Governo assina portaria que permite a divulgação da Lista Suja do Trabalho Escravo

Documento estará disponível no site do Ministério do Trabalho e será atualizado constantemente

O Ministro do Trabalho, Manoel Dias, e a Ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Idelli Salvatti, assinaram a Portaria Intermenisterial nº 2 de 2015 que altera as regras para divulgação do nome das empresas que tenham submetido trabalhadores à condição análoga à de escravo. A portaria foi publicada no Diário Oficial da União, no dia 31 de março, pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

O documento traz novas regras sobre o cadastro e divulgação do nome das empresas que forem condenadas por manterem trabalhadores em condições análogas ao trabalho escravo. A partir de agora a Lista Suja do Trabalho Escravo será divulgada no portal do Ministério do Trabalho (www.mte.gov.br).

A atualização do nome das companhias condenadas por trabalho escravo será realizada constantemente. Segundo a Portaria, “o nome do empregador será divulgado após decisão final relativa ao auto de infração, ou ao conjunto de autos de infração, lavrados em ação fiscal que tenha identificado trabalhadores submetidos à condição análoga à de escravo, assegurados o contraditório e a ampla defesa em todas as fases do procedimento administrativo (…)”.

Ainda de acordo com a Portaria, a organização e divulgação da relação ficará a cargo da Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo – DETRAE, e nome do empregador permanecerá divulgado no Cadastro por um período de 2 dois anos.

Os procedimentos para inclusão e exclusão de nomes do Cadastro serão acompanhados pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, sob intermédio da Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo – CONATRAE.

Para Antonio Neto, presidente da CSB, entre as principais bandeiras do movimento sindical é o combate ao trabalho escravo e a defesa dos direitos estabelecidos pela CLT. “Nós vamos combater firmemente o trabalho escravo no Brasil. Ter trabalhadores em pleno século 21 atuando em jornadas exaustivas, sem nenhum direito e sem as garantias da carteira assinada, é uma vergonha. Precisa haver punições mais severas para as empresas que não respeitam o direito dos trabalhadores. A divulgação da lista com os nome dessas empresas é só o início do combate”, enfatizou.

Confira a íntegra da Portaria Intermenisterial nº 2 de 2015:

 

MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO

 

GABINETE DO MINISTRO

 

PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 2, DE 31 DE MARÇO DE 2015

(DOU de 1º/04/2015 Seção I Pág. 116)

Enuncia regras sobre o Cadastro de Empregadores que tenham submetido trabalhadores a condição análoga à de escravo e revoga a Portaria Interministerial nº 2, de 12 de maio de 2011.

O MINISTRO DE ESTADO DO TRABALHO E EMPREGO e a MINISTRA DE ESTADO CHEFE DA SECRETARIA DE DIREITOS HUMANOS DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhes confere o art. 87, parágrafo único, inciso II, e tendo em vista o disposto nos arts. 3º, incisos I e II, e 7º, incisos VII, alínea b, da Lei 12.527, de 18 de novembro de 2011, a Convenção 29 da OIT, promulgada pelo Decreto nº 41.721, de 25 de junho de 1957; a Convenção 105 da OIT, promulgada pelo Decreto 58.822, de 14 de julho de 1966; a Convenção Sobre a Escravatura de Genebra, promulgada pelo Decreto nº 58.563, de 1º de junho de 1966, e a Convenção Americana de Direitos Humanos, promulgada pelo Decreto nº 678, de 6 de novembro de 1992, resolvem:

Art. 1º Enunciar regras referentes ao Cadastro de Empregadores que tenham submetido trabalhadores à condição análoga à de escravo.

  • 1º Divulgar-se-á no sítio eletrônico do Ministério do Trabalho e Emprego,-www.mte.gov.br-, a relação de empregadores composta de pessoas físicas ou jurídicas autuadas em ação fiscal deste Ministério, que tenha identificado trabalhadores submetidos à condição análoga à de escravo.
  • 2º A organização e divulgação da relação ficará a cargo da Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo – DETRAE, inserida no âmbito da Secretaria de Inspeção do Trabalho – SIT, do Ministério do Trabalho e Emprego.

Art. 2º O nome do empregador será divulgado após decisão final relativa ao auto de infração, ou ao conjunto de autos de infração, lavrados em ação fiscal que tenha identificado trabalhadores submetidos à condição análoga à de escravo, assegurados o contraditório e a ampla defesa em todas as fases do procedimento administrativo, nos termos dos arts. 629 a 638 do Decreto-Lei 5.452, de 1º de maio de 1943, da Consolidação das Leis do Trabalho.

Art. 3º A primeira relação a ser publicada divulgará os nomes dos empregadores que tenham sido condenados administrativamente com decisão definitiva irrecorrível, ocorrida de dezembro de 2012 a dezembro de 2014, relativa ao auto de infração lavrado em ação fiscal que tenha identificado trabalhadores submetidos à condição análoga à de escravo.

  • 1º A relação com o nome dos empregadores é passível de atualização – constante, não havendo periodicidade predeterminada para a sua divulgação.
  • 2º A relação com o nome dos empregadores publicada não alcançará os empregadores que tiveram decisão definitiva irrecorrível de auto de infração ou de conjunto de autos de infração anteriores a dezembro de 2012.

Art. 4º O nome do empregador permanecerá divulgado no Cadastro por um período de 2 (dois) anos.

  • 1º Para efeito da contagem do prazo de permanência no Cadastro de que trata o caput deste artigo, será deduzido o tempo em que o nome do empregador constou em lista regida sob a égide da Portaria Interministerial n.º 2, de 12 de maio de 2011.
  • 2º Após o término do prazo previsto no caput deste artigo o nome do empregador deixará de constar da relação.
  • 3º O empregador poderá ter seu nome divulgado mais de uma vez, pelo período de 2 (dois) anos, no caso de haver identificação de trabalhadores submetidos à condição análoga à de escravo em outras ações fiscais.
  • 4º Na hipótese de ocorrência do previsto no §3º será observado o procedimento disposto no art. 2º para nova divulgação.

Art. 5º A relação divulgada não prejudica o direito de obtenção dos interessados a outras informações relacionadas ao combate ao trabalho análogo ao de escravo, de acordo com o previsto na Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, Lei de Acesso à Informação.

Art. 6º À Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República competirá acompanhar, por intermédio da Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo – CONATRAE, os procedimentos para inclusão e exclusão de nomes do Cadastro de empregadores, bem como fornecer informações à Advocacia-Geral da União nas ações referentes ao citado cadastro.

Art. 7º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 8º Revoga-se a Portaria Interministerial nº 2, de 12 de maio de 2011.

MANOEL DIAS

Ministro de Estado do Trabalho e Emprego

IDELI SALVATTI

Ministra de Estado Chefe da Secretaria de Direitos Humanos

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