Central dos Sindicatos Brasileiros

Centrais sindicais divulgam documento pela retomada do crescimento econômico do País

Centrais sindicais divulgam documento pela retomada do crescimento econômico do País

Manifesto reivindica diminuição da jornada de trabalho, redução da taxa de juros e investimentos no mercado interno

A CSB junto às demais centrais sindicais – CUT, Força Sindical, UGT, CTB e NCST – divulgaram, durante a Assembleia Nacional dos Trabalhadores/as pelo Emprego e pela Garantia de Direitos, um documento com as principais propostas do movimento sindical brasileiro à retomada do desenvolvimento econômico e social do País. Inspirado pelos direitos garantidos na Constituição Federal, o manifesto lista oito pontos em defesa da geração de empregos, da CLT e do fortalecimento da Previdência. O encontro aconteceu, nessa terça-feira (26), no estado de São Paulo.

Reunidas pela proteção dos quase 12 milhões de desempregados registrados no Brasil pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pela classe trabalhadora ainda na ativa, as lideranças sindicais levantaram três bandeiras unificadas na crença de que apenas com organização e mobilização os cidadãos poderão “resistir e combater as ameaças às relações de trabalho”.

Representante da CSB no evento, o secretário-Geral da Central, Alvaro Egea, afirma que é com esta unidade que se constrói a luta necessária a novas conquistas e ao impedimento de retrocessos. “A nossa mobilização é para chamar a atenção de que os trabalhadores não estão sozinhos. Nós vamos fazer pressão no Congresso, buscar o setor empresarial e trabalhar no sentido de invertermos as pautas da Casa. Nenhuma política que retirava direitos gerou empregos”, discursou o dirigente na Assembleia.

Evento Centrais 25.07 (13)Ainda segundo Egea, o que o movimento sindical quer é uma “política de crédito para a população, às empresas; baixa de juros e volta do crescimento econômico” – medidas elencadas no documento das centrais junto às reivindicações pela redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, retomada do investimento na Petrobrás e pelo destravamento do setor de construção e incentivo às políticas de fortalecimento da indústria brasileira.

De acordo com o documento do movimento sindical, “o mercado interno só se viabiliza se as pessoas estiverem empregadas e recebendo salários, o que prova a história recente do País”, aspecto prioritário ao desenvolvimento nacional na visão do vice-presidente da CSB, Francisco Moura.

“Sem investimentos no País e enquanto tivermos essa taxa de juros extraordinária (14,25% ao ano), que beneficia apenas os banqueiros, o Brasil não voltará a se desenvolver. Para garantirmos os postos de trabalho aos brasileiros, precisa se pensar em uma política de desenvolvimento nacional sob a qual as empresas domésticas terão condições de movimentar o mercado”, afirmou Moura.

Leandro Allan, vice-presidente da CSB, também presente no ato, ainda salientou que “a união das centrais nada mais é do que a união, a cara e a força do trabalhador”. “A importância do ato unificado mostra a unidade e harmonia das categorias. E isso é muito importante para o atual contexto político do País porque o Brasil passa por uma crise em que governantes tentam retirar direitos e fazer com que o trabalhador pague a conta da corrupção”, ressaltou Allan.

Outra pauta debatida pelos presentes foi a incontestável soberania da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Contra o chamado “negociado sobre o legislado”, fator primário da precarização das relações trabalhistas e da fragilização da organização da classe operária, as lideranças sindicais argumentaram a favor das negociações coletivas “como instrumento para o avanço das condições legalmente previstas”, mas sem abrir mão “do patamar mínimo legal assegurado pela CLT e pela Constituição Federal de 1988”.

“O negociado sobre o legislado é um tapa na cara dos trabalhadores porque a garantia da classe está na CLT. Esta postura simplesmente rasga essa conquista. É preciso que o governo ouça as centrais sindicais e o clamor das ruas. O que nós queremos é ampliar o leque de direitos, melhorar a qualidade de vida das categorias, salários dignos, distribuição de renda, mas não à custa dos trabalhadores”, argumentou o secretário de Formação Sindical da CSB, Cosme Nogueira.

Evento Centrais 25.07 (17)O dirigente aproveitou para destacar a importância das centrais, sindicatos e federações na manutenção e defesa dos direitos historicamente adquiridos. Para Nogueira, “sem o movimento sindical, o trabalhador seria totalmente desprotegido e estaria sempre à margem das principais discussões do País”. “Tudo passa por aqui. O movimento é importantíssimo na vida dos trabalhadores e da sociedade porque realmente ele faz o contraponto das forças da elite dominante. E com certeza, jamais vamos alcançar uma sociedade mais justa e igualitária se não existir a representação da classe trabalhadora”, enfatizou.

A Previdência e Seguridade Social também não ficaram de fora do debate. Aprovado por unanimidade, o documento das centrais rejeita a reforma proposta pelo governo federal, que inclui: a definição de uma idade mínima para a aposentadoria de homens e mulheres, desvinculação dos benefícios previdenciários do salário mínimo, nivelamento do tratamento previdenciário entre trabalhadores urbanos e rurais e a incorporação do Ministério da Previdência Social ao Ministério da Fazenda.

A CSB, desde o seu II Congresso, realizado em Brasília, no mês de fevereiro, tem defendido o superávit da Seguridade Social brasileira – o que sustenta a resistência contra a reforma no sistema previdenciário do País. De acordo com a economista Denise Gentil, palestrante do evento, ao contrário do que é divulgado pela grande mídia, a Seguridade Social teve um superávit de R$ 35,5 bilhões em 2014 e R$ 16,1 bilhões em 2015.

Nas fileiras da CSB durante a Assembleia, o presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados do Brasil (SINAB), Lucio Bellentani, garantiu que nenhum retrocesso será aceito pela categoria dos aposentados e que a equiparação da idade para se aposentar entre gêneros é inadmissível. “As mulheres e os trabalhadores rurais têm uma condição diferenciada que precisa ser analisada com cautela. Agora, igualar a aposentadoria dos militares, que continuam a receber como se estivessem ativos, aos dos trabalhadores industriais já é um assunto que não só pode como deve ser amplamente debatido”, concluiu Bellentani.

Para conferir a íntegra do documento assinado pelos presidentes das seis centrais sindicais auferidas, clique aqui.

Veja abaixo mais declarações dos dirigentes da CSB presentes na Assembleia das centrais:

Paulo de Oliveira – 1º secretário de Organização e Mobilização da CSB:

“A importância do ato é unificar as bandeiras das centrais e fazer realmente uma reunião em torno da defesa dos direitos dos trabalhadores. Nós passamos por um momento extremamente delicado, onde se coloca em risco todos aqueles direitos que foram conquistados a duras penas. É um momento de união, e a CSB tem um papel fundamental nisso através da força e da liderança do Neto. Precisamos fortificar uma luta mais atuante para que se impeça mudanças como a prevalência do negociado sobre o legislado e a terceirização – assuntos que preocupam e que efetivamente podem retirar direitos dos trabalhadores.”

Jorge Antonio da Silva Nascimento – secretário dos Servidores Públicos:

“O País passa por um momento difícil, os trabalhadores sofrem muitas ameaças de retirada de direitos, e a importância deste evento consiste em justamente tentar dar respostas à classe trabalhadora. Hoje, é preciso investir no mercado e fortalecer as empresas, principalmente as pequenas e micro que pagam encargos absurdos. A indústria nacional pede atenção.”

Paulo Oyamada – 1º secretário dos Trabalhadores Rurais:

“Para voltar a crescer, o País precisa investir mais na agricultura e nas indústrias, além de proteger o trabalhador rural, porque é ele que tem mais desgaste na vida ao trabalhar de sol a sol. Este trabalhador não tem condição de sobreviver no mesmo sistema do trabalhador urbano e, por isso, não podemos aceitar igualar o tratamento entre essas duas classes.”

Igor Tiago Pereira – Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Itatiba e Região:

“O Brasil precisa de mais incentivos às empresas, dar mais oportunidade de qualificação aos trabalhadores para o mercado de trabalho. Nossas empresas, hoje, estão muito defasadas, não estão conseguindo competir com os mercados mexicano ou chinês. É por esta razão que eu acredito que temos que nos unir para tentar reverter este quadro e gerar mais empregos aos brasileiros.”