João Vicente Goulart defende a implementação das reformas de base propostas por Jango

Em homenagem às vítimas da ditadura,em Sorocaba, filho do ex-presidente evidenciou a necessidade da luta por uma democracia participativa

A presença de João Vicente Goulart, filho do ex-presidente João Goulart, foi marcante para o “Ato Sindical Unitário em Homenagem à Memória dos que Lutaram. Para que sua Luta seja Eternizada”, que aconteceu no dia 26 de julho, em Sorocaba. Este ato foi organizado pelo Grupo de Trabalho “Ditadura e Repressão aos Trabalhadores, às Trabalhadoras e ao Movimento Sindical” (GT13) da Comissão Nacional da Verdade (CNV), em parceria com a  CSB. Para João Vicente, o País ainda espera as reformas de base anunciadas por seu pai e abortadas pelo Golpe de 1964.

“Há 50 anos o golpe não derrubou só meu pai, derrubou um sonho de projeto de  uma nação mais justa. Operários e estudantes naquele momento sonhavam com um país que pudesse reformar suas estruturas sociais por meio das reformas de base, para que o Brasil pudesse dirigir sua economia para os menos favorecidos, pudesse conduzir sua economia para um Brasil justo. A luta continua pela democracia participativa. Temos avançado pela resistência de pessoas anônimas que lutaram por 21 anos durante a ditadura”, afirmou João Vicente. Além disso, o filho de Jango disse que governo do pai foi derrubado porque ele enfrentava um “sistema econômico perverso, que mantinha na exclusão boa parte da população brasileira”.

Segundo Goulart, é preciso haver uma conscientização da sociedade sobre as leis de reforma de base e sobre a história do País, que o regime militar omitiu. “A conscientização faz parte da redemocratização do Brasil, por isso é necessário que haja atos como este em memória das vítimas da ditadura.  O resgate é importante na construção de uma nação mais justa, equitativa e soberana. Conseguimos reconquistar a democracia e vivemos o período democrático nacional mais longo. Evoluímos muito depois de 21 anos, mas falta muito para nós sermos uma democracia participativa; as reformas estruturais do Brasil ainda não aconteceram”, destacou. João Vicente defendeu também o Decreto-Lei 8.243/14, da presidenta Dilma Rousseff, que institucionaliza as relações do governo com os movimentos sociais. “Esse é o primeiro passo para deixarmos de ser uma democracia representativa e nos tornarmos participativa”, completou.

No Ato, o filho de Jango criticou o ritmo da reforma agrária feita pelo governo federal e a lei de remessas de lucros. “Devemos, cada vez mais, buscar no passado as respostas para o desenvolvimento. Cinquenta anos depois, as reformas estruturais do presidente João Goulart – as reformas agrária, tributária, educacional e urbana, e a lei da remessa de lucros – são propostas que este país ainda precisa rever com cuidado para continuar avançando”, afirmou João Vicente.

Reformas de base

Sob a denominação de reformas de base, propostas pelo ex-presidente João Goulart, estava reunido um conjunto de iniciativas: as reformas bancária, fiscal, urbana, administrativa, agrária e universitária. Sustentava-se ainda a necessidade de estender o direito de voto aos analfabetos e defendiam-se medidas nacionalistas prevendo uma intervenção mais ampla do Estado na vida econômica. Além disso, o presidente propunha um maior controle dos investimentos estrangeiros no País, mediante a regulamentação das remessas de lucros para o exterior. O projeto também pretendia estatizar a educação e as refinarias de petróleo.

O carro-chefe das reformas era, sem dúvida, a reforma agrária, que visava eliminar os conflitos pela posse da terra e garantir o acesso à propriedade de milhões de trabalhadores rurais. Em discurso no encerramento do 1° Congresso Camponês, realizado em Belo Horizonte, em novembro de 1961, João Goulart afirmou que não só era urgente a realização da reforma agrária, como também declarou a impossibilidade de sua efetivação sem a mudança da Constituição Brasileira, que exigia indenização prévia em dinheiro para as terras desapropriadas. O projeto da reforma de base contribuiu para o fortalecimento dos movimentos populares, o que irritou as elites, provocando a intensificação das pressões de oposição contra o governo.

Confira a cobertura completa do evento aqui.

Veja a galeria de fotos do “Ato Sindical Unitário em Homenagem à Memória dos que Lutaram” – Sorocaba

Compartilhe:

Leia mais
geração de empregos recorde em fevereiro
Procurador denuncia "pejotização" como forma de burlar direitos trabalhistas
csb centrais sindicais com ministro maurcio godinho tst
Centrais entregam agenda jurídica do movimento sindical ao vice-presidente do TST
csb menor (40)
Desigualdade de renda no Brasil é a menor desde 2012, aponta IBGE
csb menor (1)
Encontro Executiva Nacional CSB 2025: painel 6 – Trabalhadores e o meio ambiente; íntegra
ministro do trabalho luiz marinho em audiencia na camara
Ministro do Trabalho defende fim da escala 6x1 e jornada de 40 horas em audiência na Câmara
csb menor (2)
Centrais apresentam pauta prioritária e agenda legislativa em reunião no Congresso
painel 5 encontro executiva nacional csb 2025
Encontro Executiva Nacional CSB 2025: painel 5 – Agenda parlamentar sindical; assista
painel negociação coletiva
Encontro Executiva Nacional CSB 2025: painel 4 – Práticas antissindicais; assista
csb menor (39)
Encontro Executiva Nacional CSB 2025: painel 3 – Negociação Coletiva; assista
csb menor (38)
Centrais sindicais protestam contra juros altos em dia de mais uma reunião do Copom