Lupi critica aumento dos juros para aposentados – Para o ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT), não há o que comemorar sobre o aumento do teto dos juros do empréstimo consignado para aposentados e pensionistas do INSS. Questionado pelo jornal O Globo sobre se estava satisfeito com o resultado da contenda com os bancos, Lupi disse:
“Não, mas continuo na luta”, respondeu brevemente.
O teto aprovado nesta terça-feira (28), de 1,97% ao mês, representa uma ligeira queda em relação ao original de 2,14%, porém ainda fica acima dos 1,7% que estava em vigor nos últimos dias, e do meio termo de 1,90% que ele tinha esperança de conseguir aprovar e que foi pedido por representantes dos aposentados em carta enviada a ele.
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Após a reunião do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), conduzida por Lupi, que aprovou o aumento dos juros para aposentados e pensionista sob orientação do governo, algumas pessoas que estiverem presentes relataram ao jornal o desapontamento do ministro.
“O que me chamou mais a atenção foi o abatimento do ministro Lupi. Ele me pareceu bastante desapontado”, disse Tonia Galleti, que representou o Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos) no encontro.
Como foi a reunião
Lupi iniciou sua fala explicando que sua intenção ao propor um teto de 1,7% ao mês era que a redução levasse Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil a uma participação maior neste tipo de crédito.
No entanto, disseram a ele que os bancos públicos não teriam os recursos para atender a uma demanda muito maior que a parcela atual a que atendem, que é de 11% dos empréstimos consignados para beneficiários do INSS.
O ministro esperava também que, pressionados pela concorrência com Banco do Brasil e Caixa, os bancos privados abaixassem ainda mais os juros para essa modalidade, tendo em vista o baixo risco envolvido na operação, que é descontada diretamente da folha.
Os conselheiros debateram também sobre os juros do rotativo do cartão consignado dos aposentados. A margem de desconto automático é de 5% do valor da fatura e o restante não pago vai para a fatura do próximo mês, com incidência de juros.
Ficou decidido que será criado um grupo de trabalho para avaliar o tema, que deverá apresentar suas conclusões ao CNPS em até 60 dias após sua criação. Os conselheiros devem nomear os membros do grupo de trabalho até 5 de abril.
Os representantes dos aposentados que estavam na reunião defenderam o fim do rotativo do cartão e que os bancos sejam obrigados a refinanciar a dívida restante, evitando assim o endividamento pelo pagamento mínimo do valor da fatura.
Nota da Febraban
A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) considerou o aumento dos juros para aposentados “um importante avanço”, mas destacou que caberá a cada banco decidir se abrirá novamente a linha de crédito consignado para aposentados e pensionistas do INSS.
“Caberá a cada instituição financeira, diante de sua estratégia de negócio, avaliar a conveniência de concessão do consignado para os beneficiários do INSS no novo teto de juros fixado pelo Conselho de Previdência”, informou em nota.
Ainda nesta terça, após a reunião que aprovou o novo teto, a Caixa afirmou que voltaria a disponibilizar o empréstimo no mesmo dia.
Composição do CNPS
Para Antonio Neto, presidente da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros), a situação é um exemplo claro de como é necessário reavaliar a composição do Conselho, que hoje não tem representantes de todas as centrais sindicais dentre seus 15 integrantes.
“A CSB não votou, pois é suplente no conselho. Mas a nossa posição era pela manutenção dos 1,70%. O que só mostra a necessidade de alterações no conselho, garantindo espaço para todas as centrais legitimamente aferidas”, argumentou.
Neto disse ainda que recebeu a notícia do aumento dos juros para aposentados “com indignação” e cobrou que o governo alinhe suas práticas ao discurso.
“O recado do governo é péssimo em tempos de enfrentamento ao juros exorbitante praticado pelo Banco Central. Deixa a impressão que a caneta é diferente do discurso, o que não é nada bom para o nosso país.”
Com informações de: O Globo