Desemprego: economia parada afeta mercado de trabalho, e brasileiros vão para a informalidade

População ocupada até voltou a crescer, mas fatia dos trabalhadores que atua na iniciativa privada com carteira de trabalho segue praticamente estável

 

Com o quadro de incerteza e as empresas em compasso de espera, falta emprego com carteira assinada para os brasileiros, e a porta de entrada do mercado de trabalho tem sido a informalidade. Os últimos dados de emprego no Brasil deixam evidente do emprego: são 13,4 milhões de desocupados e 23,8 milhões de subocupados.

A informalidade traz várias consequências ruins para o país porque a renda do trabalhador se torna bastante inconstante, prejudicando o desempenho da economia.

“O quadro atual do mercado de trabalho é um reflexo da fraca evolução da atividade econômica”, afirma o economista da consultoria LCA Cosmo Donato.

A análise detalhada dos dados do emprego deixa evidente o movimento do brasileiro de busca por trabalhos informais. No trimestre encerrado em março, a população ocupada era 1,76% maior do que a observada no mesmo período de 2018. Mas a fatia dos brasileiros que estava no setor privado com carteira assinada aumentou apenas 0,09% no período, aponta um levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).

“Embora a gente até espere uma redução na taxa de desemprego neste ano, o cenário do mercado de trabalho continua bastante enfraquecido”, diz o economista do Ibre/FGV Daniel Duque.

Informalidade cresce — Foto: Roberta Jaworski/Arte G1

Em busca de oportunidades

No centro de São Paulo, o drama do desemprego ganha vários rostos. Todos os dias, quase 150 pessoas buscam uma oportunidade num posto de atendimento ao trabalhador mantido pelo governo do estado. Não há promessa de contratação, mas de encaminhamento para uma entrevista de emprego.

Marcia Cristina está sem emprego e passou a fazer bicos de faxina — Foto: Marcelo Brandt/G1
Marcia Cristina está sem emprego e passou a fazer bicos de faxina — Foto: Marcelo Brandt/G1

“Entrego currículo diariamente e nada”, diz Marcia Cristina, de 35 anos, enquanto espera por uma senha para conseguir ser atendida no posto. “Eu aceito qualquer vaga que aparecer. Gostaria de um trabalho na área de vendas, mas o que aparecer eu aceito.”

Marcia não tem um emprego formal desde o início do ano passado. Ela era porteira de uma fábrica de vidros, mas a empresa decretou falência por causa da crise econômica. Com o segundo grau completo, tem feitos bicos de faxina. “Meu esposo trabalha, mas fica muito difícil para administrar todas as contas da casa com só uma pessoa trabalhando, por isso decidi fazer bicos.

Iraci Pereira foi demitida de uma rede de supermercados e começou a vender joias — Foto: Marcelo Brandt/G1
Iraci Pereira foi demitida de uma rede de supermercados e começou a vender joias — Foto: Marcelo Brandt/G1

Com Iraci Pereira, de 53 anos, a história não é muito diferente. Demitida de uma rede de supermercados, ela também não trabalha há mais de um ano. “O que mais me deixa decepcionada é que passo nos processos seletivos e não sou chamada. Me mandam aguardar e eu fico aguardando, aguardando, aguardando…”

Sem uma renda mensal, Iraci tem a ajuda de familiares para sobreviver e passou a vender joias. “O meu orçamento doméstico agora é a minha família. Hoje, já estou naquela fase em que não posso escolher emprego”, diz Iraci. Ela tem licenciatura em geografia e cursa a segunda faculdade, agora de direito.

Fonte: Luiz Guilherme Gerbelli, G1
Foto principal: Marcelo Brandt/G1

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