Segundo a presidente da seccional, Eliane Gerber, a Central já possui cerca de 94 sindicatos filiados e em processo de tramitação junto ao Ministério do Trabalho
Eleita há pouco mais de três meses, a diretoria da CSB RS já coleciona algumas conquistas no movimento sindical gaúcho e se organiza para mais uma rodada de visitas aos sindicatos de todo o estado. Presidida pela 1ª secretária da Mulher Trabalhadora da Central, Eliane Gerber, as prioridades da seccional do Rio Grande do Sul, em 2018, são fortalecer as políticas públicas de geração de emprego, as negociações coletivas e o papel das mulheres como lideranças sindicais, comunitárias e políticas.
Com uma sede própria, uma representação de 120 mil profissionais e a experiência bem-sucedida de um trabalho de conscientização sobre a reforma trabalhista, a seccional, agora, pretende ampliar sua atuação com articulação junto às administrações estadual e municipais, a promoção de encontros regionais e atividades voltadas especificamente às mulheres trabalhadoras. A primeira ação já acontece nesta quinta-feira (8), no Dia Internacional da Mulher, em frente ao Largo Glênio Perez, em Porto Alegre.
Quer saber mais? Acompanhe abaixo a entrevista com a presidente da CSB RS e a 1ª secretária da Mulher Trabalhadora da CSB Nacional, Eliane Gerber.
- No Rio Grande do Sul, quais os principais desafios do movimento sindical?
Eliane Gerber: O Rio Grande do Sul, como outros estados, é governado numa lógica privatista, de redução do papel do Estado e do desmonte das políticas públicas. Nesse contexto, o movimento sindical tem inúmeros apelos de sua base e a CSB não se coloca à parte disso. Temos sindicatos de municipários e funcionários públicos estaduais, filiados de profissionais liberais, todos enfrentando a precarização dos serviços prestados pelo Estado, a retirada de direitos, más condições trabalho, assédio moral e [estão] com enormes dificuldades de negociação com o empregador.
- E quais são as ações da CSB para fortalecer a classe trabalhadora diante deste cenário de precarização?
E.G. – A CSB RS entende que deve investir na escuta dos seus filiados, no entendimento de cada segmento e apoiá-los na busca de soluções a curto e médio prazo de suas reivindicações. Tem ações imediatas que já estamos desenvolvendo, ou seja, marcando presença nos espaços de discussão das políticas públicas, intermediando contatos com os parlamentares que apoiam o movimento dos trabalhadores e fazendo um combate qualificado junto àqueles que ainda se colocam na contramão dos anseios da sociedade.
A CSB tem apostado também na visita aos seus sindicatos, numa permanente vigília de suas necessidades e na capacitação de seus dirigentes, afinal um sindicato fortalecido traz a força necessária para esses enfrentamentos.
- Dentre esse conjunto de ações citadas, o que será prioridade em 2018?
E.G. – A CSB apostará na capacitação de seus dirigentes. No primeiro semestre de 2018, realizaremos ações em todas as regiões do estado. Chamaremos isso de “Encontros Regionais da CSB RS”, ou seja, um conjunto de eventos que ocorrerão entre os dias 10/03 a 30/06, percorrendo as nove Regiões de Funcionamento (RF), destacadas como estratégicas para a organização e desenvolvimento do estado do Rio Grande do Sul, obedecendo o ordenamento dos COREDES (Conselhos Regionais de Desenvolvimento).
Assim, a CSB RS atingirá as mais diferentes realidades sociais e econômicas do estado do Rio Grande do Sul, recolhendo demandas, valorizando os sindicatos do interior e integrando os já filiados à Central, como também oportunizando o ingresso de novas entidades junto à CSB.
- A luta contra a venda das estatais continua a ser uma prioridade?
E.G. – Sem dúvida. Tanto o governo estadual (PMDB) como o da capital (PSDB) são governos neoliberais que advogam em favor de políticas de liberalização econômica extensas, como as privatizações, austeridade fiscal, desregulamentação, livre comércio e o corte de despesas governamentais a fim de reforçar o papel do setor privado na economia. As empresas estatais, as autarquias, muitas delas altamente lucrativas, poderão ser repassadas para a iniciativa privada e liquidadas por preços aviltantes. Fazer a luta organizada para barrar esse processo que enfraquece o estado, precariza as relações de trabalho, é extremamente necessária e prioritária para nós.
Clique aqui para saber como foi a última mobilização da CSB RS contra a venda das estatais
- A CSB RS já possui uma sede própria e promoveu ciclos de palestras no estado. Como estão sendo desenvolvidas essas bem-sucedidas ações?
E.G. – Nossa seccional foi eleita no final do mês de novembro de 2017 e, 30 dias depois, já inauguramos uma sede bastante estruturada no Centro Histórico de Porto Alegre. Temos salas amplas e um auditório para 45 lugares. Nesse espaço, temos feito algumas atividades importantes para os filiados. Já realizamos capacitações sobre a reforma trabalhista e as orientações referentes aos procedimentos para a cobrança da contribuição sindical. Nosso companheiro da Diretoria Nacional e presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados do Brasil (SINAB), Lúcio Bellentani, também realizou palestra para nossos sindicatos filiados, falando sobre “Relatos da Luta Sindical na Ditadura Brasileira”, experiência que teve quando era empregado da Volkswagen do Brasil nos anos 70.
Saiba como foi a inauguração da sede da seccional
Clique aqui para ler a matéria sobre a palestra do presidente do SINAB.
