Central dos Sindicatos Brasileiros

Em live mediada por Antonio Neto, lideranças políticas e movimento sindical debatem Bolsonaro, coronavírus e a crise brasileira

Em live mediada por Antonio Neto, lideranças políticas e movimento sindical debatem Bolsonaro, coronavírus e a crise brasileira

A transmissão reuniu representantes do PDT, PCdoB, PSB e Rede Sustentabilidade

Na noite do Dia Internacional do Trabalhador, lideranças de diferentes correntes progressistas participaram de uma videoconferência. A pauta central da reunião foram as estratégias necessárias para encarar as duas crises: a de saúde pública, gerada pelo coronavírus; e a político-institucional, gerada pelo Governo de Jair Bolsonaro.

A transmissão feita via Facebook e YouTube foi mediada pelo presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Antonio Neto. Estavam presentes também lideranças do Partido Democrático Trabalhista (PDT) – os ex-ministros Ciro Gomes e Carlos Lupi. A Rede Sustentabilidade e o Partido Socialista Brasileiro (PSB) foram representados pelo senador Randolfe Rodrigues e pelo deputado federal Alessandro Molon, respectivamente. Já a deputada federal Jandira Feghali representou o PCdoB.

Tais lideranças fizeram análises dos processos de nossa história recente e também sugeriram soluções para grave crise que estamos enfrentando.

Os processos que nos levaram a atual crise

Para Ciro Gomes, a compreensão da atual conjuntura se dá pela análise de três diferentes processos. O primeiro é o colapso e o enfraquecimento das esquerdas europeias; já o segundo é a revogação da Constituição de 1988 e, consequentemente, de seu caráter social-democrata. “O moralismo de uma burguesia brasileira, que não tem nada de séria. Que pratica picaretagens de alto coturno, sangrando o país nas mais altas especulações, desviando verbas públicas e gerando desigualdades. Essas pessoas se aproveitaram dos erros do Lula. Até que chegamos no Bolsonaro, uma tragédia anunciada”, disse Ciro ao fazer uma autocrítica dos Governos populares nos últimos anos.

A crítica ao mercado financeiro e ao obscurantismo

Já Jandira Feghali falou sobre incompatibilidade de se conciliar capital financeiro com soberania nacional, democracia e direitos. “O capitalismo financeiro não respeita fronteiras, não respeita Estados nacionais, não respeita normatização e regulação do mundo do trabalho e, principalmente, é incompatível com a democracia.”

Jandira também fez duras críticas a Bolsonaro, classificando o Presidente como uma pessoa desprovida de humanidade. “Não é apenas uma questão político-ideológica, mas se agrega a negação da ciência com o preconceito e o ódio. Acima de tudo, uma absoluta incapacidade de se conviver com os pilares da democracia”, afirmou a parlamentar do PCdoB.

Conscientização das massas na luta contra o capital

A crítica ao mercado financeiro também foi feita por Carlos Lupi. De acordo com o ex-ministro do trabalho, o fato dos setores progressistas nunca terem feito um enfrentamento direto ao capital improdutivo foi um erro. “O nosso erro foi nunca tê-los enfrentado com coragem, nunca ter feito aliança com as bases populares. Temos que convencê-las de que temos que fazer uma luta, sim! Uma luta clara, um luta honesta para que as pessoas escolham de que lado estão”.

Além disso, Lupi também apresentou saídas para combatermos o obscurantismo de Jair Bolsonaro. “Devemos apostar na inteligência do nosso povo, apostar na educação, informar, debater. Não podemos mais apostar no poder pelo poder”.

Bolsonaro e a banalidade do mal

A crítica a Jair Bolsonaro foi ainda mais endurecida na fala de Randolfe Rodrigues. De acordo com ele, a postura do atual presidente, assim como o seu projeto de governo projeto deliberadamente cruel. “O que Jair Bolsonaro representa é a sociopatia no exercício do poder. Hanna Arendt definiu isso muito bem em sua obra A Banalidade do Mal, nós estamos vivenciando um exercício de poder pelo mal.”

Outra crítica feita por Randolfe, foi contra a postura do Governo Federal de ir na contra mão do que é feito no mundo em relação a economia: enquanto praticamente todas as nações do mundo usam recursos do Estado para socorrer o povo e, futuramente, promover uma recuperação econômica, o bolsonarismo investe no sucateamento dos serviços do Estado.

Os problemas da agenda econômica do governo

Já Alessandro Molon, ressaltou a gravidade da situação que estamos enfrentando, que uniu uma crise sanitária de extrema gravidade com o pior presidente de nossa história. Além da irresponsabilidade em relação a saúde pública, o Governo Federal vem cometendo erros brutais na economia. “O Governo está completamente perdido na economia. Aquela doutrina que o Governo segue não resolve os problemas que temos que enfrentar agora. É como se você tentasse usar um manual de instruções de um determinado equipamento, para manusear um outro objeto. Não funciona, não tem nada haver. Na nossa opinião, aquilo não funciona em momento algum, mas muito menos em momento como esse”, argumentou Molon.

Confira abaixo a live na íntegra: