Presença da mulher na política e em cargos de liderança foram temas de destaque no evento promovido pela seccional
Em celebração ao mês da mulher, a CSB RS tem planejado uma série de discussões sobre o espaço feminino no mercado de trabalho e a importância da mulher em cargos de liderança para serem realizadas ao longo de março. O pontapé inicial do projeto aconteceu, na última quinta-feira (8), Dia Internacional da Mulher, em evento promovido pela própria seccional, em parceria com a Federação Sindical dos Servidores Públicos no Estado do Rio Grande do Sul (FESSERGS), na capital Porto Alegre. A iniciativa reuniu cerca de 100 pessoas entre trabalhadoras e trabalhadores no auditório da Federação.
Durante o dia, debates e rodas de conversas preencheram o cronograma de atividades, também composto por palestras a respeito dos eixos temáticos: mulher no emprego público, mulher na política, saúde mental da mulher, questão de gênero, violência e feminicídio e os impactos da reforma trabalhista na realidade feminina. As apresentações de cada assunto foram feitas pela presidente da CSB RS e 1ª secretária da Mulher Trabalhadora, Eliane Gerber; pela secretária da Mulher Trabalhadora da seccional, Ângela Quadros; pela secretária da Saúde da CSB RS, Márcia Trindade; pela tesoureira da seccional, Terezinha Arnoud e pela convidada Eloá Muniz.
As consequências da Emenda Constitucional 95, que limitou o teto de gastos do governo por 20 anos, foi outro tema discutido entre os presentes. De acordo com dados expostos pela presidente Eliane Gerber, a emenda “atinge direta e indiretamente políticas de assistência social, saúde, educação e Previdência” e, portanto, o dia a dia das brasileiras – que já somam mais de 107 milhões no País, o equivalente a 51,7% da população.
Conforme avaliação da dirigente, “[no caso da Saúde], a redução do orçamento tende a sobrecarregar as mulheres, pois são elas que [geralmente] cuidam dos doentes na família, acompanham nas consultas”. “Além disso, elas enfrentam o difícil acesso aos exames preventivos, como mamografia, e exames ginecológicos, e dentre as mulheres que realizaram aborto, 48% precisaram ser internadas, o que indica que o aborto é um dos maiores problemas de saúde no Brasil”, diz o estudo, complementado pelos dados sobre Previdência:
“A elevação para 25 anos do tempo mínimo de contribuição à concessão da aposentadoria (hoje fixado em 15 anos) poderá significar a impossibilidade do acesso ao benefício. A aposentadoria por idade já é a mais recorrente entre as mulheres (62,6%); do número de aposentados no Brasil, 57% são mulheres e os valores recebidos por elas são, em média, inferiores aos pagos aos homens”.
Já a respeito da presença feminina nos cargos de liderança, seja no setor público ou privado, Gerber ressalta que é preciso quebrar paradigmas. Segundo informações do Dieese utilizados pela dirigente, no Senado Federal e na Câmara dos Deputados, por exemplo, há uma representação de 16% e 9,5% de mulheres, respectivamente. Porcentagens que não são diferentes em âmbitos estadual e municipal. Na Assembleia do Rio Grande do Sul, apenas 16,3% dos deputados são mulheres e na Câmara de Vereadores de Porto Alegre, a proporção entre os parlamentares cai para 10,5%.
“As mulheres precisam acreditar que podem ser o que elas desejarem ser: sindicalistas, profissionais liberais, autônomas e/ou políticas. Precisam mudar a lógica imposta pela sociedade e o estereótipo de que a mulher foi feita para as tarefas domésticas, para serem apenas as cuidadoras de familiares ou desempenharem funções menores e menos qualificadas que o homem. A divisão do trabalho reserva aos homens os espaços de prestígio e poder, portanto a mulher vem ao longo da história lutando para ultrapassar esses obstáculos, mas ainda são poucas as que conseguem chegar lá. Há um outro fator que é o ambiente da política partidária, hegemonicamente masculina, que vê a mulher como menos capaz de ser protagonista na proposição legislativa e as usam apenas para alcançar a exigência legal de vagas femininas”, analisa Gerber com base nos seguintes dados do Dieese:
- Participação feminina no mercado de trabalho brasileiro: 52,5%.
- Taxa de desemprego entre as mulheres: 14,2%.
- Tempo dedicado semanalmente a afazeres domésticos: 20,9 horas.
- Mulheres recebem, em média, 13% a menos que os homens.
- Porcentagem de mulheres brasileiras provedoras do lar: 40%.
Encontros regionais
A CSB RS não quer restringir o debate a Porto Alegre. Segundo a presidente Eliane Gerber, a intenção da seccional é ampliar o diálogo e trazer as discussões para São Paulo. Para a dirigente, é importante lembrar que “o Dia da Mulher é apenas um marco histórico, mas o empoderamento feminino deve ser diário e constante”.
“A mulher precisa aprofundar o debate sobre o seu papel no mundo, descobrir seus limites e seus potenciais, buscar informações para superar a sua própria dificuldade em avançar nos seus desejos e planos. A educação permanente nos espaços onde mulheres atuam é importantíssimo, e nessa aposta é que a CSB RS trabalha para que as sindicalistas sejam protagonistas de seu tempo, em qualquer função e nos espaços que precisam ser ocupados. Sempre digo que a CSB é uma Central que valoriza a mulher: somos 4 presidentes de seccionais, 7 vice-presidentes e 21 mulheres em secretarias estratégicas”, destaca a sindicalista, corroborada pela tesoureira Terezinha Arnoud.
De acordo com a dirigente, “o ato [do Rio Grande do Sul] mostrou que as mulheres estão conquistando espaços importantes na estrutura sindical, mas que ainda há muito que lutar na busca da igualdade de gêneros”.
O evento do Dia Internacional da Mulher em Porto Alegre terminou com um coquetel de confraternização, entrega de flores e bombons. A inciativa também teve apoio da Confederação dos Servidores Públicos do Brasil (CSPB), da Confederação Latinoamericana e do Caribe de Trabalhadores Estatais (CLATE) e da ISP.