Em carta a Bolsonaro, delegados federais afirmam que há crise de confiança na PF

A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) publicou uma carta aberta ao presidente Jair Bolsonaro neste domingo (26), afirmando que uma crise de confiança foi instalada internamente na instituição e também entre a sociedade e a Polícia Federal (PF).

O grupo afirma que a situação foi gerada pela exoneração do ex-diretor geral da PF, Maurício Valeixo, e o pedido de demissão do ex-Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, na semana passada. “Nenhum delegado quer ver a PF questionada pela opinião pública a cada ação ou inação. Também não quer trabalhar sob clima de desconfianças internas”, diz o documento.

Na carta, os delegados ressaltam quatro pontos: a prerrogativa de nomeação da diretoria-geral da PF, o acesso da Presidência da República a investigações, a solicitação de investigações pela Presidência da República e a investigação realizada sobre o atentado contra Bolsonaro, em 2018.

O grupo ressalta que, apesar de ser o cargo mais alto do poder executivo do país, o presidente da República não tem livre acesso às investigações realizadas pela PF. “O ordenamento jurídico prevê que as atividades investigativas da Polícia Federal são sigilosas e somente os profissionais responsáveis em promovê-las é que devem ter acesso aos documentos.”

O texto ainda sublinha como funciona a solicitação de investigações à PF pela Presidência da República. “Quando um presidente da República toma conhecimento de irregularidades que possam configurar crime ou infrações civis e administrativas de ocupantes de cargos efetivos ou em comissão não diretamente subordinados a si ou outros poderes, mesmo sendo o ocupante do topo da pirâmide hierárquica, deve comunicar, pelos canais hierárquicos às autoridades competentes.”

O quarto ponto de destaque na carta aberta da ADPF a Bolsonaro fala sobre a investigação realizada sobre o atentado contra o atual presidente em setembro de 2018. Os delegados afirmam que “o inquérito recebeu total atenção da PF, e seguiu em caráter prioritário em razão de ser um crime contra a segurança nacional e a própria democracia.”

Segundo a ADPF, caso os quatro pontos de destaque na carta tivessem sido “compreendidos e corrigidos”, o conflito entre a Polícia Federal e a Presidência da República teriam sido evitados.

Por fim, o grupo de delegados pede a Bolsonaro que tome providências para resguardar a PF e sugere que o presidente envie ao Congresso Nacional pautas que garantam a autonomia financeira para a instituição e mandatos para o cargo de diretor-geral. “A Polícia Federal é um órgão de Estado, e integra a rede de controle (accountability), portanto deve exercer a sua missão constitucional independentemente das convicções e decisões políticas de qualquer governo”, diz o documento.

A carta afirma que, caso tais sugestões sejam tiradas do papel, podem se tornar o “legado” do governo de Bolsonaro e derrubarão as dúvidas sobre as intenções do presidente em relação à Polícia Federal.

 

Compartilhe:

Leia mais
Design sem nome (2) (1)
CSB defende transição tecnológica justa em reunião de conselheiros com ministra Gleisi Hoffmann
painel 7 transição tecnológica e futuro do trabalho
Encontro Nacional CSB 2025: painel 7 – Transição tecnológica e futuro do trabalho; assista
regulamentação ia inteligência artificial
Regulamentação da IA é tema em destaque para centrais sindicais no Congresso
papa leão XIII e papa leão XIV
Com o nome Leão XIV, novo Papa homenageia Leão XIII, defensor dos trabalhadores e abolicionista
mapa mundi brasil no centro
IBGE lança mapa-múndi com Brasil no centro e hemisfério sul na parte de cima
geração de empregos recorde em fevereiro
Procurador denuncia "pejotização" como forma de burlar direitos trabalhistas
csb centrais sindicais com ministro maurcio godinho tst
Centrais entregam agenda jurídica do movimento sindical ao vice-presidente do TST
csb menor (40)
Desigualdade de renda no Brasil é a menor desde 2012, aponta IBGE
csb menor (1)
Encontro Executiva Nacional CSB 2025: painel 6 – Trabalhadores e meio ambiente
ministro do trabalho luiz marinho em audiencia na camara
Ministro do Trabalho defende fim da escala 6x1 e jornada de 40 horas na Câmara