem negro por meio de recursos do CODEFAT [Comissão do Fundo de Amparo ao Trabalhador]”, explicou Chinelo, que também está à frente do Inspir (Instituto Sindical Interamericano pela Igualdade Racial).

A proposta citada pelo dirigente está prevista no Estatuto da Igualdade Racial (Lei 12.288/2010) e pretende realizar ações afirmativas para mulheres negras, tais como a promoção de ações que elevem a escolaridade e a qualificação profissional em setores da economia que possuem alto índice de ocupação por trabalhadores negros de baixa escolarização.

logo marcha mulheres negras

O Mapa da Violência de 2015, divulgado em novembro, revelou que o número de mulheres negras assassinadas cresceu 54% em 10 anos (de 2003 a 2013), enquanto que o número de mulheres brancas caiu 9,8%, no mesmo período. Cerca de 55,3% dos crimes contra mulheres foram cometidos no ambiente doméstico, e em 33,2% dos casos os homicidas eram parceiros ou ex-parceiros das vítimas.

“Apesar do índice crescente da mortalidade de mulheres negras, acredito que vamos encontrar um caminho de autodeterminação política, galgando espaços e representação”, disse a vice-presidente da CSB Maria Bárbara da Costa.

Mobilização

 A vice-presidente da Central esteve, no dia 8 de novembro, na quadra da escola de samba Vila Isabel, no Rio de 20151109033713Janeiro, para o “Samba do Bem Viver”, a fim de auxiliar na arrecadação de recursos para a viagem a Brasília, para apoiar o movimento das mulheres negras. “No Brasil e na América Latina, a violação perpetrada pelos senhores brancos contra as mulheres negras é o cimento de todas as hierarquias de gêneros e raça presentes nesta sociedade. Quase sempre [isso] é negado. Na formação da cultura nacional, a desigualdade entre homens e mulheres é erotizada”, disse.

Além da Marcha no dia 18 de novembro, será organizada uma feira de artesanato entre os dias 17 e 19, um seminário pré-marcha e uma mesa de debates sobre empreendedorismo. O movimento quer aglutinar o máximo de organizações de mulheres negras, assim como outras representações do Movimento Negro, sem dispensar o apoio de organizações de mulheres e de todo tipo de iniciativa que apoiem a proposta. “Assumidas, somos mulheres negras de todos os continentes. Pertencentes à mesma comunidade de destinos”, finalizou Maria Barbara.