Nesta quinta-feira (25), um empresário, réu em um processo trabalhista, se escondeu debaixo de uma mesa durante uma audiência virtual numa tentativa de enganar o juiz que conduzia a sessão no Paraná. O magistrado Thiago Mira de Assumpção Rosado, da 18ª Vara do Trabalho de Curitiba, desconfiou que o homem estava na mesma sala que o advogado, o que não era permitido naquela ocasião, e pediu que o defensor mostrasse todo o ambiente.
O advogado Robison de Almeida Albuquerque Maranhão chegou a alegar que o cliente estaria em um andar inferior do escritório. “O senhor consegue girar a câmera, porque parece que a janela é parecida, só para a gente se precaver”, pediu o juiz. Na sequência, Maranhão mostra a imagem em um ângulo onde pouco se via. No entanto, o empresário, sócio de uma empresa, inicia uma caminhada e filma a si mesmo entrando debaixo de uma mesa.
“Por que ele entrou debaixo da mesa, doutor? Poxa, vocês estão de brincadeira com o juiz aqui. Só pode ser piada mesmo. Doutor, eu vou oficiar a OAB, é uma palhaçada e uma falta de respeito”, repreendeu o magistrado, visivelmente contrariado.
O juiz determina a suspensão da audiência e avisa que denunciaria o defensor do empresário à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Assista ao vídeo:
Procurado pelo jornal O Globo, Maranhão não retornou o contato. Já o advogado da trabalhadora, a outra parte envolvida na ação, Vitor Benin, classificou o flagrante como “uma situação inusitada”. Nas imagens, Benin não segurou o riso enquanto a cena se desenrolava.
“O representante da reclamada ouviu o depoimento da autora da ação, tomado no início da audiência, por estar na mesma sala que seu advogado, o que é vedado pela legislação. O juiz percebeu essa falha e questionou o advogado da parte contrária, gerando o momento retratado no vídeo. Foi uma situação inusitada”, apontou.
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O artigo 385 do Código de Processo Civil prevê que o homem que se escondeu não poderia estar no mesmo ambiente que o advogado porque assim ele escutaria o depoimento da parte adversária na causa. Isso ocorre para que não exista interferência nas oitivas de cada envolvido.
O processo trabalhista trata de um pedido de pagamento de verbas rescisórias no valor de R$ 20 mil apresentado pela trabalhadora, enquanto o empresário flagrado embaixo da mesa é sócio da empresa envolvida no imbróglio. Em nota enviada à imprensa, o Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR) reiterou que o juiz Thiago Mira de Assumpção Rosado irá “oficiar formalmente à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para que apure a conduta do advogado, que tentou ludibriar o magistrado e, consequentemente, a Justiça do Trabalho”.
A Corte acrescentou que, “ao se esconder embaixo de uma mesa”, o sócio da empresa teve “a possibilidade de ter ouvido o depoimento da autora, o que contraria os dispositivos legais”. “Diante do fato, o juiz suspendeu a audiência e vai programar os depoimentos das testemunhas da ação em data futura, de maneira presencial”, conclui o texto divulgado pelo TRT-PR.
Com informações de O Globo
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