Central dos Sindicatos Brasileiros

Lula revoga trecho de medida que reonerava folha de pagamento de 17 setores

Lula revoga trecho de medida que reonerava folha de pagamento de 17 setores

Na noite desta terça-feira (27), o presidente Lula (PT) assinou a revogação de um trecho da Medida Provisória (MP) que reonerava a folha de pagamento de 17 setores da economia. Com isso, esses setores voltam a ter desoneração sobre a folha.

A revogação desse trecho da MP representa, portanto, uma vitória para esses setores, que agora poderão continuar a se beneficiar da desoneração e, consequentemente, manter seus custos de contratação mais baixos.

Entre os setores beneficiados com a medida está o de Tecnologia da Informação (TI), que atualmente emprega milhões de brasileiros e brasileiras. O presidente do Sindpd-SP e da CSB, Antonio Neto, defendeu por diversas vezes, nos últimos meses, que a desoneração da folha de pagamentos do setor de TI fosse mantida para os próximos anos.

Leia: Antonio Neto mostra preocupação com veto à desoneração da folha

Como alternativa, o governo federal vai enviar um projeto ao Congresso Nacional para propor uma nova lei sobre a desoneração da folha de pagamento. Projetos de lei têm uma tramitação mais lenta que a medida provisória. A lei que estabelecia a desoneração venceria no fim de 2023, mas o Congresso aprovou a prorrogação até dezembro de 2027.

O texto permitia que empresas dos 17 setores substituíssem a contribuição previdenciária, de 20% sobre os salários dos empregados, por uma alíquota sobre a receita bruta do empreendimento, que varia de 1% a 4,5%, de acordo com o setor e serviço prestado.

Mas Lula vetou a prorrogação, por orientação da equipe econômica, que contava com os impostos da reoneração. O veto desagradou o Congresso e foi derrubado por deputados e senadores.

Diante disso, o governo editou, nos últimos dias de 2023, uma medida provisória estabelecendo a reoneração. Medidas provisórias entram em vigor imediatamente, mesmo antes de serem analisadas pelo Congresso, daí o Executivo ter optado por esse caminho. Mas líderes do Congresso, em especial o presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG), avisaram Lula de que a reoneração não foi bem recebida.

Na última semana, Pacheco garantiu que a desoneração seria mantida. Ao revogar esse trecho da medida provisória, Lula atende o Congresso e retoma a proposta aprovada por deputados e senadores. Agora caberá à Câmara e ao Senado decidir o que fazer com o projeto que o governo vai mandar sobre a reoneração.

Segundo o Movimento Desonera Brasil, que reúne representantes dos setores beneficiados, o projeto impacta diretamente milhões de empregos formais e contribui para a manutenção e o crescimento desses setores. Isso significa não apenas a preservação de empregos existentes, mas também a geração de novas oportunidades de trabalho em um momento crucial para a recuperação econômica do país.

No entanto, outros trechos da MP foram mantidos, sendo:

  • o que mantém a redução dos incentivos do Programa Especial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) e o teto para compensação de créditos tributários;
  • o que estabelece a reoneração da folha das prefeituras;
  • o que determina um limite anual para a compensação de créditos tributários — quando uma empresa consegue, na Justiça, receber de volta impostos pagos de forma indevida.

Entenda

A desoneração da folha de pagamento é uma medida fiscal adotada pelo governo com o propósito de estimular a economia e fomentar a criação de empregos. Em sua essência, essa política consiste na substituição da contribuição previdenciária patronal sobre os salários dos funcionários por uma alíquota sobre o faturamento da empresa ou por uma contribuição fixa por empregado.

Tradicionalmente, as empresas brasileiras são obrigadas a contribuir com uma porcentagem sobre a folha de pagamento de seus funcionários para financiar a Previdência Social. Contudo, a desoneração propõe uma mudança nesse modelo, buscando aliviar os encargos trabalhistas das empresas e tornar a contratação de mão de obra mais atrativa.

Nesse contexto, ao invés de calcular a contribuição com base nos salários dos funcionários, a empresa pode optar por contribuir com uma porcentagem sobre o seu faturamento bruto ou pagar uma contribuição fixa por funcionário. Essa medida visa reduzir os custos de contratação e incentivar a criação de empregos formais.

A desoneração da folha de pagamento tem como principal objetivo estimular o crescimento econômico e promover a geração de empregos. Ao reduzir os encargos trabalhistas das empresas, o governo busca criar um ambiente mais propício para investimentos e expansão dos negócios, contribuindo para a recuperação da economia e a redução do desemprego.

Além disso, a medida também visa aumentar a formalização do mercado de trabalho, combatendo a informalidade e a sonegação de impostos. Ao tornar a contratação de mão de obra mais acessível, espera-se que mais trabalhadores ingressem no mercado formal, beneficiando tanto os empregados quanto o Estado, que arrecada mais impostos.

Benefícios e desafios

Entre os principais benefícios da desoneração da folha de pagamento, destacam-se a redução dos custos de contratação para as empresas, o estímulo à criação de empregos formais e a promoção do crescimento econômico. No entanto, é importante ressaltar que essa medida também apresenta alguns desafios e implicações a serem considerados.

Por exemplo, a substituição da contribuição previdenciária patronal por uma alíquota sobre o faturamento pode gerar uma queda na arrecadação da Previdência Social, o que pode impactar a sustentabilidade do sistema a longo prazo. Além disso, é necessário garantir que a desoneração seja implementada de forma equitativa, sem beneficiar apenas determinados setores em detrimento de outros.

Em síntese, a desoneração da folha de pagamento é uma medida que busca estimular a economia e promover a criação de empregos através da redução dos encargos trabalhistas das empresas.

Embora apresente diversos benefícios, é fundamental que essa política seja acompanhada de um planejamento cuidadoso e de medidas complementares para garantir sua eficácia e sustentabilidade a longo prazo.

Com informações de G1