Ainda realizamos ciclos de palestras em três grandes cidades do Rio Grande do Sul: Novo Hamburgo, Uruguaiana e Santa Cruz do Sul, onde os participantes acompanharam as palestras sobre a reforma trabalhista e assédio moral ministradas por Aguinaldo Caetano, diretor do Sinjus RS, e pelo desembargador Marcelo José Ferlin D’Ambroso.
Entenda qual foi o planejamento do ciclo de palestras.
Uma intensa atividade de visitas ao interior do estado tem resultado num expressivo número de novas filiações de sindicatos de categorias como mineiros, rodoviários e municipários de várias cidades.
Para ler a matéria sobre as visitas da CSB RS aos sindicatos do interior, clique aqui.
Representação do nosso atuante vice-presidente, Sérgio Arnoud, na 11ª Conferência Internacional da Organização Mundial do Comércio (OMC) na Argentina e em Brasília, no debate sobre “Defesa da Previdência Social Publica”, também engrandece e reforça nossas frentes de luta.
Leia sobre a participação da CSB na Conferência da OMC e mobilizações da Argentina.
- Como você citou as palestras sobre a reforma trabalhista, vamos falar sobre a realidade do estado após a aprovação da nova lei. Como está a situação dos trabalhadores gaúchos? E o que a CSB pretende fazer para diminuir os efeitos da reforma?
E.G. – Não só no nosso estado. Os efeitos da reforma trabalhista é uma realidade em todo o País. De Norte a Sul, guardando as características de cada região, os efeitos já são nefastos para os trabalhadores. O desemprego atinge um nível assustador, a precarização nos espaços de trabalho é visível, a retirada de direitos avança, as negociações são truncadas e muito mais difíceis e a justiça do trabalho [é] atingida na sua coluna vertebral.
[Portanto], entendemos que a preparação, o investimento na capacitação do dirigente sindical, será fundamental para que eles façam frente às novas realidades que enfrentam nos seus espaços de trabalho. Orientação jurídica clara e eficiente, ousadia diante dos desafios e a presença da diretoria junto aos sindicatos filiados farão a diferença nesse processo.
- A respeito da reforma da Previdência, mesmo com a tramitação suspensa na Câmara dos Deputados, como a seccional da CSB no estado se prepara para a mobilização contra a PEC 287?
E.G. – Nossa vigilância é constante e atenta pois não podemos nos iludir que o governo Temer não tentará uma nova investida para a destruição da Seguridade Social Brasileira. O SUS (Sistema Único de Saúde) está cada vez mais sucateado, o SUAS (Sistema Único de Assistência Social) enfrenta o seu maior desmonte desde a era Lula, e a Previdência Social está no alvo do governo mais cavambular [surrupiador] da história recente do Brasil. [Deste modo], faremos a mobilização necessária para que a população em geral tenha informação e seja estimulada a se manifestar contra esse golpe na aposentadoria e nos benefícios previdenciários.
- Com este quadro de retrocessos nos direitos dos trabalhadores e ameaças, como a CSB pode ajudar o estado no estímulo à criação de políticas públicas que gerem emprego e desenvolvam a região?
E.G. – Num Estado democrático, a participação em espaços de formulações de políticas públicas é fundamental. Temos que avançar na ocupação desses ambientes para levar nossas bandeiras e qualificar o debate. Fazer uma diária e incisiva inserção dentro do parlamento gaúcho também é necessário para que as forças políticas se movimentem em direção aos interesses da população e dos trabalhadores.
- A CSB RS também possui uma agenda de luta focada nas mulheres?
E.G. – As mulheres são uma das partes mais atingidas com a reforma trabalhista e com a possível reforma da Previdência. A mulher sindicalista enfrenta também uma diversidade de obstáculos no desenvolvimento das atividades sindicais. São discriminadas, assediadas, desvalorizadas e muitas vezes ocupam cargos de pouca relevância dentro dessa estrutura.
Na CSB, temos visto a valorização da mulher trabalhadora e sindicalista. Temos 4 mulheres presidentes de seccionais, 7 vice-presidentes e 12 nas secretarias da Direção Executiva Nacional. No dia 8 de março, faremos atividades em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, em frente ao Largo Glênio Perez, centro de Porto Alegre, com rodas de conversa públicas, nas quais estaremos oferecendo pequenas palestras sobre saúde mental, assédio moral e participação da mulher na sociedade. Montaremos [ainda] uma estrutura com várias atividades para que as mulheres transeuntes e as sindicalistas da CSB possam interagir e receber nossa atenção.
Além disso, durante o mês de março, já está programada uma série de atividades na sede da CSB RS para debatermos assuntos como preparação para aposentadoria, a saúde da mulher, mundo do trabalho feminino e o papel político da mulher no cenário nacional.
- Que mensagem você deixa aos trabalhadores e trabalhadoras e o que eles podem esperar da representatividade da CSB no estado?
E.G. – Os trabalhadores passam por um dos piores momentos da história do nosso País. Desde a era Vargas, nunca sofreram tantos ataques naquilo que foi construído ao longo de décadas e que se constituiu no maior cabedal de direitos trabalhistas, quiçá do mundo inteiro.
É preciso resistir com coragem e inteligência diante desse tempo nebuloso. Temos um grande processo eleitoral no segundo semestre deste ano e será preciso levá-lo a sério, votar em pessoas que tenham lado, verdadeiramente o lado do trabalhador. A renovação do Congresso Nacional e a eleição de um presidente que retome o desenvolvimento, que dialogue com todas as representatividades da sociedade e que seja capaz de resgatar a grandeza deste País é de fundamental e inadiável importância.
Portanto, o que podemos dizer é que nossa Central e nossa seccional Rio Grande do Sul não medirão esforços para que esse processo aconteça, para que possamos exercer nossa cidadania num País verdadeiramente democrático e mais igualitário.