Lei dos domésticos completa três anos, e categoria ainda sofre com descumprimento dos patrões

Com a legislação, categoria adquiriu diversos benefícios, mas ainda há muito desconhecimento sobre os direitos destes trabalhadores

Neste mês, a Lei Complementar nº 150, que regulamenta os direitos dos empregados domésticos brasileiros, completa três anos. Sancionada pela ex-presidente Dilma Rousseff, a legislação trouxe diversos benefícios para a categoria, como Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), seguro-desemprego, salário-família, não contratação de menores de 18 anos e horas extras.

Na avaliação da presidente do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos de Araçatuba e Região, Renata Custodio Pereira Cardoso, que representa dois mil trabalhadores, com a legislação, “houve uma melhora significativa. Hoje, os trabalhadores domésticos têm seus direitos assegurados por uma lei específica, isso trouxe mais dignidade na melhoria da qualidade de vida dessas pessoas”, afirmou.

Conforme explicou Renata, antes da lei, os domésticos tinham dificuldade em lutar por direitos trabalhistas. “Eram alvo de grande divergência até na Justiça do Trabalho. Seguro-desemprego era algo que não existia. Hoje, é muito mais tranquilo resolver a supressão desses direitos no Judiciário”, analisa.

A presidente ressaltou também que, apesar dos avanços, muitas pessoas ainda desconhecem a regulamentação, o que dificulta a aplicação. “O fato de ser uma lei aprovada recentemente aliado à questão cultural [que desconsidera os direitos dos domésticos] acaba gerando distrato de modo geral”.

Apesar da legislação, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de empregados domésticos recuou de 32% para 30%. “A lei complementar, ao regular alguns direitos, consequentemente trouxe alguns encargos tributários que são gerados em uma única guia, deixando o empregado doméstico um pouco mais caro. Acabam por optar ou até oferecer a informalidade e como contra partida salário um pouco acima do piso”, explicou.

Para Renata, o grande desafio é fazer com que o doméstico seja respeitado como qualquer outro trabalhador. “Começando pelo respeito ao dar uma ordem, por exemplo, e indo até questões de direito, como o direito ao intervalo para repouso e alimentação, que 90% [dos patrões] não respeitam”, disse.

Os domésticos desempenham funções essenciais e de muita responsabilidade nos lares brasileiros. “Nos dias atuais, são os profissionais mais próximos dos bens mais preciosos que temos, como filhos, que ficam aos cuidados das babás; os pais e avós, que ficam com cuidadores”, explica.

Com 7,2 milhões, o Brasil lidera o ranking da categoria mundial seguido por Índia (4,2 milhões), Indonésia (2,4 milhões) e Filipinas (1,9 milhão), de acordo com os últimos dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que calcula 52 milhões de domésticos no mundo todo.

Compartilhe:

Leia mais
Sintrammar diretoria eleita 2025
Chapa 2 vence eleições do Sintrammar de Santos e Região, com Erivan Pereira reeleito presidente
reunião mesa permanente servidores federais 20-02-25
Em reunião, servidores federais cobram governo sobre pauta de reivindicações travada
saúde mental no trabalho nr-1
Empresas serão responsáveis por saúde mental dos funcionários a partir de maio
img-pagamentos-inss-mudanca-carnaval
Calendário de pagamentos do INSS terá mudanças devido ao Carnaval 2025; confira datas
mpt campinas investiga empresas por pratica antissindical
MPT investiga 32 empresas de SP por coagirem empregados a se opor à contribuição assistencial
servidores excluidos reestruração carreiras rs mesa fessergs
Fessergs e governo do RS formam mesa sobre servidores excluídos de reestruturação
trabalhador indenização cancer
Trabalhador será indenizado em R$ 500 mil por demissão após comunicar câncer
saque fgts nascimento filhos
Projeto que libera saque do FGTS por nascimento de filhos avança na Câmara
CNJ regras inteligencia artificial judiciário
Conselho aprova regras para uso de inteligência artificial no Judiciário
Trabalho imigrantes Texas Tesla e SpaceX
Empresas de Elon Musk usam imigrantes irregulares em obras no Texas, diz reportagem