Prestes a nomear sua equipe de transição, o governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), já enfrenta rachas entre os grupos que o apoiaram na campanha eleitoral. Segundo apuração do jornal O Globo, o centro do conflito é Gilberto Kassab, presidente do PSD, partido do vice de Freitas, e sua aproximação com o presidente eleito, Lula.
Kassab já confirmou que seu partido deve integrar a base do governo petista. Além disso, quadros do PSD fazem parte do grupo de transição do governo federal, como os senadores Otto Alencar e Omar Aziz.
O flerte com Lula incomoda bolsonaristas que apoiaram a candidatura de Tarcísio e esperavam ocupar cargos no futuro governo paulista. A ala ligada ao atual presidente defende, por exemplo, a nomeação de Ricardo Salles (PL), eleito deputado federal, para a Secretaria do Meio Ambiente, e o coronel Mello Araújo, presidente da Ceagesp e muito próximo de Bolsonaro, para a Segurança Pública, mas já considera as indicações uma possibilidade remota.
Isso porque Kassab tem como seu braço direito Afif Domingos, que tem força para barrar nomes de outros partidos que disputam cargos no governo, como PSDB e Republicanos. Após vencer o segundo turno, Tarcísio fez uma publicação atribuindo a vitória a Afif, o que incomodou os bolsonaristas.
De acordo com a apuração, espera-se que a educadora Maria Inês Fini, ex-presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), ocupe a Secretaria de Educação, e que o ex-deputado federal Eleuses Paiva chefie a Saúde. Ambos os nomes são indicações de Afif.
Também do PSD, o futuro vice-governador Felicio Ramuth é cotado para assumir a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, mais um nome que os bolsonaristas consideram um exemplo da falta de prestígio de sua ala junto a Tarcísio. Nenhum dos mais cotados é conhecido por defender as ideias de Bolsonaro.
O resultado da disputa interna deve ficar claro nos próximos dias, quando Tarcísio anunciar seu secretariado e os nomes que integrarão o gabinete de transição. A expectativa é que sejam mantidas as 23 secretarias da atual administração.
Fonte: jornal O Globo
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